Eurasia vê 70% de chance de impeachment e uma “última esperança” para o governo

Última esperança do governo são novas revelações contra o PMDB e o PSDB até a votação do domingo, aponta consultoria

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em relatório, a consultoria de risco político Eurasia Group revisou a probabilidade de impeachment de 60% para 70%, enquanto as chances da presidente Dilma Rousseff não terminar o mandato continuam em 75%. 

Conforme destacam os analistas da consultoria, com apenas quatro dias para a votação do impeachment na Câmara dos Deputados, o cenário voltou a ser novamente negativo para o governo. Após a Comissão do Impeachment aprovar o relatório de Jovair Arantes (PTB-GO) por 38 votos a 27, o PP e o PRB anunciaram a saída do governo, com indicações de que podem ser seguidos por PSD e também o PR. 

“É importante notar que a nossa probabilidade de que Dilma Rousseff não termine seu mandato manteve-se em 75%. Nossas dúvidas sempre resultaram mais da forma como a presidente iria cair, não se ela cairia”, afirmam. 

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Para a Eurasia, a votação na Comissão Especial de Impeachment, a pendência de nomeação de Lula ao cargo de ministro e os apoios de partidos ao impeachment são elementos que influenciaram nessa revisão de cenário. 

Em primeiro lugar, a margem confortável através da qual a comissão aprovou o impeachment sugeriu que os partidos centristas, mesmo aqueles que ainda estão negociando com o governo, estão desembarcando. Em segundo lugar, a oposição pública do procurador geral da República Rodrigo Janot contra Lula como ministro minou a credibilidade do petista nas negociações com partidos centristas. Além disso, a decisão do promotor sugere que ele vê a nomeação como uma obstrução da justiça – um delito passível de impeachment. “O imbróglio em torno da nomeação de Lula como ministro foi um tiro que saiu pela culatra contra Dilma”, afirma a consultoria. 

“O fator crucial segue nas expectativas em relação à capacidade de Dilma para sobreviver. Com o destino de Lula em questão e a Lava Jato a todo vapor, os partidos centristas concluíram que Dilma não tem poder de continuar. O jogo de expectativas agora favorece impeachment, com segmentos anteriormente não alinhados buscando acordos com Michel Temer, estimulando outros a abandonar o navio antes da votação de domingo”. 

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“Acreditamos ser improvável o governo conseguir reverter esta narrativa, e estimamos que o campo pró-impeachment vai aumentar nos próximos dias”, destaca a consultoria. 

As indicações agora se voltam para a Operação Lava Jato e para os protestos, destaca a Eurasia, citando a fase Vitória de Pirro da Lava Jato, que prendeu o ex-senador Gim Argello. “Essa fase não foi um divisor de águas, e reduziu as chances de prisões mais consequentes que ocorram antes da votação de domingo. Mas novos vazamentos de informações são possíveis, se não prováveis. A última esperança do governo é que uma nova revelação tenha como alvo o PMDB ou o PSDB. Quanto aos protestos, ainda esperamos as manifestações pró-impeachment nos próximos dias ultrapassem os pró-governo, o que deve gerar ainda mais dificuldade para que os deputados se abstenham ou votem contra o impeachment”.

Caso o processo avance e chegue ao Senado, a Eurasia afirma que é difícil dizer quanto tempo o processo irá durar. Primeiro, inicia-se a votação para a abertura do processo, sendo necessária a maioria simples de 81 senadores. A Constituição estipula que Dilma Rousseff retome ao seu posto ou sofra o impeachment em até de 180 dias. “O julgamento, no entanto, será mais rápido do que isso, provavelmente dois ou três meses”, afirma a consultoria. 

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.