Guido Mantega é preso na 34ª fase da Lava Jato e deve ser levado ainda hoje para Curitiba

A ação da Operação Lava Jato de hoje foi batizada de "Arquivo X", em referências ao grupo de Eike Batista, EBX

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A PF (Polícia Federal) deflagra a 34ª fase da Operação Lava Jato na manhã desta quinta-feira. A Operação cumpre mandados no Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. Às 10h (horário de Brasília), a força-tarefa da Lava Jato dará entrevista, em Curitiba, para detalhar esta fase da operação. 

A ação foi batizada de Operação Arquivo X e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi preso temporariamente em São Paulo. O mandado tem prazo de cinco dias, podendo ser prorrogado pelo mesmo período ou convertido em preventivo, que é quando o preso fica detido por tempo indeterminado. 

O ex-ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff não estava em sua residência quando ela foi alvo de mandado de busca e apreensão pela PF mais cedo; ele estava no Hospital Albert Einstein, onde acompanhava a esposa em uma cirurgia. A PF informou que ‘apôs contato telefônico’, Mantega se entregou à operação, buscando rebater a informação de que foi preso no centro cirúrgico do Albert Einstein. 

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Ele está detido na sede da Superintendência da PF em São Paulo e deve ser levado ainda hoje em Curitiba, sede da Lava Jato. 

A atual fase da Operação investiga fatos relacionados à contratação pela Petrobras de companhias para construir duas plataformas (P-67 e P70) para a exploração de petróleo na camada do pré-sal, as chamadas FSPOs (Floating Storage Offloanding).  Segundo a PF, por meio de fraude do processo licitatório, corrupção de agentes públicos e repasses de recursos a agentes e partidos políticos responsáveis pelas indicações de cargos importantes da Petrobras, as empresas se associaram na forma de consórcio para obter os contratos de construção das duas plataformas, mesmo não tendo experiência, estrutura ou preparo. 

Segundo a PF em 2012, Mantega teria atuado diretamente junto ao comando de uma das empresas para negociar o repasse de recursos para pagamentos de dívidas de campanha do PT. “Estes valores teriam como destino pessoas já investigadas na operação e que atuavam no marketing e propaganda de campanhas políticas do mesmo partido”, afirma a PF.

Ao todo, foram expedidos 33 mandados de busca e apreensão, oito de prisão temporária e oito de condução coercitiva. Os alvos da Arquivo X incluem Mendes Júnior e OSX; a PF está na sede da OSX.

O nome “Arquivo X” dado à investigação policial é referência ao grupo EBX, de Eike Batista. Em depoimento ao MPF, Eike declarou que, em 1º de novembro de 2012, recebeu pedido do então ministro Guido Mantega para que fizesse um pagamento de R$ 5 milhões ao PT. Para operacionalizar o repasse da quantia, o executivo da OSX foi procurado e firmou contrato ideologicamente falso com empresa ligada a publicitários já denunciados na Operação Lava Jato por disponibilizarem seus serviços para a lavagem de dinheiro oriundo de crimes.

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Após uma primeira tentativa frustrada de repasse em dezembro de 2012, em 19 de abril de 2013 foi realizada transferência de US$ 2.350.000,00, no exterior, entre contas de Eike Batista e dos publicitários.

Confira a nota da PF:

Sobre o cumprimento de mandados durante a 34ª fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal informa:
1 – Ao comparecer hoje, às 6hs, na residência do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para o cumprimento de ordens judiciais, constatou-se que apenas o filho adolescente do investigado e uma empregada doméstica estavam presentes no local;
2 – Ao serem informados pelos ocupantes do apartamento que Mantega encontrava-se no Hospital Albert Einstein, a PF dirigiu-se ao local;
3 – Nas proximidades do hospital, policiais federais fizeram feito contato telefônico com o investigado, que se apresentou espontaneamente na portaria do edifício;
4 – De forma discreta e em viatura não ostensiva, o investigado acompanhou a equipe até o apartamento e, já tendo feito contato com seu advogado, foi então iniciado o procedimento de busca.
5 – Tanto no local da busca como no hospital todo o procedimento foi realizado de forma discreta, sem qualquer ocorrência e com integral colaboração do investigado.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.