Em despedida, Suplicy responsabiliza PT por derrota e pede “reflexão profunda”

Senador que não conseguiu ser eleito em São Paulo disse que o PT deve fazer uma reflexão profunda para conhecer melhor a razão das dificuldades enfrentadas pelo partido em São Paulo

Lara Rizério

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Em pronunciamento nesta quarta-feira (17), o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) despediu-se do Senado, após exercer três mandatos consecutivos na Casa, num total de 24 anos. Em discurso emocionado, Suplicy disse que atuou sempre em defesa de um país mais justo, defendendo avanços na saúde e na educação, além de projetos como a Renda Básica da Cidadania. O senador disputou a reeleição no pleito de outubro deste ano, mas foi derrotado por José Serra (PSDB). 

Suplicy aproveitou para dizer que o PT deve fazer uma reflexão profunda para conhecer melhor a razão das dificuldades enfrentadas pelo partido em São Paulo. Ele também cobrou medidas para “corrigir e não insistir nos tropeços que macularam a imagem” do partido, do qual é um dos fundadores.

Ele afirmou que o PT viveu um tsunami que reduziu a votação da sigla no estado. “Todos nós do PT devemos fazer uma reflexão de profundidade, especialmente em São Paulo, para conhecermos as melhores razões pelas quais encontramos tantos obstáculos. É necessário refletir sobre os erros cometidos para que venhamos a tomar medidas necessárias para prevenir, corrigir e não incidir mais nos tropeços que macularam a nossa imagem”, afirmou. 

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Contudo, ele ressaltou que “a alegria que senti pela vitória da presidente Dilma, sobretudo pela votação  nos Estados do Norte e do Nordeste, Minas e outros me recompensou pela tristeza de não ter sido eleito”. 

O senador lembrou que, ao longo dos muitos anos de Casa, lutou pela implementação de instrumentos de política econômica e social que favorecessem o principio de justiça, com a distribuição de oportunidade a todos e a redução da pobreza.

Suplicy defendeu as melhorias sociais implementadas pelo governo nos últimos anos e relatou sua luta em favor de mais recursos para o Sistema Único de Saúde (SUS); da reforma agrária; e da implantação do Programa Renda Básica de Cidadania, um dos principais projetos de sua autoria, a ser adotado de forma gradual pelo governo até atingir toda a sociedade brasileira, a começar pelos mais pobres, de acordo com a Lei 10.835/2004.

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Homenagens

Em apartes, diversos senadores saudaram Suplicy. Pedro Simon (PMDB-RS), que também deixa o Senado este ano, disse que Suplicy é uma unanimidade na vida pública, na dignidade, seriedade, integridade, firmeza e garra.

— É das pessoas mais corretas, mais serias e mais puras que conheci. Suas ideias ficarão, foi o grande nome do PT, o primeiro e único — afirmou.

Aécio Neves (PSDB-MG) manifestou respeito por Suplicy. Para ele, o representante de São Paulo foi um “homem vinculado a boas causas, generoso e determinado na realização de seus sonhos”. O senador pelo PSDB ressaltou que Suplicy termina seu mandato “com o mesmo vigor, determinação e gesto sempre juvenil, acreditando que é possível militar na política sem abrir mão de nossas convicções e princípios”.

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— Faz bem à política brasileira, é um homem do diálogo, do bom convívio e pronto para o bom combate — afirmou.

Jorge Viana (PT-AC) disse que Suplicy “honrou, honra e honrará sempre o Senado federal, o PT e a bancada do partido na Casa”.

— É sinônimo da política que buscamos exercitar pela maneira ética, por princípios que impôs e que estão tão escassos na política brasileira. O Senado perde muito, o PT perde muito, a bancada perde muito mais com a sua ausência — afirmou.

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Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que Suplicy é um homem que inspirou gerações ontem, hoje e no futuro, um homem de fato republicano. Por sua vez, Inácio Arruda (PCdoB-CE) destacou que Suplicy teve participação ativa em todas as comissões e debates sobre os mais diversos temas no Legislativo.

Coerência

Ex-mulher de Suplicy, Marta Suplicy acrescentou que ele honrou o estado de São Paulo e seus eleitores em todos os momentos, atendendo as reivindicações de humildes e poderosos da mesma forma. Disse ainda que Suplicy sempre foi determinado na busca de seus ideais de vida, o que o caracterizou como um parlamentar extremamente coerente, determinado e competente.

Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que revelou ser ex-eleitor de Suplicy, apontou um “substrato comum entre os dois, na mesma visão de democracia, de correção na vida pública e na necessidade de melhoria das condições sociais do povo brasileiro, sempre dentro da liberdade”.

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Casildo Maldaner (PMDB-SC), outro que está deixando o Senado, exortou Suplicy a continuar sua caminhada. Ele disse que o petista é uma “espécie de franciscano pela palavra, pelo jeito, pelas teses e pela sua pregação”.

Lídice da Mata (PSB-BA) disse que Suplicy tem compromisso com a igualdade e que ele se notabilizou perante a nação em razão de sua atuação histórica como senador do PT.

O líder do PT, Humberto Costa (PT-PE) disse que Suplicy é uma “reserva moral e política do PT”, que tem como qualidades “a competência, o preparo, a honestidade e a humildade”.

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Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que Suplicy sempre honrou a política e que ele foi uma importante referência de muitos quadros do PT, que o tinham como “aquele que falava em nome das causas populares”.

Primeiro senador eleito da história do Partido dos Trabalhadores, Suplicy conquistou, ao se eleger para o segundo mandato (1999-2007), a maior votação para o cargo no país e a segunda maior da história de São Paulo, com 6.718.463 votos (43.07% dos votos válidos). Na terceira candidatura ao Senado, para o mandato atual (2007-2015), obteve 8.986.803 votos, 47,82% dos votos válidos. Ele se candidatou novamente ao Senado neste ano, mas foi derrotado por José Serra (PSDB).

(Com Agência Senado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.