Estratégia de FHC para reunificar PSDB põe Alckmin no olho do furacão

Atento ao vespeiro, governador de São Paulo tem mostrado resistência em reeditar a configuração tucana das últimas eleições presidenciais

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Os caciques do PSDB sabem que se a disputa entre o senador Tasso Jereissati (CE), ceifado da presidência interino do partido por decisão monocrática de Aécio Neves (MG), e o governador Marconi Perillo (GO) se estender até o dia da decisão do novo comandante do partido, na convenção nacional marcada para dezembro, será inviável uma pacificação no curto prazo. O desfecho para o impasse será determinante para o desempenho dos tucanos nas próximas eleições presidenciais.

Como alternativa a um enfrentamento direto em um contexto de partido completamente dividido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o atual comandante tucano, Alberto Goldman, se esforçam para articular uma eleição de Geraldo Alckmin por aclamação. O governador de São Paulo tem mostrado resistência em reeditar a configuração tucana das últimas eleições presidenciais, quando Aécio Neves era o nome do partido nos dois postos. Por isso, FHC e Goldman buscam costurar uma proposta mais atraente, que possibilita a concessão de licenças a Alckmin logo após a nomeação e antes da corrida eleitoral.

Existe uma interpretação de que, caso aceite a presidência do partido, Alckmin ganharia mais força para candidatar-se ao Palácio do Planalto, podendo fazer uso da máquina para superar eventuais ameaças. Neste momento de indefinições, embora o governador de São Paulo seja o nome mais cotado, chegam a ser ventilados João Doria, o próprio senador Tasso Jereissati ou até mesmo o apresentador de televisão Luciano Huck. Ao assumir o comando do partido, Alckmin poderia barrar o avanço de figuras tidas como mais viáveis em “campanhas agressivas”, como um cenário de polarização provavelmente exigiria.

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Por outro lado, assumir o comando do PSDB em momento tão conturbado pode ter efeito inverso. “Naturalmente, o mais provável é que assumisse o cargo para ser cuidadosamente construído como incapaz de pacificar o PSDB (que dirá o Brasil). Se voltar atrás e aceitar a função, é grande a chance disto ocorrer”, observou o analista político Leopoldo Vieira. O vespeiro tucano é tão complexo que muitos não acreditam em uma verdadeira pacificação a médio prazo, por mais que se consiga eleger um novo comandante por aclamação.

Todo esse cenário foi agudizado com as movimentações recentes do partido em direção a um desembarque do governo Michel Temer. Após assumir o ônus de apoiar medidas impopulares e derrubar duas denúncias contra o peemedebista, talvez não seja mais possível conquistar a imagem de distanciamento de uma gestão impopular. O risco é o tucanato ficar no limbo: nem no governo, nem na oposição. Afinal, este último campo já está ocupado e não há nenhuma brecha para quem apoiou até hoje a gestão que assumiu após o impeachment de Dilma Rousseff.

Caso tal cenário se confirme, cresce a possibilidade de ganho de forças internamente no ninho tucano do senador Aécio Neves, a despeito de todos os episódios recentes. O parlamentar deu a senha para o desembarque do partido da base governista, mas se tratou de jogada ensaiada com o presidente Michel Temer, que pode prejudicar a ala opositora ao peemedebista dentro do partido.

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A despeito da baixíssima popularidade, apostar em uma baixa influência do presidente nas eleições que definirão seu sucessor pode ser uma estratégia arriscada. É por isso que Alckmin tenta, desde a votação da segunda denúncia, deixar algum espaço para a reconstrução de pontes. Em um futuro mais próximo do pleito, é possível que seja possível restaurar tais relações, a depender da conjuntura eleitoral.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.