FT: “visão de Armínio Fraga sobre Brasil explica porque ele é a escolha do mercado”

Em entrevista ao jornal britânico, o ex-presidente do Banco Central no governo de FHC destacou que o governo está perdido após escolher o modelo errado para a economia e defende um "retorno à ortodoxia econômica"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – “A avaliação de Armínio Fraga sobre o que está dando errado no Brasil explica por que ele é a escolha do mercado para ser o ministro da Fazenda após a eleição de outubro”. É o que afirma o Financial Times em matéria de hoje sobre o economista que já foi “anunciado” para substituir Guido Mantega caso Aécio Neves (PSDB) – atualmente em terceiro lugar nas pesquisas – vença as eleições.

Em entrevista ao FT, o ex-presidente do Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso destacou que o governo está perdido após escolher o modelo errado para a economia e defende um “retorno à ortodoxia econômica”.

O Financial Times faz um perfil do economista, destacando que ele teve uma sólida carreira na iniciativa privada, sendo diretor-gerente da Soros Fund Management em Nova York entre 1993 e 1998 e administrando o seu próprio fundo, o Gávea Investimentos. O jornal ressalta que, apesar de Aécio estar atrás nas pesquisas, as propostas apresentadas por Armínio para resolver os problemas do Brasil são o que mais entusiasmam os mercados.

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A economia do Brasil desacelerou de alta de mais de 4% para menos de 2% ao ano desde que Dilma Rousseff assumiu o cargo em 2011, com a economia entrando em recessão técnica no primeiro semestre deste ano, ressalta a publicação britânica. A inflação está no teto da meta, que é de 4,5% com banda de mais ou menos 2 pontos percentuais. 

“Os críticos culpam a interferência do governo do PT, que está há 12 anos no poder, através de mudanças fiscais ad hoc, esforços para manipular os preços dos combustíveis e de energia para conter a inflação, a intervenção no sector bancário e outras medidas que contribuíram para a desaceleração”, afirma o FT.

O Financial Times destaca que, se Armínio fosse o ministro, terá como prioridade restaurar a credibilidade do orçamento, eliminando o uso da “contabilidade criativa” para cumprir as metas fiscais para, em seguida, diminuir a inflação. Para ele, a reforma mais difícil de ser realizada é a do sistema tributário. Ele afirmou ainda que vai rever o papel da Petrobras, de forma a haver um reajuste nos preços de combustíveis de acordo com uma fórmula clara. O papel do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) também deve ter alterações, após ter visto o aumento dos seus desembolsos durante o governo petista. 

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Armínio Fraga também foi perguntado se, com Aécio mais fraco nas pesquisas, ele iria participar de um eventual governo de Marina Silva, do PSB. “A resposta foi um enfático não”, destaca o jornal. “Eu não iria. Eu estou com Aécio e acho que ele é, de longe, a melhor alternativa”, afirmou o economista. 

E ele deu cinco ingredientes para a economia: o primeiro, reduzir gradualmente a inflação e baixar para o centro da meta de 4,5%. O segundo é o de restaurar a credibilidade da política fiscal, sem truques de “contabilidade criativa”. Em terceiro, eliminar o subsídio aos combustíveis que vem levando ao forte endividamento da Petrobras. Em quarto lugar, definir os critérios de empréstimos mais transparentes para o BNDES e garantir a justificativa social para os empréstimos. Em quinto lugar, introduzir imposto sobre valor adicionado único. 


Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.