“Esgotado”, Temer tem vitória e derrota no mesmo dia – e fica em alerta com risco de fatos novos

Presidente comemorou vitória "manobrada" na CCJ, mas sofreu derrota com adiamento da votação da denúncia no Plenário para agosto 

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A noite da última quinta-feira (13) foi de sentimentos mistos para o presidente Michel Temer. Logo após a vitória – mesmo que com muito custo – CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) da Câmara dos Deputados sobre a denúncia contra ele, o peemedebista sofreu uma derrota com o anúncio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que a votação da denúncia de Rodrigo Janot em plenário ficará só para agosto. 

Conforme destaca a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, ainda que com manobras, a vitória de Temer na CCJ com a derrota do parecer de Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) e a aprovação em segunda votação de um relatório contrário à continuidade da investigação da denúncia contra Temer enviou o recado que o presidente precisava para reestimular bases de apoio que lhe são caras no Congresso e em setores importantes da economia. Após a votação, as principais associações de comércio e serviços do Brasil enviaram mensagens aos deputados pedindo celeridade.”O país tem pressa para voltar a crescer”, disseram.

Contudo, o reforço não evitou o adiamento da votação. Rodrigo Maia anunciou na noite de ontem que a votação do parecer contrário em Plenário ocorrerá no proximo dia 2 de agosto, após o recesso parlamentar. De acordo com ele, a decisão foi tomada após um acordo feito com as lideranças do governo e da oposição, logo depois de ter sido aprovado na CCJ o relatório que recomenda o arquivamento da denúncia. 

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O entendimento das lideranças, segundo Maia, é que não haveria quórum para que a votação fosse aberta nesta sexta (14) e nem na próxima segunda-feira (17), quando se inicia o recesso. “Eu estava disposto a votar na segunda, mas os líderes da oposição e do governo optaram pelo dia 2 de agosto”, disse ele.

A decisão foi vista como uma derrota para Temer, conforme destacam jornais de hoje, uma vez que ele batalhou em longas articulações durante a semana para garantir a vitória na CCJ e tentar acelerar a derrubada da denúncia também no Plenário.

“O governo comemorou o fechamento de questão de partidos do Centrão, que já garantia votos suficientes para derrubar a denúncia no Plenário. Mas auxiliares do presidente reafirmaram que ele está bastante incomodado com a situação, que reconhece causar constrangimento, e que o ideal seria derrubar a denúncia o quanto antes no Plenário”, destaca o Estadão. Segundo o governo,  a oposição está tentando prolongar uma “crise artificial” porque sabe que não terá votos para que o Plenário acate a denúncia.  

Além disso, o blog de Gerson Camarotti, do G1, ressalta que há contrariedade entre os interlocutores de Temer com o fato de o presidente da Câmara ter rejeitado uma interpretação regimental para reduzir o quórum do início da votação para 257 deputados, mantendo o quórum mínimo de 342 deputados para votar a denúncia, o que pode dificultar a votação. 

O governo também teve o surgimento  de fatos novos até agosto, principalmente com a possibilidade da homologação das delações do deputado cassado Eduardo Cunha e do doleiro Lúcio Funaro. “Temer está visivelmente cansado. Há um esgotamento físico de todo esse processo. Ele sabe que risco em agosto é bem maior”, disse um interlocutor ao blog do G1.  

Com todo esse cenário no radar, a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, ressalta a avaliação do governo de que a denúncia contra Temer pode ser ‘enterrada’ por falta de quórum. “Talvez não dê para votar nunca. Esse processo vai ficar enterrado na Câmara, para as calendas”, diz o deputado Beto Mansur (PRB-SP). Ele afirmou que o governo  teria hoje 262 votos para barrar a denúncia contra Michel Temer na Câmara dos Deputados. Mas não conseguiria colocar no plenário 342 parlamentares, número necessário para iniciar a votação. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.