Haddad: Perse e desoneração dos municípios serão discutidos em PL com urgência

Estratégia segue linha aberta com reoneração da folha de salários para 17 setores econômicos; MP deve se concentrar em limite para compensação de créditos

Marcos Mortari

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), entra em carro em Brasília em 28/12/2023 (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

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Após reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e líderes partidários, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou, nesta terça-feira (5), que o governo deverá encaminhar um novo projeto de lei para tratar da situação do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) e do desconto na contribuição previdenciária de municípios.

Os dois assuntos constam de medida provisória (MPV 1202/2023) já em tramitação no Congresso Nacional, que vinha enfrentando resistências para avançar. Segundo o ministro, a MPV, que já passou por uma supressão de trecho que tratava da reoneração da folha de pagamentos para 17 setores econômicos, seguirá tramitando, mas agora com um foco maior sobre a questão da limitação para a compensação anual de créditos decorrentes de decisões judiciais.

“No ano passado, o presidente Lira adotou um procedimento que, mesmo uma MP em tramitação, ele prefere aprovar as matérias por PL. Isso significa dizer, neste caso, que a MP 1202 vai ficar como está, com aquela supressão que foi feita a pedido do presidente [do Senado Federal] Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e nós vamos encaminhar um projeto em relação a municípios e Perse com a discussão que foi feita junto aos líderes”, disse.

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O novo projeto de lei deverá tramitar com urgência constitucional − regime que pode ser solicitado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo qual se impõe a cada uma das casas legislativas o prazo de 45 dias para a deliberação da matéria, sob pena de trancamento da pauta.

A estratégia é a mesma adotada no caso da reoneração da folha de salários, que revoga decisão recente do Congresso Nacional e cria uma nova regra para o benefício de desconto sobre a folha de pagamentos para atividades econômicas específicas, com a fixação de alíquotas sobre a própria obrigação recolhida pelas empresas.

Segundo Haddad, durante o encontro, alguns líderes partidários fizeram sugestões para enxugar algumas regras permitidas pela atual formatação do Perse, que eles teriam reconhecido como um “completo descontrole” do programa.

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“Em 2022, nós tivemos mais de R$ 10 bilhões de renúncia fiscal do Perse. E em 2023, mais de R$ 13 bilhões de renúncia do Perse já expurgadas as eventuais inconsistências dos informes dos próprios contribuintes”, afirmou o ministro.

Em uma breve entrevista a jornalistas após a reunião, Haddad lembrou que encomendou da Receita Federal um pente-fino “bastante rigoroso” para estimar o tamanho da renúncia fiscal gerada pelo Perse.

“Nós já atingimos a marca de quase os R$ 25 bilhões do acordo. E foi isso que levei à consideração do presidente Lira. Muitos líderes se sensibilizaram, alguns não, dizendo que o setor ainda precisa de apoio”, disse.

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Aos jornalistas, Haddad disse que ficou definido na reunião com os líderes partidários que a equipe econômica do governo federal fará um estudo de caso para verificar os setores que realmente ainda não conseguiram se recuperar da crise provocada pela pandemia de Covid-19.

“Das 11 mil empresas do Perse, o faturamento em 2019, portanto pré-pandemia, foi de R$ 145 bilhões. O faturamento em 2020, no pico da pandemia, foi de R$ 101 bilhões. E o faturamento em 2022 já foi R$ 200 bilhões”, levantou o ministro, que também salientou que algumas empresas atendidas entraram em operação depois da pandemia − e, portanto, não precisariam de incentivos fiscais.

O ministro disse, ainda, que os parlamentares trouxeram sugestões sobre como “blindar” o Perse para não haver uma “sangria”. “Saímos da reunião agora com a lição de casa de fazer o desenho de como contemplar essas exclusões, e com o foco em eventuais segmentos que ainda não passaram por uma recuperação”, pontuou.

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Segundo Haddad, a tendência é que a resultante das conversas seja a construção de uma versão de Perse mais focada nos segmentos que ainda exigem algum cuidado. Ele também disse que a ideia é que todos os assuntos tratados em projeto de lei tenham tramitação concluída no Legislativo antes da MPV 1202/2023.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.