Guardian questiona por que Temer ainda é presidente (e destaca consequência de mantê-lo no poder)

Presidente brasileiro deve sobreviver à última crise apesar de ser acusado de corrupção e ter popularidade perto de zero, diz jornal, o que deve levar ao crescimento de ameaças autoritárias

Lara Rizério

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SÃO PAULO – ”Acusado de corrupção e com popularidade perto de zero, então como o presidente do Brasil continua no poder?”. É com essa pergunta que o jornal britânico The Guardian destacou o “grande mistério” dos analistas estrangeiros sobre a situação política brasileira. 

A publicação aponta que Temer é acusado de corrupção e obstrução da Justiça e enfrenta uma impopularidade extrema, com apenas 3% aprovando a sua administração, segundo pesquisas recentes. No entanto, não houve nenhum dos imensos protestos de rua que aconteceram contra a corrupção e ajudaram a impulsionar o impeachment de Dilma. Isso pode ser explicado em parte pelos sinais de recuperação econômica durante o seu governo. 

As suas políticas de austeridade são alvos de muitas críticas, com os oposicionistas apontando que as medidas prejudicam os pobres mais do que os ricos. Porém, Temer deve ser capaz de vencer a última crise, avalia o Guardian, citando a segunda denúncia contra ele na Câmara dos Deputados. 

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Porém, há uma importante consequência desse processo, aponta a publicação, com a sua continuidade minando ainda mais a confiança no sistema político. “Apesar de Temer parecer ser capaz de sobreviver a esta última crise, a confiança nos líderes políticos do Brasil foi drasticamente minada. Essa falta de confiança alimenta o apoio a uma solução autoritária para a crise – o que poderia ter sérias conseqüências nas eleições presidenciais do próximo ano”. Assim, a desilusão dos brasileiros com a política, continua, ”abre uma lacuna perigosa para populistas e extremistas”. 

Mais uma vez, como tem sido recorrente nas análises internacionais, o nome do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) é citado como um “sintoma” desse ambiente. “Em segundo lugar em muitos levantamentos, está Bolsonaro, um ex-capitão do exército, cuja mensagem de extrema-direita, autoritária, seduz aqueles que estão revoltados com a corrupção, bem como os eleitores petrificados pelo crescente nível de crimes violentos do Brasil. E ele goza do apoio de um número crescente de pessoas que argumenta que as forças armadas do Brasil devem intervir – como fizeram em 1964, quando instalaram uma ditadura que durou 21 anos”. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.