Gilmar chama Fux de “lamentável” e diz que colega “precisa de terapia”, diz jornal

Discussão entre ministros ocorreu nos bastidores do Supremo após Fux suspender julgamento de Moro

Marina Verenicz

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Um confronto verbal entre os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux expôs, nesta semana, o clima de tensão nos bastidores do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo relatos obtidos pela Folha de S.Paulo, os dois protagonizaram uma troca de acusações duras em uma das salas próximas ao plenário, durante o intervalo da sessão de quarta-feira (15).

O embate começou após Gilmar ironizar o colega por ter suspendido o julgamento de um recurso de Sergio Moro, que tenta reverter a decisão que o tornou réu por calúnia — justamente contra o próprio Gilmar.

O placar da Primeira Turma estava 4 a 0 contra Moro, quando Fux pediu vista para analisar o caso com mais calma, o que interrompeu a votação.

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De acordo com pessoas que acompanharam a conversa, Gilmar teria dito: “Vê se consegue fazer um tratamento de terapia para se livrar da Lava Jato.”

O ministro também teria aconselhado Fux a “enterrar o assunto do Salvador”, numa referência a José Nicolao Salvador, ex-assessor de Fux demitido em 2016 após ser citado em uma proposta de delação premiada.

Fux reagiu, afirmando que havia pedido vista apenas para estudar melhor o processo e demonstrou incômodo com o comportamento do colega. Disse que Gilmar costumava falar mal dele em diversas ocasiões.

O decano respondeu que isso era verdade, mas argumentou que o fazia “publicamente, e não pelas costas”, justificando que considerava Fux uma “figura lamentável”.

Gilmar citou como exemplo o voto de 12 horas do ministro no julgamento de Jair Bolsonaro, em que Fux absolveu o ex-presidente e condenou o tenente-coronel Mauro Cid por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.

“Todo mundo ficou chateado”, teria afirmado Gilmar, segundo relatos ouvidos pelo jornal.

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Fux defendeu sua posição e respondeu que votou conforme sua convicção, por entender que os réus da chamada trama golpista estavam sendo “massacrados”.

O tom da discussão fez com que outros ministros que entravam na sala rapidamente se retirassem, diante do clima acalorado.