Eleições 2020: veja um resumo da disputa pela prefeitura nas 10 principais capitais

Seis capitais podem definir seus prefeitos já no primeiro turno: Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Natal e Salvador

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – No próximo domingo (15), eleitores de 5.570 municípios brasileiros irão as urnas para definir prefeitos e vereadores para os próximos quatro anos.

Em 95 municípios com mais de 200 mil eleitores, caso nenhum dos candidatos ao Poder Executivo conquiste a maioria absoluta dos votos, haverá segundo turno duas semanas depois.

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Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 51 destes municípios estão em estados da região Sudeste (54%), sendo 28 em São Paulo (29%). Em 12 estados, apenas a capital supera os 200 mil eleitores.

Entre as capitais, apenas Palmas (TO) não se enquadra nos critérios que permitem uma nova votação entre os dois candidatos mais bem posicionados no primeiro turno (desde que nenhum deles supere a marca de 50% mais um dos votos válidos).

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Com base nas pesquisas eleitorais recentes, há uma possibilidade que seis capitais definam seus prefeitos sem necessidade de segundo turno: Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Natal (RN) e Salvador (BA).

Em cinco dos casos, os favoritos são candidatos à reeleição, em um pleito que tem indicado tendência de continuísmo e menos espaço para os chamados outsiders. A situação de Salvador é a exceção da lista, com a liderança ocupada pelo nome apoiado pelo atual prefeito.

Confira um resumo do cenário nas dez maiores capitais em eleitores:

SÃO PAULO (SP)
População estimada: 12.325.232 habitantes
Eleitorado: 8.986.687 eleitores

O atual prefeito Burno Covas (PSDB) construiu um amplo arco de alianças em sua busca pela reeleição, contando com apoio de MDB, PP, Podemos, PSC, PL, Cidadania, DEM, PTC, PV e PROS.

Há treze candidatos na disputa (depois da desistência de Fernando Sabará, do Novo) e o tucano lidera com boa vantagem.

A segunda posição hoje é dividida pelo deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) ‒ nome conhecido entre os paulistanos mas que perdeu terreno ao longo da campanha ‒, o líder dos sem-teto Guilherme Boulos (PSOL) e o ex-governador Márcio França (PSB).

A expectativa de analistas é que haja segundo turno na maior cidade do país e Bruno Covas hoje é considerado favorito na disputa.

O pleito é considerado o mais nacionalizado nessas eleições, sendo palco de uma disputa entre o atual governador João Doria (PSDB), possível candidato à presidência em 2022, e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que declarou apoio a Russomanno.

A manutenção do controle sobre a capital paulista é vista como fundamental para os tucanos e para o plano de protagonismo na corrida presidencial daqui a dois anos.

RIO DE JANEIRO (RJ)
População estimada: 6.747.815 habitantes
Eleitorado: 4.851.887 eleitores

O prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) formou uma coligação com outras sete siglas (Podemos, PTC, PMN, PRTB, PP, Patriota e SD) e tenta driblar um dos maiores índices de rejeição entre os candidatos às prefeituras nas capitais (57%) para se reeleger.

Assim como Celso Russomanno em São Paulo, ele conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro, mas tem enfrentado dificuldades para crescer em uma disputa que envolve outros 13 candidatos.

A corrida é liderada pelo ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), que conta com o apoio de PL, Cidadania, DC, PV, Avante e PSDB. De acordo com as pesquisas mais recentes, há uma briga pela segunda vaga para o segundo turno.

Embora onze candidatos pontuem nos levantamentos, a disputa é protagonizada por Crivella, combalido por uma avaliação majoritariamente negativo de sua gestão, e a deputada estadual Martha Rocha (PDT).

Ex-chefe da Polícia Civil na gestão Sérgio Cabral e com o nome “delegada” na urna, ela representa uma tentativa de aproximação dos pedetistas do setor de segurança pública.

Corre por fora nessa disputa por uma vaga no segundo turno a deputada federal Benedita da Silva (PT).

O pleito no Rio de Janeiro tem um significado especial para Bolsonaro, já que se trata de seu estado eleitoral. Uma eventual derrota de Crivella fatalmente respingaria sobre o presidente, o que também traz traços nacionais para esta disputa.

BELO HORIZONTE (MG)
População estimada: 2.521.564 habitantes
Eleitorado: 1.943.184 eleitores

De outsider no último pleito, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) passou a ser conhecido como um articulador político habilidoso. Em sua candidatura à reeleição, formou uma rede de apoio envolvendo outros sete partidos: MDB, DC, PP, PV, Rede, Avante e PDT.

O candidato pessedista tem ampla vantagem sobre seus adversários, podendo, segundo as pesquisas mais recentes, vencer já em primeiro turno. Nenhum de seus 14 adversários aparece com dois dígitos nos levantamentos.

