FHC pede que Temer tenha “gesto de grandeza” e renuncie, pelo bem do País

"Temer tem a responsabilidade e talvez a possibilidade de oferecer ao país um caminho mais venturoso, antes que o atual centro político esteja exaurido", diz o tucano em artigo para a Folha de S. Paulo

Paula Barra

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SÃO PAULO – Em um horizonte político nebuloso e com clara urgência de uma solução para seja restabelecida a confiança entre os brasileiros e, consequentemente, a retomada do crescimento econômico, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pede, em artigo escrito para a Folha de S. Paulo, que o presidente Michel Temer tenha gesto de grandeza e renuncie, pelo bem do Brasil. 

Diante da paralisia instalada pela crise, o tucano aponta que a renúncia como uma alternativa menos dura para o País, citando que uma eventual demanda do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedindo a suspensão do mandato presidencial por até 6 meses geraria um ambiente caótico. Seriam meses de angustia até chegar à absolvição [pelos ministros do STF] – caso em que a volta de um presidente alquebrado pouco poderia fazer para dirigir o país- ou a novas eleições. “Nem assim, portanto, as incertezas diminuiriam –nem tampouco a descrença popular”, diz.

O tucano lembra que disse repetidas vezes que a administração do peemedebista atravessaria uma “pinguela”, assim como a gestão de Itamar Franco (1992-1994). Ambos com pouco tempo para resolver grandes questões: num caso, o desafio central era a inflação; agora é a retomada do crescimento, que necessita das reformas congressuais.

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Ele não nega, contudo, os avanços obtidos pelo governo Temer no Congresso, nem os méritos nos avanços em setores econômicos, mas ressalta que, ainda que consiga se manter, o presidente terá uma enorme dificuldade para fazer o necessário em benefício do povo.

“Neste quadro, o presidente Michel Temer tem a responsabilidade e talvez a possibilidade de oferecer ao país um caminho mais venturoso, antes que o atual centro político esteja exaurido, deixando as forças que apoiam as reformas esmagadas entre dois extremos, à esquerda e à direita”, diz.

Para o tucano, Temer poderia aproveitar o desejo da sociedade por mudanças e promover uma reforma no Congresso, com uma proposta de emenda constitucional que adiantasse as eleições. “Apelo, portanto, ao presidente para que medite sobre a oportunidade de um gesto dessa grandeza, com o qual ganhará a anuência da sociedade para conduzir a reforma política e presidir as novas eleições. Quanto tempo se requer para aprovar uma proposta de emenda à Constituição e redefinir as regras político-partidárias? De seis a nove meses, quem sabe?”

O ex-presidente encerra o texto apontando que esse caminho abriria uma “vereda de esperança” e ainda seria possível que a história reconhecesse os méritos do autor de uma proposta política de trégua nacional e se evitasse uma “derrocada imerecida”.

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