Ex-procurador da Operação Mãos Limpas chama acusações à Lava-Jato de ‘sem-vergonhismo’

Antonio Di Pietro liderou o maior inquérito anticorrupção da história da Itália, que causou um terremoto político no país no início dos anos 1990 e levou à extinção da Democracia Cristã e do Partido Socialista Italiano, que governavam desde o fim da Segunda Guerra

Equipe InfoMoney

Publicidade

(ANSA) – O ex-procurador da Operação Mãos Limpas Antonio Di Pietro afirmou que as acusações de supostos abusos da Lava-Jato são uma forma de “tirar a atenção da opinião pública e deslegitimar a investigação”.

Di Pietro liderou o maior inquérito anticorrupção da história da Itália, que causou um terremoto político no país no início dos anos 1990 e levou à extinção da Democracia Cristã e do Partido Socialista Italiano, que governavam desde o fim da Segunda Guerra.

“Fico muito triste de saber que, no Brasil, assim como na Itália, estão criando um movimento de desinformação para tentar tirar a atenção das pessoas e confundir as avaliações dos cidadãos”, disse o ex-procurador à Folha de S. Paulo.

Masterclass

O Poder da Renda Fixa Turbo

Aprenda na prática como aumentar o seu patrimônio com rentabilidade, simplicidade e segurança (e ainda ganhe 02 presentes do InfoMoney)

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Segundo ele, acusar um juiz de ter cometido abusos serve para “tirar a atenção da opinião pública e deslegitimar a investigação”. “Quando é acusada de um crime, a pessoa tem que mostrar que não cometeu, não que não gosta do juiz. É muito sem-vergonhismo”, acrescentou. Além disso, Di Pietro chamou de “operação criminal” o vazamento de mensagens privadas entre procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF) e o então juiz Sergio Moro, que trocou a magistratura pela política ao se tornar ministro da Justiça do governo Bolsonaro.

O ex-procurador, no entanto, isentou jornalistas. “Vi uma grande ilegitimidade, um grande crime, na obtenção não autorizada do conteúdo das conversas. É uma operação criminal. Quando uma informação é obtida de forma criminal não deveria ser feito nenhum uso dela. Outra coisa é a figura dos jornalistas. Jornalista não deve cometer crimes, mas tem o dever de informar”, salientou. Di Pietro disse discordar da divulgação das conversas, mas ressaltou que “o jornalista não deve ser punido porque tem o dever dele de informar amparado pela Constituição.” Lava Jato x Mãos Limpas “Herói” da Operação Mãos Limpas, Di Pietro abandonou a magistratura em 1994 e, poucos anos depois, entrou para a política, mas nunca alcançou o mesmo sucesso. Ele foi ministro de governos de centro-esquerda, senador, deputado e eurodeputado, mas hoje não exerce cargo público.

Em sua carreira, Di Pietro adotou um viés antiberlusconista, contra as “castas” e de defesa de uma Justiça rápida e severa contra políticos, antecipando de certa forma o discurso antissistema do Movimento 5 Estrelas (M5S), hoje no poder. Quando procurador, usou táticas depois empregadas por Moro e pela Lava Jato, como as prisões para conseguir delações premiadas.

Continua depois da publicidade

Embora popular em um primeiro momento, Di Pietro quase nunca obteve votações expressivas, com exceção de sua vitória para o Senado na Toscana, ainda em 1997, com 67,8% dos votos. (ANSA)

Quer saber o que esperar da política nos próximos meses? Insira seu e-mail abaixo e receba, com exclusividade, o Barômetro do Poder – um resumo das projeções dos principais analistas políticos do país:

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.