Governo tentou ganhar Nobel de Economia fazendo tudo errado, diz Gustavo Franco

Segundo o ex-presidente do BC, o governo é o principal responsável pela crise e tratou as empresas como se fossem partidos políticos

Lara Rizério

(Divulgação / B3)

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SÃO PAULO – “O governo tratou as empresas como se fossem partidos políticos”, o que pode ser definido como o capitalismo de compadrio ou de capangas, afirmou nesta quinta-feira (7) o ex-presidente do Banco Central e sócio-fundador da Rio Bravo Investimentos, Gustavo Franco, em evento do Itaú BBA. Para ele, o governo é o principal responsável pela crise.

“Parece que o governo fez uma tentativa de ganhar o prêmio Nobel fazendo tudo errado, achando que a sociedade não iria perceber, com desarrumação fiscal, uma política de compadres nas estatais”, destacou. 

Franco ainda falou sobre a situação da inflação brasileira destacando que o Banco Central não vai resolver sozinho esse problema e que, por isso, é melhor que a autoridade monetária “não faça muita marola”. O ex-BC comparou a instituição a um goleiro, “mais do que um atacante”, destacando que “a política monetária perdeu a eficácia e não dá para o BC ser herói se o resto do time está jogando contra”.

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A desaceleração da inflação também foi vista com ceticismo por ele: “se a inflação começou a ceder nas últimas semanas, não é porque as pessoas estão percebendo uma situação melhor, é porque nós temos a pior recessão da história. Esse tipo de queda da inflação não é confiável, porque se no futuro a economia se recupera, a inflação volta”.

Franco ainda fez uma avaliação sobre o fato do pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff ser baseado na violação da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) através das pedaladas fiscais. “É uma evolução e uma conquista importantes que a responsabilidade fiscal possa derrubar um presidente”, disse ele.

Já ao comentar sobre a LRF, o economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central entre 1983 e 1985 e sócio-fundador da A.C. Pastore Associados, afirmou enxergar um enfraquecimento ou talvez destruição da lei nos últimos anos por vários ângulos, destacando o abuso das transferências por fora do orçamento.

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Pastore destacou ainda a análise de muitos de que a Lava Jato contribuiu com a queda do PIB entre 1 e 2 pontos percentuais. Porém, para ele, os efeitos do combate à corrupção são positivos, e não negativos. 

Isso porque o Brasil precisa de regras fiscais, e não medidas discricionários baseadas em “rent seeking” (caça à renda, ou a tentativa de angariar renda econômica pela manipulação do ambiente social ou político no qual as atividades ocorrem).

“Nós temos que olhar a causa básica, que é a desorganização econômica, o excesso de ativismo”, ressalta. 

Durante o debate, Pastore foi perguntado sobre o que faria caso fosse nomeado ministro da Fazenda. O economista ironizou: “primeira medida seria pedir demissão”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.