Eurasia vê Bolsonaro fortalecido com PEC dos Auxílios, mas mantém Lula favorito na disputa

Para analistas, medidas equilibram a corrida e podem reduzir vantagem do petista, mas não seriam suficientes para mudar significativamente o cenário

Marcos Mortari

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A combinação de crescimento econômico maior do que o esperado pelo mercado, aumento nos pagamentos de programas de transferência de renda via PEC dos Auxílios e medidas para reduzir os preços dos combustíveis devem fortalecer o presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa por mais um mandato à frente do Palácio do Planalto.

É o que avaliam os analistas da consultoria internacional de risco político Eurasia Group. Em relatório enviado a clientes na última segunda-feira (18), no entanto, os especialistas mantiveram a visão de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é favorito na eleição presidencial.

Eles ressaltam que incumbentes costumam pagar um preço alto em situações de deterioração econômica e levam tempo para recuperar credibilidade quando os indicadores começam a melhorar. E acreditam que este pode ser o caso de Bolsonaro no pleito de outubro, sobretudo quando se observa a perda de renda de parcela expressiva da população.

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“Apesar da recuperação parcial na renda e do desemprego caindo abaixo de 10% ao final de maio, pesquisas mostram que a maioria dos eleitores segue pessimista com as atuais condições econômicas”, observam os especialistas.

Eles também acreditam que a cristalização precoce da preferência de boa parte dos eleitores pode dificultar um movimento de recuperação de Bolsonaro a menos de três meses do pleito.

Atualmente, Lula lidera em todas as pesquisas divulgadas, com chance de vitória já em primeiro turno em algumas delas – cenário para o qual os analistas da Eurasia Group atribuem probabilidade baixa, de apenas 10%.

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Para os especialistas, há 85% de chance de Lula e Bolsonaro se enfrentarem no segundo turno. Neste caso, o petista seria o favorito, com 65% de chance de vencer – vantagem 5 pontos percentuais menor do que em relatório anterior.

Já a probabilidade de Lula enfrentar um candidato da chamada “terceira via” é estimada em 5%, e pode cair futuramente, segundo os mesmos analistas. Para eles, este cenário hoje representa o maior risco para Lula.

Neste caso, um adversário fora da atual polarização, que poderia ser Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) ou outro nome de um terceiro partido, teria 45% de chance de derrotar o petista se conseguisse superar a barreira do primeiro turno – o que parece ainda mais difícil com o esperado fortalecimento de Bolsonaro em razão dos movimentos recentes.

A Eurasia Group utiliza um método baseado em três grandes variáveis para projetar cenários eleitorais: 1) um modelo de correlação entre avaliação de governo e chances de vitória do incumbente, desenvolvido pela empresa de pesquisas Ipsos Public Affairs; 2) outro modelo baseado nos temas prioritários para o eleitor e como os assuntos se relacionam com as principais candidaturas postas; 3) projeções com base nas pesquisas de intenções de voto.

“Os índices de aprovação de Bolsonaro vão provavelmente subir um pouco adiante, na reta final da campanha, com a combinação de um esperado alívio na inflação para julho juntamente com o pagamento de parcelas maiores do Auxílio Brasil a partir de agosto”, pontuam.

“O aumento gradual na aprovação de Bolsonaro no mínimo sugere que o presidente continua competitivo. Mais importante, essa recuperação está intimamente relacionada ao principal tema das eleições: a economia. A grande questão é quanto todos esses fatores tendem a ajudar Bolsonaro. Nossa resposta é que tende a ser apenas uma ajuda modesta”, continuam.

Na avaliação da Eurasia Group, as medidas recentes equilibram a disputa eleitoral, mas não seriam suficientes para mudar o cenário de forma significativa.

O efeito colateral do movimento, eles apontam, pode ser um exagero nas expectativas de agentes econômicos em relação às chances de vitória de Bolsonaro durante a campanha.

Hoje, a vantagem de Lula sobre Bolsonaro nas pesquisas gira em torno de 15 pontos percentuais. Durante a campanha, os analistas esperam que ela caia para algo entre 6 e 9 pontos, em meio às propagandas do governo e as associações da imagem do petista a escândalos de corrupção.

“Bolsonaro pode vencer. Se isso acontecer, será em razão de vulnerabilidades de Lula acima do esperado, e um maior impacto das medidas econômicas do que Eurasia Group está estimando. Possível, mas improvável”, concluem.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.