Eleitores vão às urnas e decidem futuro político de França e Grécia

Eleições na 2ª maior economia da Zona do Euro e no país em pior situação econômica do bloco concentram atenções do mercado

Marcel Teixeira

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SÃO PAULO – Em meio ao momento econômico conturbado europeu, com a crise que paira sobre a Zona do Euro, as atenções estão voltadas para o front político do Velho Continente no próximo domingo (6), com destaque para os processos eleitorais que acontecerão na França e Grécia. Os eleitores de Alemanha e Itália também vão às urnas neste final de semana.

Na França, a disputa ocorre entre o atual presidente, Nicolas Sarkozy, de centro-direita e o candidato socialista, François Hollande, que encontra-se em vantagem na corrida eleitoral segundo as últimas sondagens de intenção de voto no país.

“De um lado, a reeleição de Sarkozy representaria a continuidade dos processos atuais, com questões como austeridade fiscal e corte de gastos públicos. De outro, um candidato que pretende estimular a economia, mas que critica o controle fiscal adotado e também conta com propostas que causam controvérsias, como o aumento de impostos para os mais ricos”, afirma o analista internacional do Banco Cruzeiro do Sul, Jason Vieira.

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Já na Grécia, o panorama eleitoral é um pouco mais complexo, com uma maior fragmentação política e “maior possibilidade de mudança institucional por conta das pressões internas”, avalia Osvaldo Coggiola, economista e professor titular de História Contemporânea da USP.

Entre os 32 partidos concorrentes, pelo menos dez deles apresentam condições de garantir representação parlamentar. O PASOK (Movimento Socialista Pan-Helênico) e o ND (Nova Democracia), que dirigem o país desde novembro de 2011 em uma coligação inédita, veem as intenções de votos para outros partidos como o neonazista Aurora Dourada, a Syriza (coligação de esquerda radical), o KKE (Partido Comunista Grego) e o Dimar (Esquerda Democrática), que juntos têm cerca de 33% da preferência do eleitorado.

Situação delicada na França
Apesar de praticamente definidas, as eleições francesas são as que causam maior apreensão, principalmente por conta da representatividade da economia do país para a Europa. Apesar disso, o candidato da oposição afirma que não tomará medidas extremas como a nacionalização de setores importantes da economia, como as realizadas por François Mitterrand, único membro de esquerda e do Partido Socialista a presidir o país após a II Guerra Mundial.

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Segundo Coggiola, Sarkozy esgotou sua força política e o grande empresariado deve apoiar a oposição, a qual não deve se afastar muito das políticas colocadas em prática. “Hollande seria um governo com apoio popular importante e relativamente forte, ao contrário do atual”.

Como contraponto, Hollande critica muitas medidas impopulares impostas por Sarkozy, com apoio alemão, para ajudar a sanar os problemas econômicos franceses. Apesar disso, Evaldo Alves, professor de Economia Internacional da FGV, também acredita que o discurso de Hollande seja eleitoral e que “uma ruptura em um momento tão delicado economicamente esteja descartada”.

A equipe de análise do Citigroup acredita que o caso mais provável, com a derrota de Sarkozy, seja negativo no primeiro momento, devido às incertezas do mercado as reformas fiscais no país e o progresso das medidas já adotadas. Entretanto avalia que a Zona do Euro necessite de crescimento aliado às medidas de austeridade. “Maior oposição à agressiva austeridade fiscal e apelo por maior envolvimento do BCE (Banco Central Europeu) pode ser positivo”.

Futuro grego nas mãos do parlamento
A Grécia encontra-se em uma crise econômica enquadrada entre uma das piores, senão a pior, da Zona do Euro. A taxa de desemprego é altíssima, chegando próxima da marca de 22%, enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) marcou um recuo de 15% nos últimos quatro anos.

Neste cenário, as pressões internas são ainda maiores. Por conta disso, o líder do partido socialista grego, Evangelos Venizelos, afirmou que, se ganhar as próximas eleições, não irá impor novos impostos à população e que vai reduzir, de forma gradual, as taxas implantadas neste momento de crise.

Vieira acredita que no caso grego, a questão mais complicada se refere ao futuro das aprovações das novas medidas necessárias para garantir o socorro financeiro ao país, uma vez que “o que tinha que ser feito neste momento na Grécia, já foi feito”. Para ele, as atenções devem estar voltadas para se as novas coligações a serem formadas, que darão sustentação ao novo governo além do curto prazo.

Para o Citi, o ND e o PASOK irão ganhar de forma confortável a maioria no parlamento, o que pode assegurar que o pacote de medidas de austeridade grego permanecerá intacto por enquanto. Entretanto, caso não consigam essa maioria, seria algo negativo para o país e região, com impasses no parlamento resultando em tentativas seguidas de renegociações sobre as medidas a serem adotadas.

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