Enquanto América Latina se afasta do populismo, EUA foram em direção a ele, diz FT

Em newsletter semanal sobre América Latina, jornal britânico comenta eleição de Donald Trump nos EUA e seus efeitos sobre a região

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O peso mexicano afundou, o exército cubano anunciou exercícios miliates, os ativistas do voto “não” da Colômbia aplaudiram, o presidente peruano provavelmente desejou não ter brincado de cortar relações com Washington, a Bolívia reagiu com sarcasmo e o ministério de Relações Exteriores do Brasil enviou uma mensagem de felicitação curiosamente sem assinatura. Foi assim que a América Latina reagiu à notícia de que Donald Trump será morador da Casa Branca a partir do ano que vem, conforme ressalta o Financial Times em sua newsletter semanal sobre a região, chamada Latam Viva.

“Sim, é um novo mundo para os mercados financeiros”, afirma a newsletter, destacando que a visão corrente é de que uma presidência de Trump provavelmente significará estímulo fiscal. Portanto, um crescimento mais forte dos EUA em 2017, uma inflação modestamente maior, talvez preços mais altos de commodities e taxas de juros mais altas. Para a América Latina, isso é um portfólio misto.

“As taxas de juros mais altas dos EUA e menor capital externo significam moedas mais fracas na América Latina: todas elas caíram desde a noite das eleições nos EUA. Por outro lado, os preços mais altos do petróleo se materializando ajudarão os produtores da commodity em toda a América Latina – talvez até mesmo na Venezuela, embora provavelmente não o suficiente para evitar um eventual default”, ressalta John Paul Rathbone, que assina a newsletter. 

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Além disso, uma presidência de Trump também significará protecionismo maior nos EUA – ironicamente em um momento em que a América Latina busca a liberalização do comércio – embora, novamente, é o México que está na linha de fogo, aponta o FT.

Os políticos mexicanos já se manifestaram contrários às ideias de Trump de romper com o Nafta, construir um muro na fronteira e deportar imigrantes ilegais. O FT ressalta que eles podem encontrar aliados no mundo corporativo americano, caso do vice-presidente da GM, que afirmou que não cederá à pressão política para que algumas fábricas voltem aos EUA. E quanto à política externa dos EUA? Além do México, os países mais visíveis são Cuba, Colômbia e Venezuela. 

Porém, ainda há muito especulação, destaca o jornal britânico, pois quase nada se sabe sobre quem serão os futuros conselheiros de Trump sobre a América Latina.

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“Uma das características mais curiosas sobre este extraordinário ano foi assistir o quanto a América do Sul tem se afastado do regime populista, assim como os EUA aparentemente se moveram em direção a ele. Esse contraste é verdadeiro mesmo da Nicarágua autocrática: Daniel Ortega ‘ganhou’ um terceiro mandato ao lado de sua esposa, que será vice-presidente, cimentando o que os críticos chamam de dinastia familiar. Essas dinastias, naturalmente, alimentaram o desgosto de tantos eleitores americanos que estavam fartos das famílias Clinton e Bush. Isso, por sua vez, ajudou a impulsionar Trump, ‘o agente de mudança’, para uma vitória verdadeiramente extraordinária”, conclui o jornal. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.