Gonet pede condenação do núcleo 2 e diz que grupo buscou “instalação do caos social”

Para Paulo Gonet, acusados tinham alertas suficientes para impedir as mobilizações e contribuíram de forma relevante para a tentativa de manter Bolsonaro no poder

Marina Verenicz

Publicidade

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu nesta terça-feira (9) a condenação dos seis réus apontados como responsáveis por estruturar e colocar em prática ações da tentativa de manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022.

O grupo, identificado pela PGR como núcleo 2 da trama golpista, reúne o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, o general da reserva Mario Fernandes, o ex-assessor presidencial Filipe Martins e outros três investigados.

Durante sustentação oral no julgamento conduzido pelo Supremo Tribunal Federal, Gonet classificou as condutas do grupo como “graves” e afirmou que os acusados tinham pleno conhecimento dos riscos envolvidos nas mobilizações prévias ao 8 de Janeiro.

Continua depois da publicidade

“As alegações finais descreveram de forma exaustiva os inúmeros alertas recebidos pelos acusados sobre os riscos das mobilizações previstas para o auto alijamento, evidenciando que eles deveriam ter agido para impedir as barbaridades vivenciadas. Ao contrário, optaram por permitir a escalada do caos social no esforço derradeiro e provocar a intervenção militar desejada pela organização militares”, disse o procurador-geral.

Segundo Gonet, o núcleo era responsável por conduzir as iniciativas mais estratégicas da organização.

“Os réus processados nesta ação penal foram responsáveis por gerenciar as principais iniciativas da organização criminosa. É evidente a contribuição decisiva que proporcionaram para a caracterização dos denunciados, valendo-se de suas posições profissionais relevantes e conhecimentos estratégicos”, afirmou.

Como a PGR descreve o núcleo

A acusação sustenta que os integrantes do grupo ocupavam funções-chave no Estado e, por isso, influenciaram diretamente o andamento das ações golpistas. Silvinei Vasques e os ex-diretores do Ministério da Justiça Marília Alencar e Fernando Oliveira são descritos como responsáveis por “coordenar o emprego das forças policiais para sustentar a permanência ilegítima” de Bolsonaro.

Segundo a denúncia, a PRF realizou bloqueios de estradas no dia do segundo turno, dificultando o acesso de eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva às seções de votação.

A operação teria ocorrido por determinação do então ministro da Justiça, Anderson Torres, já condenado no núcleo principal. Os três acusados negam direcionamento político, e Silvinei afirma que não houve impacto no resultado eleitoral.

Continua depois da publicidade

Já o general da reserva Mario Fernandes e o ex-assessor Marcelo Câmara são investigados por “coordenar ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas”.

O documento chamado Punhal Verde e Amarelo, que descreve um plano de assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, foi apreendido com Fernandes.

A defesa reconhece a existência do texto, mas argumenta que ele jamais foi entregue a terceiros. Câmara, por sua vez, diz que as informações sobre Moraes trocadas com Mauro Cid eram provenientes de fontes abertas.

Continua depois da publicidade

O julgamento do grupo continua no Supremo Tribunal Federal, que já analisou outros núcleos da tentativa de golpe.