Europa: saída para crise fiscal está distante e mercado sentirá impacto, diz banco

Humor do mercado não refletiu notícia negativas de Portugal na última semana, mas isso não significa que solução está próxima

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SÃO PAULO – Frente às crises enfrentadas na Líbia e no Japão, o mercado parece ter dado pouca importância para as notícias fiscais da Europa na última semana, que incluíram crise política e possibilidade de resgate à Portugal, seguida pela reunião de cúpula da Zona do Euro, a qual apontou poucas medidas de efeito prático.

Na última semana, os principais índices de ações das economias centrais mantiveram-se em valorização mesmo nas sessões em que a crise na região esteve em maior evidência, como na quinta-feira (24). Na data, apesar da não aprovação das reformas em Portugal, não houve reação negativa por parte do mercado.

Solução distante
Entretanto, isso não significa que o assunto tenha perdido importância, uma vez que ainda não há sinais claros de solução definitiva para os problemas fiscais dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) e muito menos de quando isso ocorrerá. Ou seja, analistas trabalham com turbulências à vista. 

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As medidas tomadas na reunião de cúpula da última sexta-feira foram encaradas com ceticismo por James Nixon, economista do Société Générale, que afirma que “os acordos firmados pelos líderes europeus deixam a Zona do Euro com o mesmo poder de lidar com o alto endividamento soberano dos países da região de um ano atrás”.

Medidas vagas
Para ele, uma das maiores provas do fracasso do encontro está no trecho “cada país é responsável pelas políticas específicas que escolher”, o qual está bem distante do que fora ventilado anteriormente em torno de ações conjuntas, como um pacto para promover competitividade, por exemplo.

Foram estabelecidas ainda algumas medidas que visam forçar a redução dos níveis absolutos de endividamento, como o ponto que estabelece a redução em um vigésimo por ano da atual diferença entre o nível de endividamento de um país (em relação ao Produto Interno Bruto) e a meta final de 60% (também como proporção do PIB) estabelecida pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento.

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Para Nixon, ainda restam dúvidas quanto à efetiva implementação de tais medidas na prática. Ademais, cada país que captar dinheiro junto ao ESM (Mecanismo Europeu de Estabilização) estará sujeiro às normas do FMI (Fundo Monetário Internacional), o que segundo Nixon é “extraordinariamente vago e pouco claro quanto ao seu funcionamento na prática”.

Como consequência das medidas pouco profundas, é grande a possibilidade de que Grécia e Irlanda, além de Portugal, necessitem resgates adicionais daqui a três anos, quando seus programas de reformas estiverem encerrados. “A não ser que por milagre eles sejam capazes de acessar os mercados novamente”, completou o economista. 

Portugal no limbo
Para Nixon, Portugal segue no limbo e lá deve permanecer pelo menos até as eleições programadas para cinco de junho, com a oposição, favorita para a vitória, afirmando que irá recorrer a um resgate caso seja necessário.

Ao mesmo tempo, a Irlanda segue tentando reestabilizar seu sistema financeiro, e segundo o Wall Street Journal, o BCE (Banco Central Europeu) está desenvolvendo um plano de liquidez para manter a sobrevivência do setor ao menos no médio prazo.

Espanha menos vulnerável
Mais confortável, a Espanha conta com perspectivas consideravelmente melhores e, na opinião de Nixon, não haverá necessidade de resgate, conforme alguns chegaram a prever no início deste ano após as agências de classificação de risco Moody’s e Fitch terem cortado o rating do país.

O economista justifica que o mercado já traça uma linha clara de sepração entre Espanha e Portugal, Irlanda e Grécia, uma vez que os esforços do país em termos de ajustes nas finanças públicas e no setor bancário têm surtido efeitos positivos, fazendo com que seus problemas, apesar de expressivos, sejam administráveis.

No entanto, a possibilidade de deterioração da economia da região pode provocar outro turno de contágio para a Espanha, principalmente se o seu crescimento for afetado por uma elevação da taxa básica de juros por parte do BCE, alerta Nixon.

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