FT: Tiririca pode fazer as pessoas rirem, mas é mais um motivo para chorar no Brasil

Tiririca foi a expressão maior da insatisfação com a bagunça generalizada com a classe política, que se expressou mais nitidamente com as manifestações de junho do ano passado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O horário eleitoral começou no dia 19 de agosto, mas continua rendendo bons assuntos, desta vez no jornal britânico Financial Times. O colunista Joe Leahy destacou que, ao mudar de canal enquanto esperava assistir a uma novela, encontrou Tiririca, comediante brasileiro que é mais uma vez o destaque nos programas eleitorais. 

“Você está cansado da política. Então vote em mim”, dizia uma das frases sem sentido de Tiririca, ressalta. Ele passou de palhaço a político na última eleição com o discurso de que era algo assim. “Você sabe o que se faz em Brasília? Nem eu. Vote em mim e você vai descobrir”. Com esse discurso, ele ganhou um número recorde de votos.

Tiririca foi a expressão maior da insatisfação com a bagunça generalizada com a classe política, que se expressou mais nitidamente com as manifestações de junho do ano passado. Leahy destaca mais críticas ao programa eleitoral, que é dividido de acordo com a ponderação com a representatividade dos partidos políticos. 

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“O resultado é um circo político, como todos, desde a presidente Dilma até o membro mais humilde do Congresso para conseguir colocar as suas propostas em um tempo tão curto […]. Este é o oposto do ‘reality show’. Aqui a verdade é a primeira vítima, substituída por fantasia e ficção. Há o candidato presidencial Levy Fidelix, com o seu bigode e a sua careca parecendo um Asterix envelhecido. […] Há o pastor Everaldo, o candidato presidencial que abarca o crescimento da comunidade evangélica no Brasil”, 

Depois, Leahy destaca que Dilma Rousseff “domina o show” por causa da forte presença de seu partido no Congresso. Ela diz em seu programa que não há recessão, apesar do IBGE ter reforçado isso no final do mês passado. O colunista ressalta a fala de Dilma de que a prova de que a economia está indo bem é que o mercado de ações subiu, deixando de mencionar que isto está acontecendo porque os investidores acham que Dilma irá sair do poder.

Enquanto isso, um dos seus principais rivais, Aécio Neves, faz “anúncios surreais” que caracteriza o serviço de saúde em Minas Gerais, quando ele era governador. “O serviço seria de causar inveja a muitos milionários. Uma mulher pobre é apanhada por um motorista particular no interior e levada a um hospital público da cidade”, afirma. 

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Marina Silva, que está na dianteira da corrida presidencial, falou em seu programa que vai reivindicar em seu programa eleitoral aumento dos gastos na saúde de 7% para 10% da receita, ao mesmo tempo em que reconforta o mercado ao dizer que vai controlar o déficit orçamentário.

Já Paulo Maluf, ex-governador e ex-prefeito de São Paulo, também apareceu mesmo após ter sido condenado sobre corrupção, mas ainda incentiva as pessoas a votar no seu partido. 

Porém, Tiririca é o mais descarado, afirma o colunista, citando os diversos programas eleitorais que ele fez. “O triste é que os brasileiros provavelmente vão optar por ele novamente para mostrar o seu descontentamento com a política. 

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“O que eles podem não entender é que o partido de Tiririca pode usar os votos para trazer outros candidatos. O sistema de representação proporcional no Brasil significa que um voto para um candidato significa um voto para o partido no estado. Para os brasileiros, tais paradoxos sustentar um circo político que muitos deles desprezam. Na sua opinião, o País está queimando com os problemas da educação deficiente, saúde, transporte público e falta de segurança. Tiririca pode fazer as pessoas rirem, mas para aqueles que entendem o sistema político, ele é apenas mais um motivo para chorar”, conclui.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.