Governo põe panos quentes na tensão entre Haddad e Gleisi à espera de novos rounds

Embates entre a presidente do PT e o atual ministro da Fazenda não são de agora e nem causados apenas por divergências econômicas

Reuters

A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados)

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Depois de uma vitória da equipe econômica na reoneração dos combustíveis, a ordem no governo é colocar panos quentes no embate entre a ala política, representada pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e a economia liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já que vem pela frente uma discussão ainda mais dura sobre arcabouço fiscal e reforma tributária.

Fontes ouvidas pela Reuters não têm dúvidas de que houve uma vitória tática da equipe econômica, depois de um ataque direto de Gleisi Hoffmann, que se manifestou contra a reoneração até que a Petrobras revisasse sua política de preços, em uma postagem nas redes sociais considerada fora do tom até pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Foi só uma opinião da presidente do PT. Ela pode dar uma opinião, não?”, disse um ministro palaciano, ressaltando que é saudável opiniões divergentes e o presidente é quem toma a decisão final.

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A cobrança de Gleisi, no entanto, foi vista como uma acusação de que o governo cometeria um estelionato eleitoral se Lula autorizasse a reoneração. A postagem, feita na sexta-feira depois do Carnaval, incomodou a equipe econômica a ponto de Fernando Haddad ligar para a própria Gleisi e, também, para Lula, de quem ouviu que não havia decisão e que o presidente ouviria a proposta na segunda-feira.

A equipe econômica trabalhava já há algumas semanas em dois cenários possíveis de reoneração, um com a volta total dos impostos, outra com um percentual menor, mas com alternativas que recompusessem a arrecadação, como a inclusão do imposto sobre exportação. Esse último, que traria um aumento de 0,34 na gasolina, foi levado ao presidente, já que respeitava um limite de aumento que o próprio Lula considerava o ideal.

“Foi um resultado bom. Coloca um freio em algumas coisas. As soluções estão sendo buscadas em conjunto, não é uma imposição”, disse uma das fontes.

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Os embates entre a presidente do PT e o atual ministro da Fazenda não são de agora e nem causados apenas por divergências econômicas, mas fruto de uma disputa interna no PT e de um relacionamento que nunca foi amigável nos bastidores, e novos capítulos devem voltar. O apoio do presidente à proposta dos combustíveis, no entanto, foi um ganho estratégico de Haddad.

Logo depois do anúncio da proposta, na terça-feira, Gleisi, mais uma vez no Twitter, elogiou a solução, mas creditando-a apenas ao presidente Lula. Coube ao ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha – que tem uma relação próxima a Haddad – lembrar que a proposta foi feita pela Fazenda.

“Ao adotarmos essa linha (da reoneração diferenciada) sob liderança do presidente Lula e do ministro Haddad, quem sai vitorioso é o povo brasileiro”, escreveu Padilha.

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Em entrevista ao portal Uol, nesta quarta, Haddad minimizou os conflitos com Gleisi. Disse que a presidente do PT é uma pessoa de “opiniões fortes”, mas lembrou que ela elogiou a medida depois de publicada.

“O importante é que ela defendeu a decisão do presidente Lula. Era o que eu esperava da parte dela, que é uma pessoa que tem opiniões fortes, mas que sabe que a decisão final, quem arbitra os conflitos de posições dentro do governo e fora do governo, é o presidente Lula”, afirmou Haddad.

Em entrevista ao portal Metrópoles na quarta, foi a vez de a petista contemporizar, dizendo que o ministro estava “correto em seu papel” de mediação com o mercado.

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Ruídos

Apesar da solução encontrada pela equipe econômica ter sido elogiada dentro e fora do governo, a taxação da exportação dos combustíveis – criada para compensar em parte a perda da arrecadação com um imposto menor na gasolina e no etanol – criou algum ruído de outros setores de exportação, que temem ser alvos de medidas semelhantes.

De acordo com uma das fontes ouvidas pela Reuters, não há esse risco e não existe a intenção de sair taxando exportadores. O caso dos combustíveis, explicou, é pontual. A taxação nesse caso não tem a chamada noventena – quando é preciso 90 dias para o imposto ou contribuição entrar em vigor -, e não afeta o consumidor, apenas as empresas, que já tem um lucro significativo.

“É normal as empresas reclamarem, mas no cenário da indústria de combustíveis hoje no país é o menos ruim”, disse a fonte.

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