Grande mistério é: por que corte do Brasil para junk não aconteceu antes?, diz Economist

"O rebaixamento é certamente um tapa na cara para o ministro da Fazenda", afirma a revista, que também destaca dificuldades no Congresso

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A revista britânica The Economist destacou o rebaixamento de rating do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s para “junk”. Ela destaca que, contudo, “o mistério é não ter acontecido antes”. 

A revista relembra quando a presidente Dilma Rousseff apresentou o Orçamento do Brasil com um déficit de 0,5% do PIB para 2016 na semana passada, o que causou desespero nos mercados. “Era uma questão de tempo: os preocupados alertavam que tal descontrole fiscal custaria o rating de crédito soberano. Em 9 de setembro, a S&P, que foi o primeiro a dar o grau de investimento em 2008, foi a primeira a rebaixar o rating do País de volta para ‘junk'”, lembra a revista. 

A revista destacou o cenário de aversão ao risco para a Bolsa brasileira e que alguma fuga de capitais é inevitável. Como muitas pensões e fundos mútuos só podem investir em títulos com grau de investimento, pode haver uma grande saída de capital já se antecipando ao corte que deve vir da Fitch Ratings e da Moody’s. 

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“Isso não vai paralisar Brasil de hoje, com sua economia diversificada e altas reservas cambiais, que já teve dias mais caóticos. Mas os custos de empréstimos já elevados do governo vão subir ainda mais, aumentando o risco de outro rebaixamento. O capital também vai se tornar mais caro para as empresas. Nada disso vai ajudar o Brasil a afastar a recessão deflagrada no segundo trimestre”.

Por outro lado, a forma como os políticos irão reagir é menos clara. “O rebaixamento é certamente um tapa na cara para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que foi para o governo justamente para evitar isso. Para ser justo, muitas de seus medidas fiscais propostas, incluindo cortes modestos nos gastos de bem-estar, foram revistas por um Congresso rebelde sobre a qual Dilma – com sua popularidade na casa de um dígito e um enorme escândalo de corrupção que assola sua coalizão – não tem controle. Só o Congresso pode desbloquear cerca de 90% do Orçamento que está atualmente autonomizado e que poderia ser cortado”, destaca a revista.

“A S&P pode ainda motivá-los a fazer o ajuste. Porém, congressistas e ministros (hostis ao aperto de cintos de Levy) podem concluir que uma maior austeridade é inútil. Não seria a primeira vez”, afirmou a revista.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.