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O encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump previsto para este domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, tem potencial para redefinir a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos.
O foco principal será a busca por um acordo sobre terras raras, grupo de minerais essenciais para a produção de tecnologias avançadas e alvo de uma disputa cada vez mais intensa entre Washington e Pequim.
A reunião bilateral foi articulada após a escalada das tarifas impostas pela Casa Branca, que elevaram para 50% a taxação sobre produtos brasileiros. O governo americano tem sinalizado que uma cooperação em áreas estratégicas, como mineração e energia limpa, pode abrir espaço para reduzir as sobretaxas aplicadas desde setembro.
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Disputa entre EUA e China
A pressão de Trump sobre o Brasil está ligada à tentativa de reduzir a dependência dos Estados Unidos em relação à China no fornecimento de minerais críticos.
O país asiático detém 90% da capacidade global de refino e controle quase absoluto sobre as exportações desses materiais, usados na produção de veículos elétricos, semicondutores e equipamentos militares.
O Brasil, dono da segunda maior reserva mundial, desponta como alternativa viável à hegemonia chinesa. Conforme o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), o tema já faz parte do diálogo entre os dois governos.
“Os Estados Unidos têm interesse em cooperar conosco nas áreas de energia, inovação e sustentabilidade”, afirmou em entrevista à Record News.
Negociação
A equipe de Lula tem evitado relacionar a crise diplomática ao processo judicial que levou à condenação de Jair Bolsonaro (PL), motivo declarado para o aumento das tarifas. Mesmo assim, integrantes do governo admitem que um acordo no setor de minerais pode ser o primeiro passo para a normalização comercial.
Fontes envolvidas nas tratativas afirmam que o Planalto pretende propor investimentos em processamento local e transferência tecnológica, de modo a reduzir a dependência do Brasil da exportação bruta desses recursos. A meta é atrair capital estrangeiro sem abrir mão do controle sobre as reservas estratégicas.
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Guerra econômica
O movimento ocorre enquanto a disputa entre Estados Unidos e China se intensifica. No início do mês, Pequim ampliou as restrições à exportação de minerais raros. Em resposta, Trump ameaçou aplicar tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses a partir de novembro.
A nova rodada de tensões deve ser discutida em encontro entre o líder americano e o presidente chinês Xi Jinping, previsto para o dia 30 em Seul.
Enquanto tenta conter o embate, Washington avança em acordos bilaterais com países que detêm reservas expressivas. O primeiro foi firmado com a Austrália, que ocupa o quarto lugar no ranking global de terras raras. O Brasil, logo atrás da China, é visto como o próximo passo natural da estratégia americana.
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