FHC diz que situação econômica é desesperadora e sugere “renúncia com grandeza” de Dilma

Em entrevista ao Roda Viva, ex-presidente afirmou que Dilma é "pessoalmente honrada", mas responsável politicamente pela corrupção no governo, mas que tem que esperar para dizer o mesmo sobre a honra de Lula

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que a situação econômica do Brasil é “desesperadora” e falou sobre a condução do País pela presidente Dilma Rousseff. Ele afirmou que, embora “politicamente” seja responsável pelos escândalos de corrupção dentro do seu governo, Dilma é “pessoalmente honrada”, por não pegar o dinheiro de corrupção para si. Contudo, diz que “tem que esperar para dizer o mesmo”, sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

“A situação econômica [do país] é desesperadora. Ela não tem que ir lá nos Estados Unidos e dizer que o Brasil está mal porque a democracia é adolescente. Vai mal porque está sem rumo”, afirmou, referindo-se à entrevista concedida por Dilma e veiculada neste final de semana pela CNN.

“Tinha que ter uma renúncia com grandeza. A presidente Dilma não pode desconhecer o que nós conhecemos, que a economia está em uma situação desesperadora, que há uma crise política. Ela tinha que dizer: ‘eu saio, eu renuncio, mas eu quero que o Congresso aprove isso, isso e isso'”, afirmou. 

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Ao falar sobre a declaração referindo-se a honradez da presidente, ele afirmou ter falado sobre o assunto para uma revista alemã: Imagina que um ex-presidente vai dizer a uma revista estrangeira que o presidente do seu país não é honrado? Não vai. Não deve. Mas, além disso, eu acho. Não vejo que a Dilma tenha pessoalmente envolvimento”. Sobre Lula, ele afirmou que “tenho que esperar para ver”. 

Ao ser questionado sobre o posicionamento do PSDB com relação ao pedido de impeachment, FHC afirmou que o partido está sendo “prudente” e criticou as declarações da presidente de que a oposição tenta dar um golpe. “Ninguém está cogitando dar golpe. Impeachment não é golpe. Precisa ter condição, mas não é golpe”, afirmou.

Sobre as investigações frente as relações de Lula com as empreiteiras que firmaram negócios com auxílio do BNDES no exterior, o tucano destacou: “Uma coisa é você ter um convite de um empresário e fazer uma palestra. Mas aí você faz a palestra, as pessoas vão [assistir]. Agora, você abrir portas…” E completou: “Se [Lula] fez uma palestra e ganhou, tenho inveja porque ganhou dez vezes mais do que eu”.

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O ex-presidente voltou a falar que o País está sem rumo e que a política “dança ao ritmo da crise econômica e da operação Lava Jato”. 

Ao falar sobre o sistema político, FHC afirmou que  se qualquer um estivesse na Presidência, hoje, estaria enrolado. “Como se forma maioria?”, questionou. 

O sistema político fracassou, afirmou, destacando que, recentemente, o Congresso perdeu uma oportunidade de fazer uma reforma que levasse à redução da fragmentação do Congresso. “O sistema está viciado e isso é mais grave do que o problema da economia”, afirmou.

Reeleição
Sobre temas abordados no seu livro a ser lançado essa semana, Diários da Presidência, FHC admitiu que pode ter havido compra de votos para aprovar a emenda que instituiu a reeleição. Porém, se ela ocorreu, não foi patrocinada por ele ou pelo seu partido. Ele lembrou  que prefeitos e governadores também foram beneficiados com a medida.

“Se houve compra, foi coisa deles [dos parlamentares]. Não duvido [que possa ter havido]. Mas condenamos”, afirmou.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.