Eterno líder do governo, Jucá chega ao Planejamento como negociador hábil

Economista de formação e um dos homens do plano econômico do PMDB, iniciou sua vida política como diretor da Secretaria de Educação de Pernambuco, mas foi em Roraima que estabeleceu sua base política

Reuters

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BRASÍLIA (Reuters) – Hábil e firme negociador, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), novo ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, é figura carimbada na política brasileira, acumulando a proeza de ter sido o líder da base no Senado tanto nos dois últimos governos petistas, como na gestão de Fernando Henrique Cardoso.

Economista de formação e um dos homens do plano econômico do PMDB, iniciou sua vida política como diretor da Secretaria de Educação de Pernambuco, mas foi em Roraima que estabeleceu sua base política.

Depois de presidir a Fundação Nacional do Índio (Funai), foi nomeado, em setembro de 1988, pelo então presidente da República José Sarney como governador de Roraima, quando o atual Estado ainda tinha o status de Território. E permaneceu no cargo quando, logo em seguida, Roraima se tornou Estado.

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De lá para cá, acumulou ampla bagagem política, além de experiência na administração pública, rendendo-lhe agora o comando do Ministério do Planejamento mesmo tendo sido citado em delação premiada da Lava Jato, que apura irregularidades na Petrobras, e apesar de ser alvo de investigação sobre suspeita de compra de emendas de medidas provisórias.

Protagonista de momentos decisivos, conhece como poucos os meandros do Congresso e do Orçamento. Para ficar só em dois exemplos: Jucá é apontado como responsável pela aprovação do marco regulatório do pré-sal quando liderava a bancada governista no Senado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e foi o relator do projeto que mudou a meta fiscal no fim do primeiro mandato de Dilma Rousseff.

Embora tenha ajudado os governos petistas, desde a campanha de 2014, passou a assumir postura declaradamente contrária a Dilma. À medida que o pedido de impeachment ganhava força, o senador e presidente interino do PMDB não só endureceu o discurso, como passou a atuar para que a Câmara autorizasse a abertura do processo contra a chefe do Executivo.

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CRIATIVO
Jucá é descrito por um cacique de seu partido como alguém que domina profundamente a arte de negociar, com a ressalva de que lhe falta um talento mais “primoroso” como orador. Isso, no entanto, não o impede de participar do jogo político da retórica.

“Ele sabe fazer manobras, e sabe argumentar. E se não tiver argumento, inventa um”, contou o correligionário.

Também é atribuído ao senador um faro político apurado, capaz de captar movimentos antecipadamente e se preparar de antemão, como mostraram os acontecimentos das últimas semanas.

Um líder de um partido do chamado centrão, ao reconhecer a capacidade de articulação de Jucá, apontou que um dos grandes erros de Dilma foi tirá-lo da liderança do governo no Senado em seu primeiro mandato. Faz sentido. Uma das brincadeiras a cada ano eleitoral dizia que não se sabia quem seria o próximo presidente da República, mas o futuro líder do governo seria Jucá.

Mesmo assumindo o Planejamento em um governo interino de Temer, será extremamente útil ao Palácio do Planalto na articulação com os senadores, em um momento que a Casa será o centro das atenções, justamente por conduzir nas próximas semanas o julgamento do impeachment de Dilma.

Segundo uma liderança da oposição, o fato de Jucá se esforçar para cumprir os compromissos que assume o credencia para o título de hábil negociador, inclusive com aqueles que não integram o governo.

“Essa é a marca. Os acordos que ele fez como líder de governo, ele cumpria todos. Ele é homem de cobrar (que sejam cumpridos)”, disse o oposicionista.

A postura firme para que acordos sejam cumpridos, afirmam parlamentares consultados pela Reuters, confere ao senador nascido em Recife uma capacidade ímpar de articulação. E, garantem colegas de Senado, faz dele não um “brigão”, mas um “enérgico” político que nenhum governo deveria preterir.

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