Em sua coluna no NYT, Lula vê os protestos no Brasil de forma positiva

Para ele, manifestações refletem novas demandas da sociedade, com sucesso econômico do País

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em sua coluna no New York Times, publicada nesta terça-feira (16), o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva voltou ao assunto dos protestos que se intensificaram no mês passado. Lula ressalta que, ao contrário do que muitos analistas pensam, o movimento não ocorre em meio à rejeição pela política brasileira.

Segundo ele, é precisamente o oposto, destacando que se tratou de um movimento para “aumentar o alcance da democracia e para encorajar a população a atuar mais”.

Lula inicia o seu texto avaliando que seria mais fácil explicar a ocorrência dos protestos em países não democráticos, como o Egito e a Tunísia, ou onde a crise econômica vem aumentando o número de desempregados, como na Espanha e Grécia, do que países como o Brasil. Segundo ele, o País tem a menor taxa de desemprego da história e uma expansão “sem paralelos da economia e dos direitos humanos”.

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Conforme aponta o ex-presidente, os protestos foram fruto dos sucessos do País nas áreas econômica, social e política e, em meio a ascensão, fez a população manifestar seu desejo por serviços públicos de melhor qualidade. 

Reforma política
Lula destacou ainda que a sociedade entrou na era digital, mas os políticos seguem “analógicos”, sugerindo assim a renovação das instituições democráticas, destacando a proposta de plebiscito para reformas políticas e pacto social sugerido pela atual presidente, Dilma Rousseff. 

“As preocupações da população jovem não são meramente materiais. Eles demandam mais lazer e atividades culturais. Mas, acima de tudo, eles demandam por instituições políticas mais claras e transparentes, sem as distorções entre o anacronismo político e o sistema eleitoral”, afirma na coluna. 

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O ex-presidente defendeu ainda a reforma do seu próprio Partido, o PT. ” Até o Partido dos Trabalhadores, que ajudei a fundar e que tem ajudado a modernizar e democratizar a política no Brasil, precisa ser renovado. É preciso recuperar suas ligações diárias com os movimentos sociais, oferecer novas soluções para novos problemas, e fazer as duas coisas sem tratar os jovens de forma paternalista”, afirmou.

Além disso, no final do seu texto, Lula destacou que os jovens não devem desistir da política, mesmo que estejam “desencorajados”. “Participe! Se você não encontrar nos outros políticos o que você procura, você pode encontrar em você mesmo”, ressaltou. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.