Foco em Dilma, 13 governadores e 36 senadores: delações “bomba” alarmam Brasília; veja mais

O noticiário político é bastante movimentado no início desta semana, com destaque para as notícias de revistas semanais trazendo delações de Léo Pinheiro e Marcelo Odebrecht envolvendo todo o mundo político

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário do final de semana foi bastante movimentado, com revistas semanais e jornais trazendo notícias sobre delações premiadas do ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e Léo Pinheiro, da OAS. Veja os principais destaques:

Odebrecht e OAS
Como parte de um acordo de delação premiada, Marcelo Odebrecht deve mostrar as relações entre supostas propinas no exterior e doações relacionadas com a campanha de reeleição da presidenta afastada Dilma Rousseff, disse a Veja desta semana. Já a IstoÉ informou que ela teria pedido diretamente para Marcelo Odebrecht R$ 12 milhões em supostas doações ilegais de campanha. 

De acordo com a Veja, 50 executivos da Odebrecht devem negociar acordos de delação. A reportagem ainda afirmou que as delações premiadas do empresário Marcelo Odebrecht e de altos funcionários da empresa deverão citar pelo menos treze governadores e 36 senadores como beneficiários de propinas nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014. Segundo a publicação, a Odebrecht distribuiu, à margem da lei, cerca de R$ 100 milhões em recursos aos candidatos. 

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 A Veja também informou que o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, também dirá em sua delação premiada que pagou as reformas do sítio em Atibaia a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o tríplex no Guarujá realmente pertencia ao ex-presidente e que o senador Aécio Neves recebia 5% de propina das obras da Cidade Administrativa, em Minas Gerais, através de um emissário. Geddel Vieira Lima (Secretaria do Governo), Romero Jucá (senador e ex-ministro do Planejamento), Renan Calheiros (presidente do Senado) e Eduardo Cunha (presidente afastado da Câmara dos Deputados), todos do PMDB. De acordo com a Veja, Dilma Rousseff será o principal alvo das revelações de Marcelo Odebrecht. Todos os citados negaram que tenham cometido irregularidades. 

Conforme destaca a LCA Consultores,  apesar da negativa da presidente afastada, os partidos governistas querem aproveitar esse novo desgaste de Dilma para impulsionar o seu impeachment. Contudo, essas acusações de Odebrecht também podem prejudicar a chapa Dilma e Temer no TSE.

Sérgio Machado
Em delação premiada, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou que pagou R$ 70 milhões em propina de contratos da estatal para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da República e ex-senador José Sarney (PMDB-AP), entre outros líderes do partido, segundo reportagensdos jornais O Globo, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo.

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O valor mais expressivo, de R$ 30 milhões, foi destinado a Renan, que também é citado como principal responsável pela indicação de Machado para a presidência da Transpetro. Já Sarney e Jucá teriam recebido R$ 20 milhões cada. Os senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Jader Barbalho (PMDB-PR) também teriam recebido dinheiro desviado da empresa.

Renan negou que tenha recebido dinheiro de Machado: “Jamais recebi vantagens de ninguém e sempre tive com Sérgio Machado relação respeitosa e de estado”, disse o senador, segundo um de seus assessores ouvidos pelo O Globo. Em nota, Jucá disse que “nega o recebimento de qualquer recurso financeiro por meio de Sérgio Machado ou comissões referentes a contratos realizados pela Transpetro”. Sarney também nega ter recebido dinheiro de recursos ilegais. 

Apreensão em Brasília
A revelação do explosivo conteúdo de uma série de delações premiadas já concluídas ou em andamento envolvendo personagens de diversos partidos levará o sistema político brasileiro a refundar suas bases, caso seja confirmado o teor das acusações, informa O Globo, citando avaliação feita por lideranças das três legendas que se revezaram na Presidência da República nos últimos 21 anos, PMDB, PT e PSDB. 

Atos de Rodrigo Janot
Destaque ainda para algumas decisões do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Segundo a coluna de Lauro Jardim, do O Globo, o PGR já considera ter elementos para pedir o afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado. “A interlocutores, diz que não precisa que Renan seja réu para isso”, diz o colunista.

 Além disso, Janot pediu ao Supremo abertura de inquérito contra Renan, Jucá e Sarney, com base na delação premiada de Machado, que disse ter distribuído mais de R$ 70 milhões em propina de contratos da estatal para a cúpula peemedebista, segundo informações que foram divulgadas nesse domingo pelo Fantástico, da TV Globo. 

Além deles, o nome do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, também é alvo de Janot, informa a Folha. Janot afirmou ao STF que Alves atuou para obter recursos desviados da Petrobras em troca de favores para a empreiteira OAS. Parte do dinheiro do esquema deflagrado pela Operação Lava Jato teria abastecido a campanha de Alves ao governo do Rio Grande do Norte em 2014, quando ele acabou derrotado.

