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Em meio a uma severa seca que atinge diversas regiões do Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), pediu, nesta quinta-feira (12), atenção aos efeitos da mudança climática sobre as questões de segurança alimentar e energética no País. As declarações foram dadas ao programa “Bom Dia, Ministro”, do grupo de comunicação estatal EBC.
Durante a conversa, o ministro exaltou a matriz energética limpa brasileira, mas lembrou que ela não está imune às intempéries. Ele disse, ainda, que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acompanha a evolução do quadro e faz um planejamento estratégico de enfrentamento caso a crise se agrave no futuro.
Na entrevista, Haddad também abordou a questão sob a perspectiva da inflação, já que as queimadas e a falta de chuva afetam a oferta de uma série de produtos agrícolas ─ o que deve se traduzir nos preços ao consumidor.
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“Nós estamos sempre olhando para isso, sempre lembrando que inflação é um fenômeno complexo, porque às vezes você tem uma inflação de demanda, mas às vezes há um choque de oferta em função de seca, desastre climático, falta de água. É outra natureza do mesmo problema, e você tem que estar olhando para essas duas coisas”, disse o ministro.
“Estamos acompanhando a evolução desse quadro e fazendo um planejamento estratégico de como enfrentar, se essa crise climática se tornar mais aguda no futuro próximo”, concluiu.
Durante a conversa, Haddad também tratou dos números recentes da economia brasileira e disse que eles precisam ser comemorados, como no caso da inflação, do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e do desemprego. Mas ponderou que é necessário se manter atento ao futuro.
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“Você tem toda a legitimidade de comemorar: o PIB está crescendo, o desemprego está baixo, a inflação está baixa, está sob controle, mas sempre você tem que estar tendo atento à próxima curva, porque você não sabe o desafio que você vai ter que enfrentar”, disse o ministro.
No programa, Haddad destacou que o índice de mal-estar (soma das taxas de inflação e desemprego) está em um dos menores níveis da série histórica. “Estamos no melhor dos mundos”, afirmou.
Haddad acrescentou que o Brasil tem avançado em reformas estruturais, citando a tributária. Mencionou, também, o novo arcabouço fiscal – que, segundo o ministro, é “inovador, respeitado e elogiado mundo afora”, inclusive por organismos internacionais e agências de classificação e risco.
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Otimismo
O ministro já havia falado estar “otimista” com a economia brasileira, mas sem subestimar os desafios. Entre eles, citou a compensação à desoneração da folha de pagamentos, cujo texto-base foi aprovado na quarta-feira pela Câmara.
“O de ontem foi muito difícil, mais de dez anos tentando rever isso e ninguém conseguia”, ele disse. “Chegou o momento, envolvendo o Supremo, o Senado, a Câmara, chegou o momento de pôr ordem nesse programa, que custou mais de R$ 200 bilhões.”
Contas públicas
Haddad repetiu que o País precisa reequilibrar as contas públicas, mas defendeu que isso tem de ser feito “de forma criteriosa”, para não prejudicar quem depende do Estado e para garantir que as pessoas que não pagavam impostos, paguem. Ele reclamou da atuação dos lobbies de Brasília em favor de empresas: “é um inferno isso aqui.”
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Projeções para o PIB
O ministro repetiu que a economia brasileira deve crescer mais de 3% este ano, depois de ter adiantado a jornalistas, na quarta, que a revisão das projeções da Fazenda indicaria uma alta deste nível ou mais do Produto Interno Bruto (PIB). E afirmou que há um recorde de geração de empregos, com queda da desocupação.
“Hoje, o nosso problema é oferta de mão de obra, não é demanda”, afirmou Haddad. “Você conversa com qualquer empresário, de qualquer setor, a pessoa vai dizer assim: eu estou com dificuldade de contratar, eu preciso contratar, eu quero expandir meus negócios.”
(com Agência Estado)