Escândalos colocam Brasil em “rebelião” e trazem medo de instabilidade voltar, diz NYT

Jornal destaca momento de instabilidade no País, mas reforça os riscos dos reiterados pedidos de impeachment contra Dilma Rousseff

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em matéria de hoje, o jornal New York Times destacou que o esforço anticorrupção no Brasil lança a liderança do País em desordem e, com isso, traz temores de volta da instabilidade para o País.

O jornal refere-se a Operação Lava Jato, que investiga o escândalo de corrupção dentro da Petrobras, definindo-a como uma “cruzada que tem atingido uma personalidade política atrás da outra, lançando o país em rebelião num momento em que o humor nacional está azedando e a economia se recupera de uma recessão dolorosa.”

Para o NYT, também há diversas manobras, de “grandes segmentos políticos” sinalizando um possível impeachment da presidente Dilma Rousseff. De acordo com o jornal, para muitos brasileiros, as atuais incertezas políticas são a pior crise desde o retorno à democracia, em 1985. “Tal turbulência deveria ser coisa do passado para o Brasil”, afirma o jornal.

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“Analistas políticos dizem que, se Dilma Rousseff for retirada do poder por seus adversários sem nenhuma evidência explícita de irregularidades, a democracia do Brasil pode ser mais frágil do que o que se pensava, o que leva a comparações a um período que muitos brasileiros acreditavam terem superado.”

O jornal lembra que Dilma foi, entre 2003 e 2010, presidente do Conselho de Administração da Petrobras, quando investiga se parte do esquema de desvios na Petrobras foi realizado, mas nega conhecimento das irregularidades e não foi citada por delatores. Na melhor das hipóteses, diz o jornal, a presidente era “negligente na supervisão da empresa e seus tentáculos em todo o governo”, afirma.

Além disso, destaca o jornal, há suspeita de que parte do dinheiro desviado foi usado no financiamento de sua campanha à reeleição, em 2014. 

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Soma-se a isso a má fase da economia, que contribui para a impopularidade da presidente, que passou a adotar medidas impopulares de austeridade fiscal que criticou duramente a campanha eleitoral.

Segundo o NYT, a revolta popular também é acentuado porque a oposição ao PT “parece quase tão à deriva quanto Dilma” e a falta de credibilidade toma conta de vários partidos afogados na crise política. 

Aliás, a oposição também é criticada, com foco ao PSDB, por impor derrotas ao governo no Congresso, em meio à tentativa de ajuste fiscal. As tentativas de enfraquecer Dilma, diz o jornal, reverberam negativamente na economia e agravam o cenário de incertezas em Brasília.

E o NYT ainda destaca a conclusão de muitos especialistas sobre o risco dos reiterados pedidos de impeachment contra a presidente: “se Dilma for deposta por seus adversários sem qualquer evidência explícita da ilegalidade, a democracia do Brasil pode ser mais frágil do que se pensava, convidando a comparações com uma época que muitos brasileiros achavam que tinham vencido.”

Lado bom da turbulência
Mas há o lado positivo neste cenário de incertezas, diz o jornal. O NYT destaca que o Brasil  “mudou consideravelmente” desde a ditadura (1964-1985), deixando para trás uma economia confusa e abusos de direitos humanos. A atual crise política pode ser uma indicação da maturidade das instituições do Brasil.

“Alguns observadores dizem que a confusão política é um sinal de que as instituições democráticas do Brasil estão, na verdade, se fortalecendo, especialmente num sistema por muito tempo definido pela impunidade de figuras importantes.”

O jornal cita a prisão de Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht, e Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras. “As prisões de tais pessoas altamente influentes refletem um traço fundamental da independência judicial obtida pelo Ministério Público, órgão do Ministério Público independentes”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.