Greve geral, 84 perguntas para Temer e inquérito contra Lula e Dilma: as 5 notícias políticas desta noite

Noticiário político foi bastante agitado na noite desta segunda-feira, em uma semana que promete ser conturbada no Brasil

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Se a semana já prometia bastante no campo político com o julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e movimentos importantes no Congresso, como a votação da reforma trabalhista em comissão do Senado, a noite desta segunda-feira (5) já trouxe muitas novidades que “não eram esperadas”. Confira os destaques:

Questionário da PF para Temer

A Polícia Federal enviou 84 perguntas para o presidente Michel Temer sobre a conversa que ele teve com o empresário Joesley Batista, dono da JBS. O presidente tem 24 horas para prestar esclarecimentos, mas, como definiu o ministro Luiz Edson Fachin, ele não é obrigado a responder as perguntas.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, entre as perguntas estão questionamentos sobre o fato de Temer receber o empresário tarde da noite e de forma não-oficial no Planalto, e por que ele não informou as autoridade sobre o que foi apresentado a ele naquela conversa.

O questionamento faz parte do inquérito aberto contra Temer após a delação premiada dos executivos da JBS. Neste caso, o peemedebista é investigado pelos crimes de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa.

US$ 80 milhões da JBS para Lula e Dilma

A Procuradoria da República do Distrito Federal instaurou um inquérito para investigar o suposto repasse de US$ 80 milhões do Grupo J&F para os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, indicados na delação premiada dos irmãos Batista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em sua delação, Joesley disse que, em 2009, foi criada uma conta para receber os repasses relacionados a Lula e, no ano seguinte, outra foi aberta para envio de valores relacionados a Dilma. No depoimento, o empresário contou pelo menos três casos de repasses de verbas para os petistas.

Entre eles, ele afirmou que no mesmo ano, em dezembro, o BNDES adquiriu debêntures da JBS, convertidas em ações, no valor de US$ 2 bilhões, “para apoio do plano de expansão”. “O depoente escriturou em favor de Guido Mantega, por conta desse negócio, crédito de US$ 50 milhões e abriu conta no exterior, em nome de offshore que controlava, na qual depositou o valor”, relatou Joesley.

Segundo o empresário, em reunião com Mantega no fim de 2010, o petista pediu a ele “que abrisse uma nova conta, que se destinaria a Dilma”. Nesse momento, disse Joesley, foi perguntado ao ex-ministro se Lula e Dilma sabiam do esquema. “Guido confirmou que sim”, disse ele.

Depoimento de Emílio Odebrecht
Ocorreu nesta segunda o interrogatório do empreiteiro Emílio Odebrecht sobre a partipação da companhia na compra do terreno do Instituto Lula, a qual ele negou estar a par da transação.

“Eu dizia ao presidente: ‘você precisa se preparar para o Day After’. Então, quando ele saiu do governo, eu direcionei, não lembro a quem, para ajudar eles a se encontrarem”, disse Emílio segundo a revista Veja. “Se seria Instituto, ou Fundação, era minha orientação para ajudar a ele, já que desejava a promoção do Brasil na América Latina, na África”.

Enquanto isso, o executivo da Odebecht Alexandrino Alencar afirmou o juiz federal Sérgio Moro que os R$ 12 milhões reservados para compra de imóvel para abrigar a sede do Instituto Lula era “contrapartida”

“Entendo que em retribuição,  a contrapartida ao que o próprio presidente Lula fez no passado, em função da importância dele no então governo (Dilma Rousseff) e, também, no futuro político do próprio ex-presidente Lula, na época”, afirmou Alencar, um dos 77 delatores da Odebrecht. As informações são do Estadão.

Nova greve geral
Em reunião realizada na manhã desta segunda, CUT, Força Sindical, UGT e outras sete centrais sindicais aprovaram um indicativo para uma nova greve geral, a ser realizada no próximo dia 30. A proposta ainda precisa ser referendada pelas categorias em cada Estado. Na pauta de reivindicações estão o fim da reforma trabalhista e da Previdência e a realização de eleições diretas.

Para Sérgio Nobre, Secretário-Geral da CUT, as reformas precisam ser discutidas primeiramente nos espaços corretos, que seriam as centrais sindicais e não no Congresso. “O que gera emprego é investimento, não é reforma trabalhista, o País viveu momentos de quase pleno emprego e não precisou disso”, enfatizou.

A greve geral ocorrida no último dia 28 de abril foi considerada pelas centrais sindicais a maior da história. Para rebater as criticas de falta de mobilização, as centrais prometem fazer uma grande mobilização no dia 20 de junho, com panfletagem e outros atos, com intuito de conscientizar a população.

“Aqui em São Paulo os principais sindicatos estratégicos são da UGT: motoristas de ônibus, motoboys, limpeza de rua”, explica Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores. Para ele as categorias devem confirmar a data da nova greve geral.

De acordo com as centrais, o julgamento a respeito da cassação da chapa Dilma-Temer no TSE não deve influenciar nessa nova agenda de protestos. “Mas enquanto Temer estiver no governo a instabilidade continua, e a instabilidade política leva à instabilidade econômica”, diz Nobre, da CUT.

Também assinam a nota as centrais NCST, CGTB, CSB, CSP Conlutas, CTB, Intersindical e Pública – Central do Servidor.

Leniência da J&F
Em comunicado ao mercado, a JBS (JBSS3) disse que recebe da J&F a confirmação de que a holding fechou um acordo de leniência com o Ministério Público. A companhia informou ainda, que o pagamento de R$ 10,3 bilhões serão feitos exclusivamente pela J&F, “resguardando os acionistas minoritários e a JBS de qualquer impacto financeiro decorrente do acordo, garantindo assim que os negócios da Companhia prossigam em seu ritmo normal, preservando empregos e oferecendo produtos e serviços de qualidade”.

Além disso, o acordo prevê que a J&F realize investimentos em projetos sociais voltados essencialmente à educação e outras áreas conforme sugestão do MPF, no montante de R$ 2,3 bilhões. Outro destaque é a implantação de um novo programa de compliance e integridade, englobando as melhores práticas globais de governança corporativa.

Por fim, a empresa disse que o acordo permite que a JBS e as demais empresas do grupo J&F negociem e renovem empréstimos com todo o sistema financeiro nacional, incluindo bancos públicos.

(Com Reuters)

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.