Estratégia de gestão: GT Investimentos vê medo excessivo de realização

Dadas as perspectivas, asset mantém seus investimentos alocados em setores mais ligados à economia doméstica

Julia Ramos M. Leite

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SÃO PAULO – André Gordon, sócio-gestor da GT Investimentos, usa uma conhecida história infantil – Chapeuzinho Vermelho – para explicar sua teoria sobre os recentes temores de que os mercados estejam avançando sem fundamentos, e que um movimento de realização de lucros esteja próximo.

Se Chapeuzinho Vermelho tivesse analisado os dados que tinha em mãos – vendo que aquele animal tinha uma cabeça de lobo, ou uma boca grande e dentes afiados, teria concluído que era um lobo, ou algum animal que poderia machucá-la, e sair da casa, minimizando os seus riscos. Assim como a personagem título da história, Gordon afirma que o mercado, às vezes, não tem um processo lógico de raciocínio.

“Não temos uma bola de cristal, mas podemos ter grande precisão em curto prazo”, afirma Gordon, no relatório aos cotistas do mês de agosto, divulgado na última sexta-feira (11). Mesmo que a exatidão se disperse conforme o horizonte se expande, trazendo incertezas, ele afirma que os agentes de mercado estão ignorando indicadores de recuperação da economia, presos à irracionalidade dos últimos anos. “Discordamos dos consensos que se formam hora e outra sem compromisso com as consequências de suas previsões, como a eventual realização dos mercados acionários, que é tratada como se fosse uma fatalidade inevitável”.

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Medo da realização de lucros é exagerado

O fato de que a relação P/L da bolsa norte-americana tenha voltado para sua média histórica não significa que ela esteja cara por dois motivos – primeiro, pelo nível muito baixo do juro básico, que implicaria em maiores preços de equilíbrio; segundo, porque os lucros começam a se recuperar, tanto pelos processos de ajustes das empresas durante a crise, quanto pela retomada da atividade. Entretanto, a GT avalia que o número de barganhas na bolsa realmente diminuiu.

Dentro de sua estratégia de gestão, a asset chama atenção para o fato de que, em dois ou três anos, muitas das empresas apresentarão resultados muito superiores aos atuais – e a taxa de básica de juro deve permanecer baixa por um período longo, em parte porque as políticas fiscais exercidas na crise provocaram uma piora das contas públicas, que seriam mais prejudicadas por um aumento dos juros.

Gordon usa uma analogia para explicar a posição da gestora de recursos: “assim como o dono de um restaurante não ficaria abrindo e fechando seu estabelecimento conforme a semana boa ou ruim, o mesmo se dá com as empresas, as ações são frações destas, com a vantagem de terem liquidez diária. Essa vantagem, contudo, se transforma numa enorme desvantagem quando mal utilizada – nunca se deve esquecer, portanto, da diferença entre preço e valor.”

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Perspectivas para Brasil e EUA

A avaliação do cenário macroeconômico global como um todo é positiva para a GT, que cita o desempenho dos índices de inflação no mundo como “bem comportados”. Em relação à economia norte-americana, apesar do baixo nível de utilização da capacidade e alto patamar de desemprego (perto de 10%), os gestores enxergam uma acomodação da atividade econômica. “Como boa parte dos recursos disponibilizados pelo governo ainda não chegou ao seu destino final, o correto é aguardar”, afirmam.

O Brasil, por sua vez, mostra sinais mais sólidos de recuperação. O desemprego do mês de julho foi o menor em oito anos, por exemplo. A gestora aponta, ainda, a possível revisão do rating soberano, aguardada para as próximas semanas. “Notícias boas como estas contribuem para a realocação de recursos em favor do Brasil”. Dadas as perspectivas, a GT Investimentos mantém seus investimentos alocados em setores mais ligados à economia doméstica.

Os gestores, contudo, alertam para fatores de risco que podem afetar o País em médio prazo, como o aumento da participação do Estado na economia e uma decorrente deterioração das contas públicas e perda de eficiência da economia. “Não é nada que perturbe o horizonte de curto prazo, mas a luz amarela deve ser ligada e o processo eleitoral de 2010 – de extrema relevância – não deverá ser ignorado”, concluem.

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