“Gozamos de credibilidade para fazer as reformas que precisamos e que o mundo espera”, diz Bolsonaro em Davos

Estreia do presidente em eventos internacionais tem aceno para pauta econômica, discurso de compatibilização entre preservação ambiental e agenda do desenvolvimento e busca pela recuperação da confiança do mundo

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em seu primeiro discurso no exterior como presidente, Jair Bolsonaro (PSL) defendeu a implementação de reformas estruturais para a economia brasileira, uma agenda rigorosa de combate à corrupção e à lavagem de dinheiro e a compatibilização entre preservação do meio ambiente com o desenvolvimento econômico.

Na abertura da sessão plenária do Fórum Econômico Mundial, em Davos (na Suíça), nesta terça-feira (22), Bolsonaro buscou se apresentar às elites empresarial e política como uma nova liderança no Brasil, comprometida em recuperar a credibilidade de um país imerso “em uma profunda crise ética, moral e econômica”.

“Esta viagem também é para mim uma grande oportunidade de mostrar para o mundo o momento único em que vivemos em meu país e para apresentar a todos o novo Brasil que estamos construindo”, afirmou. O discurso teve duração de pouco menos de 7 minutos.

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“Gozamos de credibilidade para fazer as reformas de que precisamos e que o mundo espera de nós”, defendeu o presidente. “Queremos governar pelo exemplo e que o mundo restabeleça a confiança que sempre teve em nós”.

No âmbito econômico, Bolsonaro prometeu uma redução da carga tributária e simplificação do sistema, “facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender, investir e gerar empregos”. O chefe de estado também indicou compromisso com a estabilidade macroeconômica, o respeito de contratos, o equilíbrio das contas públicas, a condução de uma agenda de privatizações e a abertura comercial do país.

A adoção de práticas promovidas pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento ou Econômico) e a defesa de uma reforma da OMC (Organização Mundial do Comércio) também estiveram presentes no breve discurso.

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“Tenham certeza de que, até o final do meu mandato, nossa equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, nos colocará no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios. Nossas relações internacionais serão dinamizadas pelo ministro Ernesto Araújo, implementando uma política na qual o viés ideológico deixará de existir”, disse.

Sob olhares desconfiados quanto à possível falta de iniciativas do novo governo dedicadas à sustentabilidade, Bolsonaro defendeu o Brasil é “o país que mais preserva o meio ambiente” e defendeu a “compatibilização” com a agenda de desenvolvimento.

“Nossa missão agora é avançar na compatibilização entre a preservação do meio ambiente e da biodiversidade com o necessário desenvolvimento econômico, lembrando que são interdependentes e indissociáveis”, pontuou.

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“Temos a maior biodiversidade do mundo e nossas riquezas minerais são abundantes. Queremos parceiros com tecnologia para que esse casamento se traduza em progresso e desenvolvimento para todos. Nossas ações, tenham certeza, os atrairão para grandes negócios, não só para o bem do Brasil, mas também para o de todo o mundo”, complementou.

Além da crítica ao que classifica como “viés ideológico” em ações políticas, também fizeram parte do discurso de Bolsonaro outros pontos que ocuparam posição de destaque em sua campanha eleitoral, como a “defesa da família” e “os verdadeiros direitos humanos”, a “proteção do direito à vida” e “à propriedade privada”.

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Veja a íntegra do discurso:

“Boa tarde a todos!

Muito obrigado, professor Schwab!

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Agradeço, antes de mais nada, o convite para participar deste fórum e a oportunidade de falar a um público tão distinto.

Agradeço também a honra de me dirigir aos senhores já na abertura desta sessão plenária.

Esta é a primeira viagem internacional que realizo após minha eleição, prova da importância que atribuo às pautas que este fórum tem promovido e priorizado.

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Esta viagem também é para mim uma grande oportunidade de mostrar para o mundo o momento único em que vivemos em meu país e para apresentar a todos o novo Brasil que estamos construindo.

