Em café, Dilma defende reformas e “admite” o maior erro do governo nos últimos anos

Presidente afirmou que "o maior erro foi não ter visto que a crise era tão grande em 2014"; além disso, ela alfinetou a oposição, "que tem que ter o mínimo de compromisso com o País"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A presidente Dilma Rousseff participou nesta quinta-feira (7) do primeiro café com jornalistas do ano de 2016 e tratou de diversos temas: dentre eles, a defesa da reforma da previdência e da volta da CPMF, além de alfinetar a oposição e “admitir”, mas sem grande mea-culpa, o maior erro do governo nos últimos anos. Após o café, Dilma foi para a Porto Alegre, onde nasceu hoje cedo seu segundo neto, Guilherme.

 Confira abaixo os principais pontos do café da manhã:

Erros do governo
Quando perguntada sobre os erros que o governo cometeu nos últimos anos, Dilma afirmou que o maior deles foi não ter percebido o tamanho da crise que atingiria o Brasil em 2015. “O maior erro foi não ter visto que a crise era tão grande em 2014, não ter visto o tamanho da desaceleração em decorrência de problemas internos e externos”.

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Entre os exemplos, ela citou a desaceleração chinesa e a maior seca das últimas décadas no Brasil. Segundo a presidente, “qualquer atividade é passível de erro” e agora cabe ao governo apresentar medidas para contorná-los. Para contornar a situação, Dilma afirmou que uma das ideias que o governo está estudando é criar uma espécie de “Casa do Governo” em cada Estado, que reunirão os diversos órgãos da administração federal em um único local. Isso diminuiria a  despesa com aluguéis de imóveis, por exemplo.

Reforma da previdência
A presidente disse ainda que o Brasil vai ter que “encarar” a reforma da Previdência Social. Segundo ela, a população brasileira está envelhecendo, e a expectativa de vida do brasileiro aumentou nos últimos anos em torno de 4,6 anos.

“Vamos ter que encarar a reforma da Previdência. Não é possível que a idade média de aposentadoria no Brasil seja 55 anos. Para a mulher, um pouco menos. Não é possível por uma questão quantitativa. Vai ter menos gente trabalhando no futuro para sustentar mais gente sem trabalhar: os mais velhos que vão ter uma longevidade maior e os mais novos, que estão nascendo”, afirmou Dilma, em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.

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Segundo ela há várias formas de lidar com a questão da Previdência. “Os países desenvolvidos buscaram aumentar a idade mínima de acesso à aposentadoria. Tem outro caminho que é o 85/95 móvel, progressivo, que resultará na mesma convergência. Em todos os dois casos, uma coisa vai ter de ser considerada: não se pode achar que se afetam direitos adquiridos.” Dilma destacou que a estabilidade e a segurança jurídica preveem que os direitos já adquiridos devem ser preservados.

As novas regras para o cálculo da aposentadoria, sancionadas em novembro, levam em consideração a soma da idade e o tempo de contribuição do segurado, a chamada regra 85/95 progressiva. Alcançados os pontos necessários, o trabalhador irá receber o benefício integral, e não haverá a aplicação do fator previdenciário.

Perguntada se haverá viabilidade política para que uma reforma da Previdência seja aprovada no Congresso em ano eleitoral, Dilma afirmou que “a oposição no Brasil tem de ter um mínimo de compromisso com o país”.

“Se os partidos políticos de oposição não tiverem um mínimo de compromisso com o país, eu acho que a sociedade brasileira tem maturidade suficiente também para desfazer a crítica porque estariam tendo um comportamento que coloca seus interesses eleitorais na frente dos interesses do país. É responsabilidade do governo em propor. Mas a responsabilidade também é da oposição em encaminhar de um jeito do quanto pior melhor, que tem sido a característica no último ano, ou ter uma atitude construtiva com o país”, disse.

Equilíbrio fiscal 
Ela ainda afirmou que o equilíbrio fiscal é essencial para reduzir a inflação. O objetivo do governo é trazer a inflação “o mais rápido possível” para o centro da meta de 4,5%. “Com o equilíbrio fiscal, é possível garantir o superávit de 0,5% [do Produto Interno Bruto (PIB)] e criar condições para trazer a inflação para o centro da meta”. O superávit primário é a economia feita pelo governo para pagar os juros da dívida pública.

Dilma afirmou que questões de política interna, como a aprovação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e a prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU), são mais importantes que a discussão sobre o impeachment aberto contra ela na Câmara dos Deputados. “O Brasil não pode parar [por causa do processo]”. “Não é questão só de reequilíbrio fiscal, mas também é questão de saúde pública. Aprovar a CPMF pode ajudar a resolver o problema da saúde pública no país”, afirmou.

Dilma afirmou que é preciso desmentir “um mito”: de que a carga tributária no país vem crescendo. “Pelo contrário, está em 33,4%. Considerando só os impostos federais, cai para 22% e se desse valor for retirado o que vai para Previdência, Sistema S e FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço], o montante vai ao que era a carga tributária em 2002”. A presidente espera que este ano seja melhor que 2015 e destacou que vai se esforçar para retomar o crescimento e garantir a estabilidade econômica.

(Com Agência Brasil e Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.