“Estou pronta a resistir por todos os meios legais”, diz Dilma em pronunciamento

Por duas vezes, Dilma enalteceu também sua posição de respeito à liberdade de expressão de movimentos políticos de quaisquer motivações

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em seu primeiro discurso como presidente afastada do cargo para responder processo de impeachment no Senado, Dilma Rousseff voltou a denunciar o que classifica como “golpe” alegando não ter cometido nenhum crime de responsabilidade. Com a presença de jornalistas e aliados no palácio do Planalto, a mandatária reiterou, na manhã desta quinta-feira (12), que foi eleita por 54 milhões de brasileiros e chamou atenção para um “momento decisivo para a democracia brasileira”.

“O que está em jogo não é apenas meu mandato. O que está em jogo é o respeito à democracia brasileira”, afirmou a petista reeleita em outubro de 2014. “O que está em jogo é o futuro do país e a esperança em avançar sempre mais”. Na avaliação dela, o Brasil corre riscos no campo das conquistas sociais e nos direitos democráticos adquiridos. A exploração do pré-sal também entrou no discurso da presidente afastada como patrimônio que estaria sob risco.

Por duas vezes, Dilma enalteceu sua posição de respeito à liberdade de expressão de movimentos políticos de quaisquer motivações, deixando uma preocupação em seu discurso com essa postura não ser mantida pelo presidente interino Michel Temer. As afirmações abrem espaço para interpretações sobre uma possível crítica ao novo ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, até o momento secretário de Segurança Pública da gestão Geraldo Alckmin em São Paulo, em uma situação de tensão no estado com os protestos de secundaristas e as intervenções policiais. “Meu governo não cometeu nenhum ato repressivo contra movimentos sociais, movimentos reivindicatórios, contra manifestação de qualquer posição política”, declarou.

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No pronunciamento, Dilma disse que não cometeu crime de responsabilidade e recorreu à sua biografia para dizer que enfrentará de frente essa nova adversidade. “Já sofri a dor da tortura e a dor da doença. Agora sinto a dor inominável da injustiça. Não existe injustiça mais devastadora que condenar inocente”, afirmou. A presidente afastada também 

“Meus acusadores sequer conseguem dizer que ato eu teria praticado. Além disso, nada restou para ser pago. Nem dívida há. Jamais, em uma democracia, o mandato poder ser interrompido por atos legítimos de gestão. O Brasil não pode ser o primeiro a fazer isso”, defendeu Dilma. “Os atos que pratiquei foram atos legais, necessários, atos de governo. Atos idênticos foram executados pelos presidentes que me antecederam. Não foi crime e também não é agora. Nunca aceitei chantagem de qualquer natureza. Posso ter cometido erros, mas nunca cometi crimes. Estou sendo julgada por ter feito tudo que a lei me autorizava a fazer”.

Dilma concluiu dizendo que um governo que nasce de “um golpe” não terá capacidade para tirar o país do impasse político. Tenho orgulho de ser a primeira mulher eleita presidenta do Brasil. Nesses anos, exerci meu mandato de forma digna e honesta. Honrei os votos que recebi. Em nome desses votos e de todo o pove do país, vou lutar com todos os elementos legais que disponho para exercer o mandato”, afirmou. “Estou pronta a resistir por todos os meios legais”.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.