Empresário achado morto em Interlagos pode ter sido vítima de mata-leão, diz polícia

Adalberto Amarilio Jr. sumiu após evento; polícia investiga conflito com segurança e uso de drogas

Marina Verenicz

Empresário Adalberto e a esposa Fernanda estavam casados há 8 anos. — Foto: Reprodução/Redes sociais
Empresário Adalberto e a esposa Fernanda estavam casados há 8 anos. — Foto: Reprodução/Redes sociais

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A Polícia Civil de São Paulo passou a considerar que o empresário Adalberto Amarilio Júnior, encontrado morto em 3 de junho em uma obra dentro do Autódromo de Interlagos, pode ter sofrido um mata-leão após um desentendimento com um segurança do evento de motos do qual participou no dia 30 de maio, na Zona Sul da capital paulista.

A nova linha de apuração foi reforçada após depoimentos prestados nesta terça-feira (10) por ao menos cinco seguranças que atuaram no evento. Adalberto desapareceu no trajeto entre o local do evento e o estacionamento do Kartódromo, após se despedir de um amigo e enviar uma mensagem à esposa dizendo que “ia jantar em casa”. A mensagem, no entanto, nunca chegou a ser entregue.

Contradições e lacunas

O que ocorreu entre as 19h48, horário do último contato com a esposa, e o momento em que foi encontrado morto dias depois, permanece sem explicação clara. O corpo do empresário estava dentro de um buraco de três metros de profundidade em uma área isolada do autódromo, cercada por tapumes. Adalberto foi encontrado sem calça e sem tênis, e havia sangue em pelo menos quatro pontos do interior de seu carro, localizado nas imediações.

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Os investigadores também consideram a hipótese de que o empresário tenha sido vítima do golpe conhecido como “boa noite, Cinderela”, que consiste na administração de substâncias para sedação e posterior roubo ou abuso. Segundo relato de um amigo que estava com ele no evento, Adalberto havia consumido cerveja e maconha e estava “mais agitado que o normal”.

Sem sinais de violência

Exames do Instituto Médico Legal (IML) não identificaram fraturas ou lesões visíveis no corpo. A causa da morte foi definida como compressão torácica, o que pode indicar asfixia por confinamento, compatível com a hipótese de que ele foi deixado inconsciente no buraco e morreu por falta de oxigênio.

A delegada Ivalda Aleixo, diretora do Departamento de Homicídios, afirmou que os indícios apontam para a possibilidade de o empresário ter sido colocado no buraco ainda com vida, mas desacordado.

Acesso restrito e familiaridade com o local

A polícia trabalha com a hipótese de que quem levou o corpo até o local da obra tinha familiaridade com o espaço, uma vez que o trecho onde ele foi encontrado é restrito ao público e estava em obras. Três organizadores do evento já prestaram depoimento e confirmaram ter visto o carro de Adalberto no estacionamento, o que reforça a suspeita de que o crime ocorreu nas proximidades.

Reconstrução virtual do trajeto

Os investigadores estão utilizando uma técnica de modelagem 3D chamada espelhamento para mapear o possível trajeto do empresário entre o evento e o local onde seu corpo foi encontrado. Com base em depoimentos e imagens de câmeras de segurança, a reconstituição tenta preencher lacunas no percurso feito por Adalberto.

O croqui identifica o caminho percorrido dentro e fora do evento, além de uma rota alternativa que ele teria usado para cortar caminho em direção ao carro. Até o momento, não há imagens de quando ele saiu do evento em direção ao estacionamento.

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Próximos passos

A Polícia Civil deve ouvir novamente o amigo de Adalberto, Rafael, nos próximos dias. Enquanto isso, continua apurando o envolvimento de seguranças do evento e a possibilidade de participação de terceiros com acesso privilegiado ao autódromo.

A investigação ainda não descarta nenhuma hipótese, mas trabalha com a possibilidade de homicídio doloso com ocultação de cadáver.