Eurasia: impeachment de Dilma é improvável – mas Lula é o “curinga” que pode mudar cenário

Segundo a consultoria, governo provavelmente sofrerá reveses políticos nos próximos 6 a 8 meses; com Lava Jato se aproximando de Lula, eles elevaram as chances de impeachment para 30%

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em novo relatório, a consultoria de risco político Eurasia cortou de neutra para negativa sua perspectiva política do Brasil no curto prazo, elevando de 20% para 30% a chance da presidente Dilma Rousseff (PT) não concluir seu mandato. “Com investigações da Lava Jato se aproximando de Lula, cresce o risco de um racha maior entre Lula e Dilma de forma a isolar a presidente e deixar o ambiente político ‘altamente carregado’, disse a Eurasia em relatório.

“Nós ainda não achamos que o impeachment é provável. Ainda há divergências dentro do campo da oposição sobre a estratégia, bem como os méritos, de tirar a presidente. Igualmente importante, o PMDB não compactua com esse cenário. Mas as chances de tal cenário têm crescido dada a investigação na Lava Jato estar cada vez mais implicando integrantes do PT”, destacam os analistas Christopher Garman, João Augusto de Castro Neves e Cameron Combs. E, mesmo dentro do PSDB, o governador paulista Geraldo Alckmin e o senador José Serra, que também estão de olho na presidência em 2018, veem que é mais efetivo deixar Dilma no poder do que fazer um impeachment. 

Segundo os analistas, o futuro da Operação Lava Jato é o maior risco para a presidente, sendo que os fatos das últimas 3 semanas, em especial as prisões dos donos da Odebrecht e Andrade Gutierrez, reforçaram o cenário negativo. “O governo provavelmente sofrerá reveses políticos nos próximos 6 a 8 meses”, afirmam os especialistas.

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Em meio ao cenário ainda improvável para o impeachment, a Eurasia destaca que o curinga que poderia mudar esse cálculo é Lula. Se ele está implicado nas investigações, o ambiente político bastante complicado resultaria em tal desenvolvimento. “Se Lula está implicado, ele poderia gerar um maior racha entre o PT e o governo de Dilma Rousseff. O ex-presidente tem demonstrado que, quando ameaçado, seus instintos o levam para as bases tradicionais de apoio do PT, agitando movimentos sociais e sindicatos, lançando as operações de corrupção como uma conspiração elitista contra o trabalho organizado, o PT, e contra o seu retorno ao poder em 2018”.

Dilma teria, então, uma escolha muito difícil, se Lula estivesse implicado. Ela pode defender seu partido e Lula, ou abraçar uma agenda anti-corrupção que viraria as costas para o PT, a fim de salvar sua própria pele. Dado que

Dilma Rousseff nunca foi uma operadora política dentro do PT, ela provavelmente seria a favor do último, afirma a Eurasia. “Se assim for, o PT pode não só tomar as ruas para defender Lula e o partido, mas o partido pode opor-se a agenda de consolidação fiscal do governo para um grau ainda maior. Mais importante, seria ótimo um ambiente de polarização política em que tanto o PSDB e PMDB pudessem concluir que uma solução para a ‘crise’ nacional deve ser dada através da criação de um governo de unidade nacional.

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Por ora, destaca a consultoria, Dilma Rousseff e o destino político de Lula estão interligados. Mas se as investigações chegarem a Lula, um racha maior poderia surgir entre os dois de uma maneira que isolaria a presidente e levaria a um ambiente político muito mais carregado.

O relatório lembra ainda que o ex-presidente tem”notavelmente vocalizado mais as suas críticas” contra a atual governante. “A reunião de Lula com parlamentares do PT enquanto Dilma estava nos EUA mostrou que ele está operando de forma mais independente […] Um racha mais grave entre Lula e Dilma é a sinalização mais saliente para o seu impeachment”, disse a Eurasia.

“As razões têm menos a ver com potenciais provas que possam implicar a presidente e mais com o ambiente altamente carregado e polarizado resultante de um rompimento – que, por sua vez, criaria condições políticas para um impeachment”, concluem.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.