Futuro da candidatura de Alckmin é prato principal de jantar em Brasília

Estagnado nas pesquisas eleitorais, tucano tenta convencer lideranças de que sua candidatura é viável

Marcos Mortari

São Paulo - O governador de SP, Geraldo Alckmin anuncia a convocação de mais de 20 mil professores para o próximo ano letivo, no Palácio dos Bandeirantes (Rovena Rosa/Agência Brasil)

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SÃO PAULO – Pré-candidato à presidência pelo PSDB, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin tem reunião marcada, nesta quarta-feira (4), com a cúpula do bloco composto por DEM, PP, PRB e Solidariedade, em Brasília. Embora o evento não deva culminar em nenhum movimento formal deste grupo de partidos, a campanha do tucano trata o jantar como “decisivo” para conseguir apoio de lideranças importantes, o que é considerado vital para manter a viabilidade da candidatura, que hoje enfrenta dificuldades em crescer nas pesquisas eleitorais.

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“Uma coisa interessante para se observar daqui até 5 de agosto é se a candidatura do PSDB chegará com uma aliança robusta, porque ela é dependente desses elementos. Se chegar lá com tempo de exposição suficiente na televisão, ela passa a existir. Se chegar com a aliança que tem hoje, é uma candidatura com muita dificuldade de decolar”, observou Paulo Gama, analista político da XP Investimentos, no último programa Conexão Brasília.

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Apesar de não serem esperadas decisões a partir do encontro de hoje, coordenadores da campanha de Alckmin acreditam que, se ele não convencer, terá dificuldades maiores para conquistar o apoio do “centrão”, que também conversa com o pré-candidato Ciro Gomes, do PDT. O bloco hoje tem dado sinais de que pode rachar ao longo do jogo de negociações por alianças. Mais do que transferência de votos, as costuras são vistas como formas de garantir melhor estrutura aos candidatos e perspectiva de governabilidade em caso de vitória nas urnas.

Os partidos têm reportado à campanha de Alckmin que se orientam por expectativa de vitória e dizem ter receio de que mesmo o apoio deles não seja suficiente para alavancar as intenções de voto do tucano. “Alckmin por sua vez sabe que tem de atravessar mais dois meses de deserto até o começo da propaganda eleitoral. Se for abandonado até lá, chega sem ter as armas que poderiam alavancá-lo”, observou a equipe de análise política da XP Investimentos em nota a clientes.

Ninguém quer errar e apoiar uma candidatura que saia derrotada no processo. E, neste difícil processo decisório, o tempo também conta: quem bater o martelo antes tem maiores chances de ter as melhores posições na coalizão formada. Conforme explicou João Villaverde, analista sênior da Medley Global Advisors, no último Conexão Brasília, ao contrário de eleições anteriores, hoje paira um nível de incerteza extremamente elevado, o que dificulta a escolha dos partidos.

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“Agora a gente não faz a menor ideia de quem será o próximo presidente da República. Parece 1989. Imagine os políticos, cuja maior parte continuará no Congresso Nacional. Eles ficam olhando e se perguntando: ‘com quem vou conversar no ano que vem?’. Ninguém quer errar. E o tempo está passando. Daqui a 30 dias, ainda não teremos certeza sobre quem será candidato e quem não será, com as eleições chegando”, observou Villaverde.

Com tanta indefinição, se Alckmin não conseguir convencer as lideranças do ‘centrão’ de que tem condições de vencer a disputa, corre o risco de ter menos apoio do que precisaria para ser um nome competitivo. As especulações sobre a vaga de vice na possível chapa encabeçada pelo tucano até prestam um serviço à sua candidatura, uma vez que apresentam um passo seguinte, colocando o ex-governador à frente de adversários do mesmo espectro político.

Aliança “bem encaminhada”

Em uma tentativa de acalmar os ânimos, Alckmin tem sustentado que as conversas estão acontecendo, mas que as alianças serão construídas “sem pressa”. “Nós estamos procurando construir [alianças] em torno de programas, propostas, não escondendo nossas propostas, deixando claro, e também ouvindo sugestões, críticas… É isso que vamos fazer em Brasília: vamos ouvir os partidos que lá comparecerem e também expor o que nós acreditamos. O fato é que nenhum pré-candidato tem dois partidos. Nós já temos praticamente cinco. Eu não vou anunciar porque eles que devem, no momento correto, anunciar, mas está bem encaminhado”, afirmou em coletiva de imprensa realizada ontem.

Nos bastidores, acredita-se que as negociações do tucano estão mais avançadas com PSD, PTB, PPS e PV, mas ainda não há nada fechado que não possa ser alterado até o período das convenções partidárias. Hoje, essas legendas somam 114 dos 513 assentos na Câmara dos Deputados. Mesmo com o empenho atual, o tucano trabalha com a possibilidade de a corrida presidencial ter entre 12 e 15 candidatos, em função da grande quantidade de pequenas siglas.

Alckmin também precisa trabalhar com a desconfiança de aliados em função de sua estagnação nas pesquisas eleitorais, abaixo dos dois dígitos de intenção de votos a quase três meses do primeiro turno. “Vamos ter oportunidade, primeiro de ficar conhecido, e, depois, de expor as propostas quando começar a televisão e o rádio. Esse é o momento que você terá grande atenção dos eleitores e terá oportunidade de levar essas propostas, explicar”, disse ontem em São Paulo.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.