Em meio a ânimos acirrados, a polarização política pode ser positiva para o Brasil?

Na opinião do cientista político Carlos Pereira, a polarização pode sim ser positiva, podendo gerar ruptura; segundo Flávio Rocha, CEO da Riachuelo, atual momento político trouxe lógica de acirrar conflitos

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O CEO (Chief Executive Officer) da Riachuelo, Flávio Rocha, é um dos empresários que mais vem defendendo abertamente o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff e está otimista com o próximo ciclo da economia brasileira. 

Isso porque, segundo ele, o Brasil sairá do período da lógica da “dominação estatizante” e irá para a lógica da empresa privada, que tem maior sucesso em solucionar conflitos, afirmou ele em evento realizado pelo Instituto Millenium, nesta terça-feira, em São Paulo. “Esse momento político trouxe a lógica de acirrar conflitos, de jogar gasolina em qualquer faísca. A lógica é de quanto mais esticadas estiverem as cordas, mais fácil fica justificar a existência do grande mediador, o Estado”, afirmou.

Assim, declarou que, enquanto o atual governo é “uma usina de criar conflitos, o setor privado é uma usina de soluções”. De acordo com Rocha, a sociedade deve ver o estado como um prestador de serviços como outro qualquer, exigindo assim transparência e eficiência. 

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Ele ressaltou ainda que a crise política é consequência de uma crise anterior. “Como exigir do congresso se não há consenso no Planalto? Na falta de um propósito de projeto, acaba prevalecendo o plano menor do interesse”. Rocha ressalta que o eleitor tem força máxima de criar mudança e que a Argentina tem que ser olhada com atenção pelo “poder transformador para os próximos passos da política”.

Escolhas erradas
Sobre a crise política, o professor de ciência política da FGV (Fundação Getulio Vargas) Carlos Pereira, afirmou no mesmo evento que o governo petista nunca entendeu como governar com o sistema do Brasil. 

Ele aponta que, no sistema brasileiro, o presidente tem três escolhas no governo: o número de partidos na coalizão, a diferença de programas (se há homegeneidade ou heterogeneidade) e como ocorre o compartilhamento do poder, levando em consideração o peso político dos partidos. 

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“Na minha teoria quanto maior a coalizão, quanto mais distintos forem os partidos e quanto mais poder concentrado mais difícil e mais custoso será governar. Assim, maior será a necessidade de criar moedas heterodoxas. Esta foi a origem do mensalão e depois do esquema de corrupção na Lava Jato”, afirma Pereira. 

Para Pereira, o ambiente de polarização é muito positivo, sem que haja violência. “A história do Brasil é  de acordo com elites para evitar ruptura. A polarização pode gerar ruptura por ser a afirmação de algo novo. Vislumbro sim a possibilidade real de desenvolvimento de uma sociedade vigilante ante o comportamento oportunista. Vislumbro também um governo de transição de Michel Temer, que deve aproveitar oportunidades. Porém, o governo eleito de 2018 terá condições de ter uma agenda mais ambiciosa de reformas”, afirma. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.