Eles não gostam mais de nós: investidores estrangeiros fogem do Brasil

Noticiário político do País é muito movimentado e interfere na economia, dizem economistas de grandes bancos internacionais

Fernando Ladeira

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SÃO PAULO – O ano de 2012 tem sido marcado pela volta dos investidores estrangeiros para a bolsa brasileira – até dados da semana passada, a participação de estrangeiros em termos de volume na bolsa alcançou 40,3% em maio, o maior nível desde o início da crise financeira em 2008. Mas esse movimento pode estar para acabar: por conta dos diversos eventos recentes no País, a percepção de economistas é de que eles não gostam mais do Brasil.

“O Brasil está muito barulhento. Não é mais um player econômico. Agora tudo acaba sendo política, e nós não gostamos disso”, disse Daniel Cunha, membro da equipe de análise da XP Investimentos, após conversa com economistas de grandes bancos internacionais durante Seminário Anual de Metas para Inflação, promovido pelo Banco Central na semana passada.

De fato, essa discussão vem ganhando força recentemente, com diversas sinalizações de que os estrangeiros se sentem desconfortáveis sobre como a política no Brasil está interferindo na economia. Segundo Cunha, o fluxo dos estrangeiros é vendedor tanto na bolsa quanto nos juros.

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“Bull market in politics”
Na semana passada, Luis Stuhlberger, gestor do Fundo Verde, do Credit Suisse Hedhing-Griffo, alertou que o Brasil vive um “bull market in politics”, o que pode ser definido por um momento no qual o Estado interfere de modo mais consistente na economia.

Basta lembrar as saídas de Roger Agnelli e José Gabrielli do comando das duas maiores empresas da BM&FBovespa – Vale (VALE3, VALE5) e Petrobras (PETR3, PETR4) – para nos recordar como a política pode interferir diretamente nas companhias e, consequentemente, em suas ações.

Mas as atuações do Governo vão muito além. Diante de críticas ao tsunami monetário, o ministro da Fazenda Guido Mantega atuou diversas vezes para desvalorizar a moeda brasileira – o dólar chegou a ultrapassar a marca dos R$ 2,00 na última segunda-feira -, de modo a incentivar a indústria brasileira.

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Isso sem contar a recente guerra travada entre Governo e os bancos públicos, de modo a reduzir o spread bancário (fato que tem penalizado os bancos na bolsa). Por outro lado, há também notícias que aumentam o “barulho” no país, mas que impulsionam as ações.

O anúncio de que o Governo estuda medidas para apoiar o setor siderúrgico, assim como benefícios fiscais a alguns setores da economia se juntam ao coro e aumentam ainda mais o barulho, apesar de ter levado a altas nas ações das companhias destes setores nos pregões seguintes.

A última atuação política na economia de grande impacto foi a alteração nas regras da poupança – após mais de 20 anos sem mudanças -, de modo que os grandes investidores não deixem de comprar títulos públicos – o que dificultaria a rolagem da dívida – para migrar à poupança. 

Interferências são negativas
“A evidência histórica mostra que os mercados acionários passam por quedas estruturais dos múltiplos em períodos de bull market in politics, e essa é uma das razões por que mantemos uma posição menor neste mercado”, explicou o gestor do Fundo Verde em carta mensal do fundo.

Aliás, o próprio Morgan Stanley já havia ocupado as manchetes na semana passada ao cortar a exposição ao Brasil para underweight, já que a economia, até o momento, não conseguiu mostrar uma sólida recuperação.

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