Embate entre Dilma e Cunha, Delcídio cita “esquemão” de Renan e Sarney fala de Lula “arrependido”

Confira as notícias que agitaram a política neste final de semana: encontro entre Michel Temer e Gilmar Mendes e acusações contra Waldir Maranhão no radar

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário do final da última semana e do começo desta segue bastante movimentado. O destaque de sábado e domingo esteve para a entrevista da presidente afastada Dilma Rousseff para a Folha de S. Paulo, que gerou reações no mundo político, além de novas revelações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. 

Confira as principais notícias que agitaram o final de semana na política:

Entrevista de Dilma para Folha
A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo publicada no domingo, que a divulgação de conversas gravadas de caciques do PMDB revela que a real intenção do impeachment era obstruir a operação Lava Jato, e que o presidente suspenso da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem influência central sobre o governo interino de Michel Temer. “Eles (áudios) mostram que a causa real para o meu impeachment era a tentativa de obstrução da operação Lava Jato por parte de quem achava que, sem mudar o governo, a ‘sangria’ continuaria”, disse Dilma na entrevista, em referência à expressão “estancar a sangria” usada pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) em conversa gravada pelo ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado como parte de um acordo de delação premiada no âmbito da Lava Jato.

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Após a divulgação do áudio na semana passada, Jucá deixou o comando do Ministério do Planejamento até que o Ministério Público se manifeste sobre a conversa. Ele nega qualquer irregularidade. Também foram gravados por Machado em conversas sobre a Lava Jato o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente da República José Sarney. Dilma afirmou também que o governo do presidente interino Michel Temer terá “de se ajoelhar” a Cunha, apesar de o deputado ter sido afastado de seu mandato por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Podem falar o que quiserem: o Eduardo Cunha é a pessoa central do governo Temer. Isso ficou claríssimo agora, com a indicação do André Moura (deputado ligado a Cunha e líder do governo Temer na Câmara). Cunha não só manda: ele é o governo Temer. E não há governo possível nos termos do Eduardo Cunha”, afirmou. 

Em resposta às declarações de Dilma, Cunha rebateu neste domingo por meio do Twitter afirmando que a presidente afastada “demonstra a sua incapacidade e despreparo” para governar, e que a sua gestão “foi um desastre”. “Além do crime de responsabilidade cometido e que motivou o seu afastamento, as suas palavras mostram o mal que ela fez ao país. O custo da reeleição de Dilma para o povo brasileiro já está em 303 bilhões (de reais) de déficit público, além de uns 700 bilhões (de reais) de juros da dívida”, afirmou.

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Sérgio Machado e Renan Calheiros tinham “esquemão”, diz Delcídio
Em entrevista para a GloboNews, o senador cassado  Delcídio do Amaral (sem partido-MS) disse que o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado era “prioridade absoluta’’ do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na residência oficial do peemedebista. O senador cassado relatou episódios em que Renan suspendia reuniões com outras pessoas para atender Machado.

Segundo Delcídio, Sérgio era “blindado pelo Renan”. “Ninguém encostava nele. Sérgio era totalmente fidelizado a Renan’’, disse. “Sérgio era o cara que fazia a interlocução com os donos das empresas, e outros operavam financeiramente para Renan”. Para manter o que chamou de “hegemonia”, segundo Delcídio, o presidente do Senado usava o ex-presidente da Transpetro para atender outros parlamentares da cúpula do PMDB no Senado, como Romero Jucá (RR), Valdir Raupp (RR), José Sarney (AP) e Edison Lobão (MA).

A assessoria jurídica de Sérgio Machado informou que não vai se manifestar, Raupp disse que “jamais fez indicações políticas para o setor elétrico e que as acusações do ex-senador Delcídio do Amaral são descabidas e inverídicas”. A assessoria de imprensa de Romero Jucá disse que o senador não vai comentar as declarações; Renan e Lobão não responderam. 

Sarney fala sobre “arrependimento de Lula”
Em novas gravações feitas por Sérgio Machado que vieram a público, 
o ex-presidente José Sarney afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se arrependeu de ter escolhido a presidente afastada Dilma Rousseff como sua sucessora. Os áudios foram divulgados no sábado (28) pelo Jornal Hoje. Segundo o jornal, embora Lula não seja citado nominalmente os investigadores afirmam que o petista é o objeto da conversa.

“Agora, tudo por omissão da dona Dilma”, diz Machado. “Ele (Lula) chorando. O que eu ia contar era isso. Ele me disse que o único arrependimento que ele tem é ter eleito a Dilma. O único erro e o mais grave de todos”, responde Sarney. As conversas também mostram Machado falando em “ajuda” a diversos políticos, entre eles Sarney. Em nota, o Instituto Lula afirmou “ que é simplesmente nojenta a divulgação de conversas armadas com a clara intenção de comprometer o ex-presidente Lula em ilícitos dos quais ele não participou.O vazamento ilegal dessas gravações é mais uma evidência de que, depois de investigar por mais de dois anos, o Ministério Público Federal não encontrou sequer um fiapo de prova contra Lula. Porque Lula sempre agiu dentro da lei”.

Já na noite de domingo, a “bola da vez” é o ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira. Nova gravação feita por Sérgio Machado mostra que o ministro faz críticas ao Procurador Geral da República e orienta a defesa do senador Renan Calheiros e o ex-presidente da Transpetro. “Apesar de o teor da conversa do ministro Fabiano não ser tão explosivo como daquele que custou o cargo no Planejamento de Romero Jucá, a continuidade de Fabiano Silveira como ministro tornou-se incerta e dependerá da reação do Congresso ao longo desta segunda-feira”, informa a LCA Consultores.

