Gabrielli defende novas refinarias no Brasil e destaca volatilidade do petróleo

Presidente da Petrobras afirmou que a capacidade de refino doméstica está chegando ao seu limite; Opep precisa atuar mais

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SÃO PAULO – O presidente da Petrobras (PETR3, PETR4), José Sergio Gabrielli, afirmou nesta segunda-feira (21) durante evento no Rio de Janeiro que é primordial para o País que novas refinarias sejam construídas. Segundo ele, os projetos da Petrobras visam “amenizar” a situação da oferta de combustível no Brasil.

Além disso, Gabrielli afirmou que a capacidade de refino por aqui está chegando ao seu limite, sendo que as refinarias existentes no País operam já com 90% de sua capacidade instalada. A estatal possui atualmente capacidade de refino de 1,8 milhão de barris por dia, abaixo da produção diária de aproximadamente 2 milhões de barris. “Não investir em refinaria no curto prazo é suicídio. Temos que construí-las agora, pois só ficarão prontas em 2016 ou 2017”, declarou o presidente da estatal.

O aumento do consumo é decorrente do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro e da melhora na renda per capita, aponta Gabrielli. Além disso, a falta de investimentos em novas refinarias no passado resulta neste cenário.

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Gasolina
Apesar de o processamento de querosene de aviação e de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) estarem próximos ao limite da capacidade de produção, a situação crítica fica com a gasolina. Para Gabrielli, há um certo gargalo na produção de gasolina, mas a situação não será mudada no curto prazo, pois a resolução do problema – construção de refinarias – leva tempo.

A situação brasileira é ainda mais difícil porque depende do preço do açúcar no mercado internacional, uma vez que o consumo do álcool está ligado diretamente às cotações do açúcar, que por sua vez estão relacionadas à oferta, esta influenciada pela demanda internacional.

O preço da gasolina no Brasil está abaixo do preço praticado no cenário externo, mas pode ser considerado normal. “Não vamos alterar nossa política de preços, não vamos repassar oscilações no curto prazo”, acrescentou Gabrielli.

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Projetos
A companhia planeja construir quatro novas refinarias. Duas delas – Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro e Abreu e Lima (Pernambuco) – já estão em andamento, sendo que há uma “decisão” pela construção de duas unidades adicionais premium, no Ceará e no Maranhão.

Gabrielli afirmou que a Petrobras vai reavaliar os projetos das refinarias Premium I e II, visando a simplificação e padronização do processo. Além disso, a companhia buscará a flexibilidade das refinarias, permitindo que produzam a partir de diversos tipos de petróleo, processando diversos produtos.

Em 2020, a Petrobras terá capacidade para processar 3,2 milhões de barris em seu parque de refino, em comparação a uma produção de 3,9 milhões de barris por dia, prevê o presidente. Além disso, Gabrielli destacou que há ainda 600 mil a 650 mil barris por dia que serão produzidos pelas parceiras da Petrobras no pré-sal.

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Essa reavaliação do plano de investimento deve trazer um importante aumento da perspectiva de produção nos próximos cinco anos. Com isso, as projeções de produção na área de cessão onerosa de 5 bilhões de barris, da época da capitalização da empresa, serão incorporadas pelo plano. Há estimativa de produzir 1 milhão de barris por dia em 2020, mas o presidente destacou que isso não significa que esses números serão alvo pela companhia. O detalhamento dos investimentos deve vir no próximo planejamento estratégico, que será divulgado em maio de 2011.

Volatilidade do petróleo
No primeiro semestre de 2011, a tendência é de volatilidade no preço do petróleo, declarou Gabrielli. As incertezas em relação à produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) impulsionam a commodity. “A Opep tem condições de colocar rapidamente cinco milhões de barris por dia, mas a produção tem estado estável”, destacou.  

Além disso, a “estagnação” econômica de países como Estados Unidos e Japão contribuem para o movimento. “Os olhos dos analistas estão muito voltados para estes mercados. China, Índia e Brasil, que estão apresentando crescimento elevado, ficam de fora e isso torna o crescimento de consumo incerto”, disse.

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Bate-boca
Por fim, houve um desentendimento entre o presidente da estatal e o economista-chefe do Santander, Alexandre Schwartsman, no que diz respeito ao resultado para o Tesouro do processo de capitalização da Petrobras.

Gabrielli explicou que a Petrobras pagou R$ 74 bilhões pelo direito de produzir 5 bilhões de barris de petróleo cedidos pelo governo, sendo que o Tesouro Nacional, um acionista da companhia, comprou R$ 32 bilhões a menos em ações. Segundo ele, esse movimento causou uma diferença em caixa para a empresa.

Porém, Schwartman não concordou com a análise, afirmando que caixa é o dinheiro que realmente entra e não uma promessa. “Não é promessa nenhuma, é fato”, afirmou Gabrielli. “Cadê o dinheiro?”, rebateu Schwartsman. “Tá no Tesouro”, disse Gabrielli. “Ah, é? Só na cabeça dos contadores do Tesouro”, completou Schwartsman, despertando risos nos convidados do evento.

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