Os mais bem posicionados para uma improvável disputa em segundo turno são João Vitor Xavier (Cidadania), a deputada federal Áurea Carolina (PSOL) e Bruno Engler (PRTB). O último tenta surpreender na disputa, contando com o apoio de Bolsonaro, mas até agora não deslanchou.

SALVADOR (BA)
População estimada: 2.886.698 habitantes
Eleitorado: 1.897.098 eleitores

O prefeito ACM Neto tenta transferir a boa avaliação de sua gestão junto a parcela importante do eleitorado para eleger seu vice, Bruno Reis (DEM), na capital baiana. Oito candidatos têm a missão de interromper a hegemonia democrata no município.

De acordo com as pesquisas, os nomes mais bem posicionados são do deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante), a policial militar Major Denice (PT) e a deputada estadual Olívia Santana (PC do B).

A candidatura de Bruno Reis conta com o apoio de outros 14 partidos: PDT, Republicanos, MDB, SD, Cidadania, PL, PSL, PSC, Patriota, PSDB, PV, DC, PMN e PTB.

A aproximação dos pedetistas, inclusive, foi interpretado nacionalmente como um gesto de boa vontade e uma porta aberta para possível aproximação das siglas na corrida presidencial. Em 2018, parlamentares do DEM chegaram a discutir a possibilidade de apoio a Ciro Gomes, movimento que não prosperou, mas que pode ser tentado mais uma vez.

FORTALEZA (CE)
População estimada: 2.686.612 habitantes
Eleitorado: 1.821.382 eleitores

O candidato de direita Capitão Wagner (Pros) tenta fazer história na capital cearense e derrotar os nomes apoiados pelo ex-governador Ciro Gomes e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: o deputado estadual José Sarto (PDT) e a deputada federal Luizianne Lins (PT).

Apoiado por Bolsonaro, o policial militar tenta evitar associação ao presidente em um dos municípios em que os índices de aprovação do governo federal são mais baixos, e prefere a imagem de Capitão América, o super-herói da Marvel que embala sua campanha.

Em meio à disputa entre um nome apoiado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes e outra candidatura petista, o hoje deputado federal Capitão Wagner tenta ir pela segunda vez ao segundo turno em uma coalizão com outras oito siglas: Republicanos, Podemos, PSC, PMB, PMN, PTC, DC e Avante.

A trajetória do parlamentar foi construída com a liderança em greves policiais no estado entre 2011 e 2012 ‒ mas ele nega envolvimento na articulação do motim deste ano.

Dos movimentos no começo da década para cá, foi eleito vereador, deputado estadual e federal. Em 2016, chegou ao segundo turno na corrida pela prefeitura, mas foi derrotado pelo então candidato à reeleição Roberto Cláudio (PDT).

Desde então, tem tentado levantar bandeiras para além da segurança pública e de pautas tradicionais do conservadorismo, englobando direitos humanos e demandas do público com deficiência.

As pesquisas eleitorais, no entanto, colocam José Sarto como o favorito nas simulações de segundo turno contra qualquer um dos dois adversários. O pedetista apresenta índices de rejeição muito mais baixo do que de seus principais adversários.

Do ponto de vista nacional, a disputa em Fortaleza mostra obstáculos à tentativa de reaproximação entre Ciro Gomes e Lula, com vistas para 2022. Para alguns observadores, o fato de os petistas terem insistido em candidatura própria mesmo sem coligação pode indicar indisposição em participar de composições como coadjuvante.

CURITIBA (PR)
População estimada: 1.948.626 habitantes
Eleitorado: 1.349.888 eleitores

O atual prefeito Rafael Greca (DEM) construiu um arco de alianças com outras nove siglas (PSD, PP, PSB, PTB, PSC, PMN, PRTB, Cidadania e Republicanos) para tentar à reeleição.

As pesquisas eleitorais dão ampla vantagem ao democrata e indicam que nenhum de seus 14 adversários consegue atingir dois dígitos de intenções de voto. Há possibilidade de vitória em primeiro turno.

Segundo colocado na corrida, o deputado estadual Fernando Francischini (PSL) tem o mais elevado índice de rejeição entre os candidatos e tem intensificado a ofensiva sobre o atual prefeito para reagir na disputa.

MANAUS (AM)
População estimada: 2.219.580 habitantes
Eleitorado: 1.331.613 eleitores

Governador por quatro mandatos, Amazonino Mendes (Podemos) lidera com boa vantagem a corrida pela prefeitura de Manaus em uma chapa com outros três partidos: PSL, Cidadania e MDB.

Há outros dez postulantes ao cargo, sendo os principais deles David Almeida (Avante), Ricardo Nicolau (PSD), Capitão Alberto Neto (Republicanos) e Zé Ricardo (PT).

