Eurasia prevê impasse de alto risco para PEC da previdência e “algum sell-off” no mercado

Por outro lado, esse sell-off no mercado durante a tramitação da reforma no governo (que apresenta resistências substanciais) pode ser importante para a "aprovação robusta"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A reforma da previdência tem uma grande chance de passar de forma “razoavelmente robusta”. Porém, ela promete fortes emoções para o mercado, segundo ressalta a consultoria de risco político Eurasia em relatório publicado na última quinta-feira (16). 

De acordo com os analistas políticos, apesar de a probabilidade de 70% de 
aprovação de uma reforma da Previdência “relativamente robusta” permanecer inalterada, consultas recentes entre aliados do presidente Michel Temer no Congresso verificaram que resistências a mudanças-chave propostas permanecem substanciais. ” Isso sugere que grandes disputas entre governo e parlamentares podem ser necessárias na busca pela obtenção de maioria a favor na Câmara dos Deputados”, afirmam.  

Entre as resistências destacadas, a Eurasia aponta que conversou com as lideranças de partidos governistas, entre eles PMDB, PSDB, DEM, PSB, PP, PSD e PSC. Ouviu-se muito pouco a ideia de rejeitar totalmente a proposta. Porém, a maior parte dos líderes sugere que irá votar a reforma, mas com mudanças na idade mínima de aposentadoria, nas aposentadorias rurais, nas regras de transição e nos benefícios para os mais pobres ou para pessoas com deficiência. Assim, a consultoria avalia que ainda há desconexão entre o governo ( que vê necessidade de aprovar uma reforma robusta) e a base no Congresso (“compreensivelmente preocupada” com o efeito de medidas impopulares).

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Esse eventual “impasse de alto risco”, com impacto negativo sobre o mercado, por outro lado, pode ser necessário para ajudar a reunir maioria em favor do projeto do governo na Câmara dos Deputados. A Eurasia aponta que, caso a resistência do Congresso for muito grande e o governo Temer não avançar a proposta, o impasse pode causar desconforto nos mercados, levando a uma alta do dólar, queda da Bovespa e avaliação entre os economistas que a retomada está em risco. Essa volatilidade pode ser um instrumento efetivo para elevar o “fator medo” no Congresso sobre as repercussões de não aprovarem a reforma, o que daria credibilidade às afirmações do governo de que todos perdem no próximo pleito, de 2018, se a proposta não passar. 

Desta forma, a Eurasia aponta que a tramitação da PEC da previdência não deve ser suave, mas não é suficiente para diminuir a avaliação de que uma reforma “razoavelmente robusta” vai ser aprovada. Assim, os consultores apostam que algo em cerca de três quartos da proposta irá passar. “Mas, evidentemente, o que é aprovado na reforma não é um evento binário”, aponta. Para a Eurasia, uma versão ´´e considerada “razoavelmente robusta” se metade ou mais das propostas do governo forem aprovadas; eles veem chances de 30% disso não ocorrer, o que resultaria em uma reforma muito diluída. Eles ainda apontam que os protestos realizados na última quarta contra reforma da Previdência tiveram participação
modesta e não alteram perspectiva da reforma no Congresso. 

(Com Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.