Em meio a risco de corte no rating, pessimismo com economia do Brasil bate recorde

Pesquisa mostra que apenas 10% dos investidores acham que o País não será rebaixado em 2014; 29% dos entrevistados não sabem quando o Brasil deve atingir a meta de inflação

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O risco de um corte na nota de crédito do Brasil nunca foi tão grande. Segundo a Pesquisa Global Bloomberg, os investidores estão bastante pessimistas com o cenário nacional, sendo que apenas 10% dos entrevistados acreditam que o País será capaz de evitar um corte do rating em 2014. Por outro lado, 39% acham que o País provavelmente ou certamente será rebaixado em 12 meses.

A pesquisa apontou que 51% dos investidores escutados se dizem pessimistas em relação às políticas da presidente Dilma Rousseff, sendo que quando ela tomou posse, em janeiro de 2011, eram 22%. A pesquisa foi feita com 750 analistas, investidores e operadores assinantes da Bloomberg. Para os consultados, o Brasil oferecerá uma das piores oportunidades ao longo do próximo ano quando comparado com EUA, Reino Unido, União Europeia, Japão, Índia, Rússia e China.

Esse cenário negativo ocorre em meio a uma inflação acima da meta e um déficit orçamentário, que derrubam a confiança do investidor. Dilma deve encerrar seu primeiro mandato em 2014 com a menor expansão do PIB (Produto Interno Bruto) em quatro anos desde 1990, segundo o relatório Focus do Banco Central. Com todos esses fatos, em junho, a Standard Poor’s colocou a nota de crédito do Brasil em perspectiva negativa.

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Para James Craske, analista da Victory Capital Management em Nova York, a confiança nas políticas da presidente Dilma caiu por uma série de razões, mas que o principal fator foi a forte desaceleração do PIB, ao mesmo tempo que a inflação se mantém elevada. Por outro lado, a equipe de análise da Empiricus destaca a elevada porcentagem de pessoas sem opinião sobre o assunto, foram 36%. “Esse valor sugere algum desconhecimento ou mesmo indiferença com o Brasil. E nada é pior do que a indiferença”, ressalta a corretora.

Cenário em deterioração
Uma semana após o Brasil registrar seu pior déficit orçamentário desde 2009, a diretora de gestão da S&P, Regina Nunes, disse que um corte de rating do país poderia ocorrer antes de 2014 caso as contas fiscais do País piorassem. A S&P e o Moody’s dão à dívida soberana do Brasil o segundo menor grau de investimento, BBB e Baa2 respectivamente.

O crescimento econômico nacional desacelerou de 7,5% em 2010 para 2,7% em 2011 e 0,9% no ano passado. Segundo o Boletim Focus do BC, o PIB deve aumentar para 2,5% neste ano antes de recuar para 2,1% em 2014.

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Em relação à inflação, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou recentemente que o governo está trabalhando para levar a taxa do País para 4,5% – em outubro o IPCA atingiu 5,84% e a expectativa é de que a inflação não ultrapasse, mas fique no teto da meta de 6,5%. 

A pesquisa da Bloomberg questionou os investidores quando que o Brasil deve ver sua inflação atingir esse valor, e mais uma vez a insegurança ganhou: foram 29% dos entrevistados afirmando não terem ideia de quando isso irá ocorrer, enquanto 26% acham que a inflação deve chegar a 4,5% nos próximos 2 anos.

Por fim, 43% dos pesquisados acreditam que a economia do Brasil está se deteriorando, ante apenas 10% que acham que o País está melhorando – 27% afirmaram que a economia nacional ficará estável.

Confira o que o mercado espera para a economia brasileira, segundo a Bloomberg:

Bloomberg - Economia brasileira

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.