FT: Bendine dá esperanças à Petrobras, mas ainda deixa questões pelo caminho

Segundo o jornal, Bendine usou jargões de mercado muitas vezes não associados à estatal, mas ainda há diversas questões a serem respondidas

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em artigo desta terça-feira (30), o Financial Times falou sobre o presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), Aldemir Bendine, destacando que as falas do comandante da estatal dão esperança para a companhia; contudo, o FT destaca que ainda há diversas questões a serem respondidas. 

Segundo o jornal, durante entrevista coletiva para a apresentação do plano de negócios referente aos anos de 2015-2019, Bendine usou jargões de mercado muitas vezes não associados à estatal. 

“Esta nova realidade vai ser um desafio, mas mantendo os pés no chão, a empresa será capaz de atender não só a este desafio, mas acima de tudo, gerar valor para o acionista”, disse Bendine.

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Segundo o jornal, esta é uma linguagem revolucionária para uma empresa criticada por ser mais preocupada em executar as políticas de governo do que a criação de valor para o acionista. Desde que atingiu uma alta de mais de R$ 50 por ação após a descoberta de uma das maiores reservas de petróleo offshore do mundo, em 2007, as ações da empresa vêm caindo forte. 

De acordo com analistas ouvidos pelo jornal, a Petrobras ainda terá interferências, mas há indicações de que a empresa será um pouco mais pró-mercado. O jornal faz um breve histórico sobre a companhia, destacando que ela se tornou a única operadora dos campos do pré-sal, o que a sobrecarregou financeiramente, ao mesmo tempo que teve que subsidiar gasolina no mercado interno, tendo que arcar com prejuízo. E, depois, para completar, ela se viu no olho do furacão em meio ao escândalo de corrupção na companhia, deflagrado pela Operação Lava Jato no ano passado. 

Estima-se que a Petrobras seja a companhia mais endividada do mundo, com uma dívida líquida de US$ 106 bilhões em 2014. Em meio a esse cenário, era crucial que a companhia reduzisse o seu capex. 

E isso aconteceu, conforme observado no plano de negócios divulgado ontem, com queda de 37% nos investimentos. “A redução dos investimentos pela Petrobras segue a tendência na indústria de petróleo e gás mundial e está diretamente relacionada com a redução dos preços do petróleo no mercado mundial”, disse a empresa na segunda-feira.

Enquanto alguns analistas avaliaram o plano de negócios de forma positiva, outros avaliam que a apresentação de Bendine ontem deixou perguntas sem resposta. O CEO da Petrobras disse que a política de preços de combustível doméstico da empresa envolveria “paridade” com os preços internacionais, mas ele não revelou uma política transparente de fixação dos preços, deixando em aberto a possibilidade de mais intervenção do governo.

Ele também deixou perguntas não respondidas sobre se o governo vai alterar as regras que exigem altos níveis de equipamento local para ser usado em campos de petróleo do Brasil, o que pode aumentar drasticamente os custos de desenvolvimento das reservas.

Há também o problema de como a Petrobras vai continuar a desenvolver seus campos quando os principais executivos de muitas das maiores empreiteiras do País foram presos por causa do suposto envolvimento nos escândalos de corrupção. Isso poderia aumentar as oportunidades para os empreiteiros estrangeiros, disse Bendine. “Se não temos a capacidade de fazer isso aqui, obviamente, vamos olhar para alternativas no mercado exterior [Brasil].”

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.