Nas eleições, gastando menos de 1 milhão de dólares e com 8 segundos de tempo de televisão, sendo injustamente atacado a todo tempo, conseguimos a vitória.

Assumi o Brasil em uma profunda crise ética, moral e econômica.

Temos o compromisso de mudar nossa história.

Pela primeira vez no Brasil um presidente montou uma equipe de ministros qualificados. Honrando o compromisso de campanha, não aceitando ingerências político-partidárias que, no passado, apenas geraram ineficiência do Estado e corrupção.

Gozamos de credibilidade para fazer as reformas de que precisamos e que o mundo espera de nós.

Aqui entre nós, meu ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, o homem certo para o combate à corrupção e o combate à lavagem de dinheiro.

Vamos investir pesado na segurança para que vocês nos visitem com suas famílias, pois somos um dos primeiros países em belezas naturais, mas não estamos entre os 40 destinos turísticos mais visitados do mundo. Conheçam a nossa Amazônia, nossas praias, nossas cidades e nosso Pantanal. O Brasil é um paraíso, mas ainda é pouco conhecido!

Somos o país que mais preserva o meio ambiente. Nenhum outro país do mundo tem tantas florestas como nós. A agricultura se faz presente em apenas 9% do nosso território e cresce graças a sua tecnologia e à competência do produtor rural. Menos de 20% do nosso solo é dedicado à pecuária. Essas commodities, em grande parte, garantem superávit em nossa balança comercial e alimentam boa parte do mundo.

Nossa missão agora é avançar na compatibilização entre a preservação do meio ambiente e da biodiversidade com o necessário desenvolvimento econômico, lembrando que são interdependentes e indissociáveis.

Os setores que nos criticam têm, na verdade, muito o que aprender conosco.

Queremos governar pelo exemplo e que o mundo restabeleça a confiança que sempre teve em nós.

Vamos diminuir a carga tributária, simplificar as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender, investir e gerar empregos.

Trabalharemos pela estabilidade macroeconômica, respeitando os contratos, privatizando e equilibrando as contas públicas.

O Brasil ainda é uma economia relativamente fechada ao comércio internacional, e mudar essa condição é um dos maiores compromissos deste Governo.

Tenham certeza de que, até o final do meu mandato, nossa equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, nos colocará no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios.

Nossas relações internacionais serão dinamizadas pelo ministro Ernesto Araújo, implementando uma política na qual o viés ideológico deixará de existir.

Para isso, buscaremos integrar o Brasil ao mundo, por meio da incorporação das melhores práticas internacionais, como aquelas que são adotadas e promovidas pela OCDE.

Buscaremos integrar o Brasil ao mundo também por meio de uma defesa ativa da reforma da OMC, com a finalidade de eliminar práticas desleais de comércio e garantir segurança jurídica das trocas comerciais internacionais.

Vamos resgatar nossos valores e abrir nossa economia.

Vamos defender a família e os verdadeiros direitos humanos; proteger o direito à vida e à propriedade privada e promover uma educação que prepare nossa juventude para os desafios da quarta revolução industrial, buscando, pelo conhecimento, reduzir a pobreza e a miséria.

Estamos aqui porque queremos, além de aprofundar nossos laços de amizade, aprofundar nossas relações comerciais.

Temos a maior biodiversidade do mundo e nossas riquezas minerais são abundantes. Queremos parceiros com tecnologia para que esse casamento se traduza em progresso e desenvolvimento para todos.

Nossas ações, tenham certeza, os atrairão para grandes negócios, não só para o bem do Brasil, mas também para o de todo o mundo.

Estamos de braços abertos. Quero mais que um Brasil grande, quero um mundo de paz, liberdade e democracia.

Tendo como lema “Deus acima de tudo”, acredito que nossas relações trarão infindáveis progressos para todos.

Muito obrigado.”

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.