Por fim, em maio, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chegou a solicitar uma ação de busca e apreensão no Senado para coletar dados para inquérito contra o senador e presidente nacional do PSDB Aécio Neves, segundo informa o jornal Folha de S. Paulo. O objetivo era ter material para o inquérito que apura a acusação de que o tucano teria atuado para “maquiar” dados da CPI dos Correios, em 2005. Contudo, afirma o jornal, a medida foi abortada após o Senado ter garantido acesso irrestrito aos documentos. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), emitiu nota para rebater a versão de que os documentos da CPI teriam sido alvo de manipulação indevida e encaminhou ao STF uma petição dizendo que os documentos eram públicos e à disposição da Justiça. A suspeita contra Aécio foi levada à PGR pelo ex-senador Delcídio do Amaral, que afirma que o tucano teria atrasado o envio de dados do Banco Rural à CPI para poder “apagar dados bancários comprometedores” e evitar que a apuração sobre fraudes na instituição levasse a nomes do PSDB. 

Delação de Cerveró
Segundo o jornal O Globo, o ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró apontou em delação premiada o pagamento de pelo menos R$ 564,1 milhões em propina envolvendo negócios da estatal e de uma de suas subsidiárias, a BR Distribuidora, sendo que onze políticos são nominalmente citados como beneficiários dos desvios. 

Individualmente, o valor mais alto se refere à aquisição pela Petrobras, em 2002, da empresa petrolífera argentina Pérez Companc, negócio que teria rendido US$ 100 milhões em propina para integrantes do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em valores da época. Em 2007, outro negócio relativo à Pérez Companc voltaria a render propina, segundo Cerveró. Além disso, segundo Cerveró, a compra de blocos de petróleo em Angola gerou propinas de R$ 40 milhões a R$ 50 milhões para a campanha presidencial do PT de 2006, quando Luiz Inácio Lula da Silva era candidato à reeleição. O ex-diretor da Petrobras disse que obteve essa informação de Manoel Vicente, presidente da Sonangol, empresa estatal de petróleo de Angola. 

Quando as primeiras informações da delação de Cerveró vieram a público, FHC  defendeu o ex-presidente da estatal Francisco Gros. “Na época o presidente da Petrobras era Francisco Gros, pessoa de reputação ilibada e sem qualquer ligação politico partidária. Afirmações vagas como essa, que se referem genericamente a um período no qual eu era presidente e a um ex-presidente da Petrobras já falecido, sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação”. O Instituto Lula sempre rechaçou todas as acusações vindas de Cerveró.

Mantega e Palocci
A delação da Odebrecht vai implicar os ex-ministros da Fazenda Antonio Palocci e Guido Mantega, segundo informações da Folha de S. Paulo do último domingo. Segundo apuração do jornal, eles apareceriam em planilha de pagamento de propinas da empreiteira com os codinomes “Italiano” e “Pós-Itália”. Enquanto a Polícia Federal relacionou o primeiro codimone a Palocci desde que começou a investigar as planilhas de suborno, executivos da Odebrecht vão afirmar em acordo de delação que “Pós-Itália” se refere a Mantega. “Italiano” estaria ligado a um pagamento de R$ 6 milhões, enquanto o “pós-Italiano” estaria ligado a um repasse de R$ 50 milhões ao PT. 

O advogado dos ex-ministros, José Roberto Batochio, alega que “as delações não passam de ilações sem qualquer fundamento”.

AGU em risco
Em meio às notícias de que o chefe da Advocacia Geral da União, Fábio Osório Medina, estaria com o seu cargo em risco em meio a atritos dentro do governo Michel Temer, a FAB (Força Aérea Brasileira) divulgou nota dizendo que o voo que transportou  para a cidade de Curitiba, em 1º de junho, “seguiu todos os procedimentos formais e legais”. 

Segundo o jornal O Globo informou no sábado, o presidente interino Michel Temer decidiu demitir o chefe da Advocacia-Geral da União após uma série de atritos. Se essa baixa for confirmada, será a terceira em pouco mais de três semanas do governo interino: Romero Jucá (Planejamento) e Fabiano Silveira (Transparência e Controle) deixaram o cargo após a divulgação de áudios de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. 

O AGU, segundo o jornal, tentou embarcar esta semana para Curitiba, na Base Aérea e teve o pedido negado – após a recusa, ele deu uma carteirada nos oficiais da Aeronáutica, dizendo ter status de ministro de Estado. A confusão chegou ao gabinete de Temer. Além disso, o presidente interino descobriu que ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli só revogou sua decisão de demitir o presidente da EBC, Ricardo Melo, porque o advogado-geral da União, que faria a defesa do governo, estava na viagem a Curitiba. 

A coluna Radar Online, da Veja, também destaca os atritos de Osório com a equipe de Temer. Medina teria se indisposto com o titular da Casa Civil logo nos primeiros dias: pediu uma reunião urgente com Temer, passando à frente de Eliseu Padilha. Ao final do encontro, descobriu-se que a urgência foi só um jeito de “furar a fila”, o que deixou Padilha enfurecido. Em nota, a assessoria de imprensa do AGU negou a notícia e disse que “apesar das ilações equivocadas sobre sua atuação, ele permanece trabalhando na defesa do Estado Brasileiro e dos atos do presidente da República, sempre com responsabilidade, equilíbrio, seriedade e transparência”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.