FT diz que ainda é cedo para Dilma comemorar Copa e destaca queda de viaduto em MG

Segundo FT, ainda é cedo para dizer se Copa traduzirá em mais votos e melhores indicadores econômicos para o governo e diz que queda de viaduto em MG reacende preocupações, mas não deve manchar imagem do evento

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Os dados do último Datafolha, que mostraram uma melhora da aprovação do governo e um aumento das intenções em Dilma Rousseff em meio ao sucesso com a Copa do Mundo, podem ter animado a presidente. Porém, se depender de análises mais aprofundadas sobre o que realmente significam os números, ainda é muito cedo para o governo comemorar.

É o que aponta o artigo do jornal britânico Financial Times, que destaca que a Copa está sendo bem mais bem sucedida que o esperado, ofuscando os temores de retorno dos protestos de rua, mas que ainda é cedo para o governo comemorar. 

“Todo mundo achava que a Copa do Mundo seria um fracasso, mas está provando ser um sucesso e a população deve estar feliz com isso”, disse o ministro da fazenda Guido Mantega, prevendo que a confiança do consumidor deve começar a melhorar como resultado deste sucesso, cita o FT.

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Porém, de acordo com os analistas ouvidos pelo jornal, ainda é cedo para o governo supor que a alegria do torneio vai se traduzir em melhores indicadores econômicos ou até mesmo em votos para o governo nas eleições presidenciais de outubro. 

Eles argumentam que, embora menos brasileiros estejam protestando, isto é, em parte, devido à ameaça de violência por parte da polícia e de outros manifestantes, ao invés de uma mudança de opinião sobre questões fundamentais, como a qualidade dos serviços públicos e sobre os gastos bilionários para a realização do evento. 

“O cenário de que a Copa do Mundo desencadearia uma nova queda na popularidade do [presidente] Dilma [Rousseff] é agora improvável. mas isso não significa que a Copa do Mundo vai fazer com que seja mais fácil para ela ganhar a eleição”, diz Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria, que vê 55% de chances de Dilma ganhar a eleição.

Giuseppe Cocco, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, afirma que a polícia desempenhou um papel decisivo na redução dos protestos no Brasil. “Milhares e milhares de policiais militares foram colocados nas ruas, o que tem inibido os manifestantes”, diz ele.

Por outro lado, mesmo com menos policiais após a Copa, é improvável que ocorra uma repetição dos protestos ocorridos em junho de 2013, aponta Cortez, uma vez que muitos estão desestimulados com a radicalização dos movimentos e outros estão cansados com os transtornos causados pelos protestos.

“Os movimentos que ocorrem através das mídias sociais podem ser rapidamente mobilizados mas, por outro lado, tendem a ser muito voláteis, e sem nenhuma organização formal eles são difíceis de sustentar”, diz Cortez.

Assim, o FT destaca que o desafio dos principais líderes de oposição – Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) – é organizar o movimento de insatisfação popular, desde áreas como saúde até corrupção e gerar dividendos políticos com isso. Mas com o desemprego em baixa e níveis de renda real ainda elevados, não será fácil fazer isso.

Queda de viaduto em Belo Horizonte reacende temores
No mesmo dia do Datafolha, uma péssima notícia para a organização do evento: pelo menos duas pessoas morreram e vinte ficaram feridas com a queda de um viaduto em Belo Horizonte (MG), que foi planejado originalmente para a Copa.

O acidente foi destaque na imprensa internacional, como no FT, que destacou que, enquanto a Copa do Mundo estava acontecendo até agora sem incidentes graves, “a queda do viaduto é um lembrete das críticas anteriores ao torneio sobre os preparativos apressados”. E muitas das doze cidades-sede engavetaram ou atrasaram projetos de infraestrutura para o evento para até depois da Copa.

O FT cita o exemplo de Cuiabá (MT), que manteve as suas obras mesmo com alguns jogos em curso. E, um pouco antes do torneio, duas pessoas foram mortas quando um guindaste caiu durante as obras da Arena Corinthians, em São Paulo. “Muitos estádios mal tiveram tempo para um teste adequado antes do início do torneio”, ressalta o jornal.

“A queda do viaduto em Belo Horizonte vai levantar preocupações sobre os projetos da Copa do Mundo, mas não se espera que manche o otimismo renovado sobre o torneio”, avalia o FT, destacando a pesquisa Datafolha, com alta das intenções de voto para Dilma e também com o aumento do otimismo dos brasileiros com a Copa do Mundo. 

Dos entrevistados, 60% disseram a organização da Copa do Mundo é um motivo de orgulho, bem acima dos 45% antes do torneio, quando a raiva pública sobre os gastos do governo com o evento estava no auge” finaliza o FT.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.