Eleições fazem CNBC levantar pergunta: as mudanças estão prestes a acontecer no Brasil?

Portal norte-americano destaca que consenso ainda aponta para reeleição de Dilma Rousseff, mas insatisfação dos brasileiros pode ser um anúncio de uma mudança no País

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Durante um mês, os olhos do mundo se voltarão para o Brasil por conta da Copa do Mundo. Porém, nem por isso a política fica de fora, principalmente por conta das eleições de outubro. Em reportagem chamada “Is change about to sweep Brazil?” (algo como Uma mudança está prestes a ‘varrer’, ou ‘mudar’ o Brasil?) publicada na noite da última terça-feira (24), o portal norte-americano CNBC destacou o cenário econômico brasileiro e a crescente insatisfação dos brasileiros com o governo, o que pode ser o anúncio de uma mudança. 

Como destaca o estrategista para a América Latina do Nomura, Tony Volpon, o consenso ainda é de que Dilma Rousseff se reelegerá, mas o cenário está ficando cada vez mais desfavorável para a atual presidente. A última pesquisa Ibope, por exemplo, mostrou que a aprovação do governo está em apenas 31%. O estrategista ressaltou que as políticas adotadas têm causado um dano real para alguns setores da economia, citando as intervenções no setor de petróleo e gás, com o controle dos preços de gasolina praticados no mercado e o de eletricidade, num esforço para controlar a inflação.

A reportagem cita ainda o baixo crescimento econômico brasileiro, com o País tendo uma expansão do PIB (Produto Interno Bruto) de 2,3% no ano passado ante 7,5% em 2010, destacando o estudo do NBER de que o País precisaria ter um crescimento médio de 4,2% por ano até 2030 para levar metade da população pobre para a classe média.

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Enquanto isso, os índices de confiança dos investidores caíram aos mesmos níveis da crise financeira de 2008-2009, o que mostra o repúdio do mercado às políticas governamentais. E há outro fator para fazer com que os investidores fiquem nervosos: em março, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou a nota de crédito do Brasil para BBB-, uma nota acima do grau considerado “junk”. Já a Moody’s tem a classificação Baa2 e a Fitch, BBB. 

Volpon reforça que o principal candidato da oposição, Aécio Neves (PSDB), tornou bastante claro que irá reverter a política “anti-mercado” de Dilma. “Então, se houver uma vitória da oposição, a confiança dos investidores será restabelecida e haverá um grande impulso real em termos de crescimento.”

Em nota na última segunda-feira, o Citi ressaltou que, se um dos candidatos de oposição, que apresentam políticas mais favoráveis aos investidores, ganharem a presidência – que tem tudo para ser bem disputada – o rali do mercado pode se prolongar ainda mais. No caso oposto, uma queda é provável. Porém, pondera a reportagem, não está claro que uma vitória da oposição traga necessariamente um alívio para os investidores e para a economia neste ano, uma vez que espera-se um ajuste fiscal e monetária duro mais à frente.

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Além disso, postergar para depois das eleições as reformas levarão a um pedágio sobre a economia. Com isso, diversas instituições cortaram as projeções para a economia brasileira, o que indica: a insatisfação do eleitorado pode aumentar ainda mais. 


Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.