FT ressalta os 4 grandes desafios de Temer e sugere: “inspire-se em Macri”

Recuperar confiança dos investidores, evitar agitação social e cair na Lava Jato, além da construção de maioria parlamentar - esses desafios são grandes, mas ele pode se inspirar na experiência argentina

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em matéria da última segunda-feira (9), quando o Brasil enfrentava uma verdadeira confusão com a decisão do presidente interino da Câmara dos Deputados Waldir Maranhão (PP-MA) de anular o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o jornal Financial Times destacou em suas páginas quais devem ser os grandes desafios do governo Michel Temer, que tem grandes chances de assumir esta semana. 

A publicação britânica destaca que o processo de impeachment da presidente é quase revolucionário e muitos o tem chamado de “golpe”, mas afirma que esta não é a opinião da maioria dos brasileiros ou da região. De qualquer forma, informa o jornal, Michel Temer enfrenta quatro grandes desafios que, inclusive, se assemelham ao de seu vizinho Mauricio Macri na Argentina.  

“Temer tem, ‘contra todas as probabilidades’, ‘uma boa chance de estabilizar o Brasil'”, afirma jornal. 

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Confira abaixo os quatro desafios de Temer, segundo o Financial Times:

1. Recuperar confiança dos investidores e estabilizar economia 
De acordo com o jornal, neste ponto, o desafio guarda paralelos com a da Argentina. Ambos países enfrentam o “fim do superciclo (de alta) das commodities e o legado de mais de uma década de liderança populista”. O FT aponta que Temer já “começou a reunir um time confiável de conselheiros” e vê com otimismo sobre o possível desempenho da economia no governo do peemedebista. “Se eles conseguirem injetar uma dose de expectativas positivas no surrado setor privado brasileiro, a economia, que atingiu o fundo do poço, poderia dar sinal de vida nova.”

2. Evitar agitação social
O segundo desafio do peemedebista, afirma o FT,  é “evitar agitação social enquanto promove um ajuste fiscal impopular”. De acordo com o jornal, os “impostos terão que ser elevados e custos cortados para impedir o crescimento ainda maior da dívida pública”. A tarefa é difícil, mas não impossível – e nem são necessários impostos regressivos. Segundo o jornal, o alvo mais “óbvio” é tributar os dividendos que as empresas pagam aos acionistas, hoje isentos. 

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3. Evitar cair na Lava Jato
Este terceiro desafio de Temer é mais “pessoal”. Segundo a publicação britânica, ainda não se sabe se o peemedebista terá o mesmo destino de parlamentares como Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi afastado da presidência da Câmara e de seu mandato, e que é réu na Lava Jato. “Mas até essa investigação sobre a Petrobras não durará para sempre”, afirma o FT, ressaltando o desejo do juiz federal Sérgio Moro de encerrar a operação em dezembro. 

4. Construção de uma maioria parlamentar
Este quarto desafio é o mais difícil para Temer, diz o jornal. 
“Embora Temer seja um negociador astuto, essa talvez seja sua tarefa mais difícil, sobretudo porque o escândalo de corrupção na Petrobras fraturou o Congresso em uma miríade de facções em ebulição, não apenas entre partidos mas dentro deles.”

Neste cenário, o jornal sugere que Temer se inspire na experiência de Macri para endereçar a sua “lista proibitiva de tarefas”. “Após cinco meses na Presidência, Macri, que não tem maioria no Congresso, lançou um programa duro de ajuste macroeconômico, mas suas taxas de aprovação continuam acima de 60%.” E continua: “a maioria dos cidadãos pouco se importam para a política partidária, apenas querem que seus países sejam razoavelmente bem governados e estão dispostos a dar uma nova chance a novos líderes para fazer isso, ao menos por um tempo”. 


Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.