Giannetti cita Buffett e destaca os quatro paradoxos do governo Dilma Rousseff

O economista ressalta que " a maré baixou e o Brasil foi pego de tanguinha - ou coisa pior" e afirmou que o Brasil vive uma forte reversão de expectativas

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Para o economista Eduardo Giannetti da Fonseca, que participa do programa econômica da possível candidata Marina Silva pelo PSB, a última semana foi péssima para o Brasil, em meio à morte do candidato do partido, Eduardo Campos.

“Não é a todo momento que nasce uma figura como ele”, apontou. Porém, ele evitou falar sobre o cenário eleitoral: “em geral, o economista é um péssimo político”, mas teceu diversas críticas ao governo.

Em evento realizado pela casa de análise Empiricus, Giannetti ressaltou que há quatro parodoxos no governo Dilma Rousseff, como colocado abaixo:

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Primeiro: o governo estatizante quebrou duas das maiores estatais do País, fazendo referências à Petrobras (PETR3;PETR4) e à Eletrobras (ELET3;ELET6).

Segundo: o governo com viés nacional desenvolvimentista foi responsável pela maior desindustrialização da história. 

Terceiro: o governo com a bandeira de reduzir os juros vai entregar a Selic acima do que pegou, com o País tendo a maior taxa de juros real do planeta.

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Quarto: O governo com bandeira de crescimento entregou o menor crescimento do PIB de todo o regime republicano. 

Além disso, Giannetti ressaltou que o Brasil vive uma tremenda reversão de expectativas diante do cenário atual. O Brasil passou de uma quase estrela do crescimento, de 4% ao ano, geração de emprego, estabilidade macroeconômica, para um cenário que começou a se deteriorar a partir de 2011, levando a um quadro de quase estagflação. 

O baixo crescimento orgânico crônico e a inflação teimosamente no teto da meta são as características apontadas por ele. Giannetti ressalta que a inflação é muito pior considerando que os preços são represados. “Não são só os preços administrados, o câmbio para controlar a inflação também prejudica muitos setores, é um artifício ruim”.

Além disso, o déficit em conta corrente é um motivo de preocupação: “enquanto o mundo nos vê com bons olhos, ainda dá para financiar. Porém, voltamos a uma situação ruim, de uma combinação de crescimento baixo, inflação alta e déficit externo”.

Para ele, o tripé econômico baseado em regime de metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário está frágil. “As três pernas do tripé estão absolutamente fragilizadas”, disse Gianetti, frisando que falava em caráter pessoal, e não como assessor da campanha do PSB.

O economista fez um diagnóstico sobre a economia brasileira ressaltando que, a partir do segundo mandato de Lula, houve uma piora consistente na política econômica”, disse ele, referindo-se ao governo de 2007 a 2010 do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“O Brasil piorou e piorou bastante. A pergunta é: o que aconteceu?” Para ele, há tanto a mudança do ambiente externo, o ambiente estrutural doméstico e o fator conjuntural, tanto nos âmbitos microeconômico quanto macroeconômico. 

O primeiro refere-se a piora da qualidade dos termos de troca, após o vento favorável com a maior demanda da China e a política monetária mais expansionista, que agora está em normalização. 

“O vento ainda não está contra, mas parou de soprar. Tem aquela frase do Buffett: você só descobre quem está nadando pelado quando a maré baixa. Pois é, a maré baixou e o Brasil foi pego de tanguinha – ou coisa pior”, afirmou.

O segundo ponto é a carga tributária é do Brasil, um ponto estrutural, que veio desde a Constituição de 1988. O terceiro ponto é a conjuntura, “O segundo mandato de Lula foi pior, apesar de ter mantido o tripé econômico no início do mandato”. 

Sobre o nível dos gastos públicos, Gianetti afirmou que existe margem para um “um pouquinho” de ajuste fiscal no curto prazo. “O Estado brasileiro não cabe dentro do PIB brasileiro”, afirmou, sem entrar em detalhes. Apesar do quadro difícil, ele avalia que a situação econômica brasileira “é ruim, mas não é desastrosa”. 

“A capacidade de reação da economia brasileira é forte”, disse, defendendo um “choque crível de credibilidade” do próximo governo. “Temos plena condição de retomar em 2015 a tendência de crescimento”, completou. “O ponto de maior desafio é estrutural”.

Meio ambiente 
Assessor de Marina, candidata que tem a defesa do meio ambiente como principal bandeira, Gianetti foi questionado sobre a necessida de o Brasil ampliar sua infraestrutura e ao mesmo tempo preservar o meio ambiente.

O economista argumentou que a questão devia ser tratada a partir de duas discussões: o nível de exigência ambiental que o país pretende fazer na realização de obras e qual o processo que será realizado para que esses projetos sejam licenciados.

“Acho que o Brasil do Século XXI precisa ter uma nota de corte (ambiental) alta”, disse Gianetti, defendendo exigências ambientais rígidas para os projetos de infraestrutura, ao mesmo tempo que disse que o processo de licenciamento precisa ser “enormemente” aperfeiçoado para garantir segurança jurídica.

“O fato de ter um nível de exigência adequado, não quer dizer que vai gerar paralisia”, defendeu. “Para o empresário o que importa é saber rapidamente o que pode e o que não pode fazer. Se pode fazer ele precisa ter segurança jurídica para fazer. Se não pode, ele vai buscar uma outra alternativa.”

(Com Reuters)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.