Em sua análise política para o Brasil, The Economist “erra” lema dos R$ 0,20

Erros de cálculo à parte, a revista britânica traça um panorama político e diz que, mesmo com problemas econômicos, Dilma será uma adversária difícil se ser combatida

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Na primeira edição de 2014 de sua revista semanal, a The Economist destacou mais uma vez o panorama para o Brasil, ressaltando que se inicia um grande ano para o País, marcado por eleições presidenciais tidas como imprevisíveis. Isso ocorre em um ambiente de insatisfação popular, citando as manifestações populares de junho no Brasil que culminou com o aumento das tarifas de ônibus em São Paulo, que passaram de R$ 3,00 para R$ 3,20. Contudo, a publicação britânica parece ter se equivocado com relação ao valor, citando uma pichação em uma loja na Avenida Faria Lima, que diria “Não são só 50 centavos”, diferindo em trinta centavos do valor que virou um lema para os manifestantes, que faziam muitas outras reivindicações além dos “20 centavos” de aumento das tarifas do transporte público, levando os protestos para outras cidades. 

Erros de cálculo à parte, a revista britânica ressalta que, seis meses após o auge das manifestações, que explodiram na maior onde protestos que já fora vista em uma geração, a queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff durante o período foi estancada. A revista cita uma pesquisa de intenção de voto de novembro, que apontou para uma preferência do eleitorado para à reeleição de Dilma em 47%, contra 30% para a combinação dos seus dois adversários mais prováveis – Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB). 

Mesmo assim, a revista ressalta que é difícil prever o final desta corrida, uma vez que a mesma pesquisa revelou que cerca de dois terços da população quer mudanças políticas. “Isso sugere que o espírito de junho ainda está vivo e que alguns pontos de apoio à Dilma Rousseff podem derreter caso surja uma alternativa mais forte”, ressalta a publicação. E analistas ressaltam que a estratégia de votação de muitos brasileiros é votar em quem “está mais na frente nas pesquisas” mas, caso algum concorrente consiga avançar nesta pesquisa, outro candidato pode tomar o posto de Dilma.

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Por outro lado, a revista avalia que nenhum dos prováveis adversários de Dilma está fazendo campanha a sério. O PSDB, de Aécio Neves, foi atingido por indícios de corrupção e superfaturamento em contratos públicos em São Paulo, enquanto Eduardo Campos está elaborando o seu programa de campanha com a provável companheira de chapa, Marina Silva.

Mas a economia fornece um bom ponto de ataque para os candidatos, uma vez que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) tem sido anêmico desde que Dilma tomou posse, em 2011, além da deterioração das contas públicas, que não devem ser reparadas no ano eleitoral.

E destaca que um calendário “paródia” aponta que 2014 pode ser mais um ano perdido, com as férias de verão se estendendo até o carnaval tardio, que depois será mais uma vez estendido pela Copa do Mundo. Mesmo em meio às comemorações, o risco é de que haja mais manifestações, além de possíveis problemas para a realização do evento. 

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Mesmo neste cenário, a revista avalia que Dilma vai ser difícil de bater. Os beneficiários do Bolsa Família, que somam cerca de 14 milhões de famílias pobres, devem aprovar o seu governo, além de outras ações que promovem Dilma como a candidata “das massas”. “Apesar da fome dos brasileiros para mudança, os adversários terão de convencer os eleitores de que muitas coisas devem permanecer iguais para que um deles venha a ganhar”, finaliza. 

Veja o trecho “equivocado” da matéria da The Economist:

50 centavos - Economist

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.