Operação Lava Jato
O juiz federal Sérgio Moro mandou soltar o empresário Marcelo Rodrigues, preso na 26ª fase da Operação Lava Jato, identificada como Operação Xepa, deflagrada em março. Moro atendeu a um pedido de feito pela defesa para converter a prisão em medidas cautelares, como o pagamento de fiança de R$ 300 mil. A decisão foi assinada na sexta-feira (27). Rodrigues é réu na investigação sobre as atividades do Setor de Operações Estruturadas da empreiteira Odebrecht, seção da empresa responsável por pagamentos de propina, segundo apuração da força-tarefa de procuradores que atua na Lava Jato. De acordo com as investigações, ele atuava como um dos operadores financeiros supostos pagamentos ilegais, por meio da empresa JR Graco Assessoria e Consultoria Financeira.

Ao assinar o alvará de soltura do empresário, Moro aceitou bloquear o valor da fiança em uma conta do irmão do acusado, Olívio Rodrigues Júnior, que também é investigado. A defesa de Marcelo afirmou que ele não tem dinheiro para pagar o valor. Após a deflagração da operação, a Graco Corretora de Câmbio S/A afirmou que o antigo sócio Olívio Rodrigues Júnior está totalmente desvinculado da corretora desde 2007, assim como Marcelo Rodrigues. A empresa diz que é absolutamente independente e não tem qualquer relação comercial ou vínculo com a JR Graco Assessoria e Consultoria Financeira.

Encontro entre Gilmar Mendes e Temer
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes encontrou-se com Michel Temer no último sábado. Segundo Mendes, o encontro foi para manifestar sua preocupação como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a saída do senador Romero Jucá do ministério do Planejamento. 

De acordo com ele, as conversas de liberação de verbas para o pleito deste ano estavam em andamento. “Eu tinha avançado nas conversas com o ministro Jucá e a minha equipe estava discutindo com ele, mas aí houve esse incidente e aí ontem ele me ligou se colocando à disposição e eu aproveitei e fui lá para conversar”, disse Mendes. O ministro do STF lembrou que já havia solicitado cerca de R$ 250 milhões ao Ministério do Planejamento para complementar o orçamento do TSE. Segundo ele, como há a dependência de uma Medida Provisória para a liberação da verba, Temer disse que “daria orientação positiva aos órgãos competentes para que deliberassem”.

José Serra em reunião da OCDE
O ministro das Relações Exteriores, José Serra, participa em Paris da reunião da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), com uma pesada agenda de contatos bilaterais para tentar destravar negociações comerciais. A principal delas é o acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE).

“Ao contrário do que se imagina, o obstáculo a esse acordo não é o Mercosul”, disse Serra, que sempre foi crítico do fato de o Brasil depender de seus sócios no bloco para avançar nas negociações. “É a União Europeia, que não quer abrir mercado aos produtos agrícolas.” Outra afirmação dá uma amostra do que deve ser o tom da negociação. “A União Europeia está em falta conosco, porque ficou de apresentar oferta para alguns produtos e não apresentou.” E ainda: “Só faremos concessões se recebermos algo em troca; não gosto de concessões unilaterais.”

No dia 11 de maio, enquanto o Senado discutia se admitiria ou não o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Mercosul e UE trocaram ofertas com vistas a fechar um acordo comercial, colocando fim a mais de uma década de paralisia. Segundo fontes, a proposta europeia frustrou por ser, basicamente, a mesma que estava sobre a mesa desde 2004, embora o bloco tivesse indicado que traria algo melhor. As principais ausências da oferta, a que o ministro se referiu, foram a carne e o etanol.

Nesta semana, Serra vai se encontrar com a comissária de Comércio da União Europeia, Cecilia Malmström. Também vai dialogar com autoridades da França, um dos países que mais resistem ao acordo por causa de sua produção agrícola. Em outra frente, o ministro vai se reunir com a secretária de Comércio dos EUA, Penny Pritzker, e com o representante de Comércio americano, Michael Froman. Com eles, a conversa será sobre uma estratégia de cooperação em diferentes áreas. “A indicação do (embaixador) Sérgio Amaral para Washington expressa a prioridade que daremos à nossa relação”, disse o ministro. Na pauta comercial, estarão a carne e as barreiras não tarifárias.

Venda fictícia bancou eleição de Waldir Maranhão
Segundo o jornal O Globo, o presidente interino da Câmara dos Deputados Waldir Maranhão (PMDB-MA) mentiu à Justiça Eleitoral maranhense num processo de investigação de suas contas eleitorais. Para explicar os recursos arrecadados para a campanha de 2010, Maranhão informou à Justiça Eleitoral ter doado para si mesmo R$ 557,6 mil, ou 68% do custo total. No processo aberto para apurar possíveis irregularidades na prestação de contas, o parlamentar afirmou que vendeu sua casa, em um dos bairros mais nobres de São Luís.  Mas, de acordo com a apuração do jornal, o imóvel nunca deixou de estar em nome do deputado e de sua mulher, a pedagoga Elizeth Azevedo, e é o local onde o casal vive até hoje. De acordo com especialistas, o parlamentar pode ser alvo de uma ação criminal ou eleitoral por fraudar as contas de campanha.

(Com Agência Brasil e Agência Estado) 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.