Esperança do governo para “adestrar” Eduardo Cunha tem apoio de 75% em comissão

O apoio da maioria dos senadores da CCJ - principal comissão da casa - e a larga vantagem sobre seus adversários na disputa entre os próprios procuradores da república evidencia a força que Janot tem hoje

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O atual procurador-geral da República Rodrigo Janot conquistou, na última quarta-feira (5), um passo importante para a recondução ao cargo por mais dois anos e continuidade à frente das investigações e denúncias da Operação Lava Jato. Em consulta interna realizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República, Janot obteve 799 votos e liderou a lista tríplice, composta também pelo subprocurador Mario Bonsaglia (462 votos) e pela subprocuradora-geral da República, Raquel Elias Ferreira Dodge (402 votos). Normalmente, o mais bem colocado na disputa é o indicado pelo presidente da República.

Caso Dilma Rousseff siga a tradição que se repete desde que Lula assumiu a presidência, em 2003, a próxima etapa para Janot seria uma sabatina e votação na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Se aprovado, o nome do procurador seguirá para votação secreta no plenário da casa, onde precisará de maioria absoluta – ou seja, 41 parlamentares. Vale destacar que 12 senadores tiveram seus nomes divulgados na lista de Janot, para a abertura de investigações pela Operação Lava Jato.

Conforme apurou nesta quinta-feira (6) o blog do jornalista Fernando Rodrigues, o atual procurador já conta com o apoio de 20 dos 27 senadores titulares da CCJ. Entre as duas dezenas que se manifestaram favoravelmente, 14 parlamentares permitiram a revelação de seus nomes. São eles: Acir Gurgacz (PDT-RO), Aécio Neves (PSDB-MG), Agripino Maia (DEM-RN), Ana Amélia (PP-RS), Benedito de Lira (PP-AL), Ciro Nogueira (PP-PI), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Fátima Bezerra (PT-RN), Humberto Costa (PT-PE), Jader Barbalho (PMDB-PA), Magno Malta (PR-ES), Randolfe Rodrigues (PSOL-PA), Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e Ronaldo Caiado (DEM-GO). A pesquisa foi feita pessoalmente com cada um dos deputados, segundo a publicação.

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O número corresponde a cerca de 74,07% de todos os votos da comissão, o que garante maior tranquilidade para Janot nessa etapa. Somente com os 14 senadores que saíram do anonimato, o procurador-geral da República já conseguiria a vitória que precisaria para avançar para o plenário da casa. Os jornalistas do blog aproveitaram a oportunidade para ressaltar que é incomum que tantos senadores se disponham a declarar votos com tamanha antecedência em processos como esse, uma vez que Dilma sequer formalizou a indicação – o que pode explicar a preferência de alguns de adorar posição mais cautelosa de não manifestar apoio ainda. Ou seja, ainda há grandes chances de o número crescer ao longo dos próximos dias.

O apoio da maioria dos senadores da CCJ – principal comissão da casa – e a larga vantagem sobre seus adversários na disputa entre os próprios procuradores da república evidencia a força que Janot tem hoje. No campo da política, é sobre ele que está depositada boa parte das esperanças para limitar os avanços vorazes do presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O parlamentar anunciou rompimento com o governo e embarque na oposição em julho, após ter sido denunciado de receber propina de US$ 5 milhões do delator Júlio Camargo, no escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras (PETR3; PETR4). A leitura que muitos fazem é que Cunha somente seria enfraquecido com a apresentação de denúncia pesada de Janot ao Supremo Tribunal Federal. Enquanto isso, o peemedebista tem causado fortes dores de cabeça ao Planalto, que podem evoluir em um eventual processo de impeachment.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.