Ex-diretor da PRF Silvinei Vasques é preso por interferência nas eleições

Agentes também cumprem 10 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal

Luís Filipe Pereira

O diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, durante entrevista coletiva sobre a Operação Eleições 2022 no segundo turno.

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O ex-diretor geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, foi preso em Florianópolis (SC) pela Polícia Federal, nesta quarta-feira (9), em uma operação para apurar possível interferência da PRF no dia do segundo turno das eleições de 2022. Na ocasião, foram registradas ações de fiscalização que atrapalharam o deslocamento de eleitores em rodovias do Nordeste, região que concentrava grande parte dos eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Além da prisão preventiva do ex-diretor da PRF, agentes também cumprem 10 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, além do Distrito Federal. Batizada de “Constituição Cidadã”, a operação conta com o apoio da Corregedoria Geral da PRF, que também determinou a oitiva de 47 policiais rodoviários federais.

Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, em junho, o ex-diretor da corporação negou que as ações nas rodovias federais tenham sido planejadas com o propósito de interferir no deslocamento de eleitores de Lula. Na ocasião, Silvinei argumentou que houve 694 pontos de fiscalização em estradas de todo o país, e chegou a afirmar que a região Nordeste foi onde menos houve operações no dia do segundo turno.

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A relatora da comissão, Eliziane Gama (PSD-MA), contestou a versão do ex-diretor, e apresentou dados do Ministério da Justiça indicando que houve aumento na quantidade de blitze na região. O deputado Duarte (PSB-MA) e outros parlamentares da base governista, como a deputada Jadira Feghali (PC do B-RJ), endossaram os argumentos da relatora. Duarte informou que o Nordeste passou de 1.378 inspeções, fiscalizações e operações no primeiro turno, para 2.842 no segundo turno.

Na CPMI, Vasques também foi indagado quanto à omissão da PRF em desmobilizar bloqueios em estradas feitos por apoiadores de Jair Bolsonaro logo após o anúncio da vitória de Lula nas eleições, e também negou a existência de qualquer falha na coordenação dos trabalhos dos agentes para dissipar os manifestantes das rodovias. Com a prisão do ex-diretor, a comissão deverá votar nos próximos dias um requerimento para que ele compareça novamente ao colegiado.

Ação por improbidade

Em novembro do ano passado, a Justiça Federal do Rio tornou Vasques reú em ação por improbidade administrativa, sob acusação de usar a imagem da PRF para “promover efetivas manifestações, por vezes veladas e outras ostensivas, de apreço ao atual presidente da República e candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro, com o fim de obter proveito de natureza político-partidária”.

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Na época, o Ministério Público Federal também acusou o ex-diretor da PRF de uso indevido do cargo, desvio de finalidade e uso de símbolos e imagens da instituição policial para favorecer Bolsonaro na corrida presidencial.

A denúncia alegava que, ao longo da campanha, Vasques fez postagens de cunho eleitoral em suas redes sociais e, na véspera do segundo turno, usou sua conta no Instagram para pedir abertamente voto no então presidente que concorria à reeleição. O processo também cita as operações de fiscalização nas estradas federais no dia do segundo turno, o que poderia atrapalhar o deslocamento de eleitores de Lula, e consequentemente beneficiar Bolsonaro.

Em dezembro, a PRF concedeu aposentadoria a Vasques “com proventos integrais e paridade correspondentes ao subsídio do cargo efetivo”. Na PRF desde 1995, Vasques tem 27 anos de tempo de contribuição para a Previdência, e se beneficiou da regra em vigor quando entrou no órgão, que permite encerrar a carreira com 20 anos de atividade policial, independentemente da idade.

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(Com Agências)