Apoiado pelo prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB), o ex-ministro Alfredo Nascimento (PL) patina nas pesquisas e aparece atrás do pelotão de candidaturas.

Embora seja a segunda capital em que Bolsonaro tem mais avaliações positivas, candidatos que se associam à imagem do presidente não conseguiram decolar até o momento. Coronel Menezes, que tem apoio explícito do mandatário não chegou aos dois dígitos.

RECIFE (PE)
População estimada: 1.653.461 habitantes
Eleitorado: 1.157.324 eleitores

Os descendentes do ex-governador Miguel Arraes ocupam posições de destaque na disputa pela prefeitura do Recife ‒ uma das mais acirradas destas eleições municipais.

O deputado federal João Campos (PSB), filho de Eduardo Campos, lidera amparado por uma rede de apoio de 11 partidos (PDT, MDB, Rede, PCdoB, SD, PROS, PV, Avante, Republicanos, PP e PSD) e o endosso do atual prefeito Geraldo Júlio (PSB), que não pode concorrer à reeleição.

Logo na sequência, aparece a também deputada federal Marília Arraes (PT), prima de João Campos. Além da disputa familiar, a corrida eleitoral deste ano mostra que não se repetiu a composição observada nas eleições para o governo do estado, em 2018, quando a parlamentar petista teve que deixar de se candidatar para o partido apoiar a reeleição de Paulo Câmara (PSB).

Na sequência, aparece Mendonça Filho (DEM), que no início da campanha buscou uma aproximação com a imagem do presidente Jair Bolsonaro.

O ex-ministro da Educação do governo Michel Temer (MDB) formou uma coligação com outros três partidos (PSDB, PTB e PL) e é apoiado formalmente pelo senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

Mesmo assim, Mendonça Filho foi surpreendido com a decisão de Bolsonaro em apoiar a candidata Delegada Patrícia (Podemos). Os dois estão tecnicamente empatados na disputa em mais um exemplo de dificuldades de candidatos alinhados ao presidente.

Há, portanto, quatro candidatos disputando duas vagas para o segundo turno. Outros seis postulantes apresentam baixas pontuações nas pesquisas.

PORTO ALEGRE (RS)
População estimada: 1.488.252 habitantes
Eleitorado: 1.082.726 eleitores

Vice na chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT) na corrida presidencial de 2018, a ex-deputada Manuela D’Ávila (PC do B) lidera a disputa pela capital gaúcha em uma composição com o ex-ministro Miguel Rossetto (PT) na vice.

O movimento representa importante aproximação entre os aliados históricos PT e PC do B, em uma eleição municipal em que os petistas buscaram fugir do papel de coadjuvantes.

Manuela D’Ávila tem como principais adversários o atual prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB), que busca a reeleição, o ex-prefeito José Fortunati (PTB) e o deputado estadual Sebastião Melo (MDB), que foi vice de Fortunati.

As pesquisas mais recentes indicam chances altas de haver segundo turno entre a candidata do PC do B e um dos três adversários. Neste caso, as simulações indicam a disputa mais acirrada com Fortunati e a vantagem mais larga sobre o atual prefeito.

Dois candidatos tentam explorar ligação com Bolsonaro ‒ Gustavo Paim (PP) e Valter Nagelstein (PSD) ‒, mas ambos apresentam pontuação abaixo de 5% nos últimos levantamentos. Em Porto Alegre, apenas 26% dos eleitores avaliam positivamente o presidente.

BELÉM (PA)
População estimada: 1.499.641 habitantes
Eleitorado: 1.009.731 eleitores

O deputado federal Edmilson Rodrigues (PSOL) lidera com boa margem a corrida pela capital paraense. Ex-prefeito, conseguiu construir uma coligação com outros cinco partidos (PT, Rede, UP, PCdoB e PDT) em uma ampla e rara composição da esquerda nestas eleições municipais.

O principal adversário do socialista é o também deputado federal José Priante (MDB), que conta com outros seis partidos em sua coligação (PSC, PTB, PSL, Podemos, PL e DC) e o endosso do atual governador Helder Barbalho (MDB).

Correm em outro pelotão Thiago Araújo (Cidadania) ‒ candidato apoiado pelo atual prefeito Zenaldo Coutinho (PSDB), que tem apenas um dígito de avaliações positivas nas pesquisas ‒ e dois bolsonaristas: Delegado Federal Eguchi (Patriota) e Vavá Martins (Republicanos).

Raio-X

O quadro a seguir mostra uma fotografia completa da disputa nas capitais, com os quatro candidatos mais bem posicionados em cada município, segundo as mais recentes pesquisas divulgadas:


* Palmas é a única capital em que não há possibilidade de segundo turno

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.